Em evidência nos últimos meses, os militares das Forças Armadas têm sido confrontados com diversos questionamentos e um deles, recorrente, se refere à suposta dificuldade que os comandantes da Marinha do Brasil, Exército Brasileiro e Força Aérea teriam para se submeter a políticos que tenham no passado sido condenados pela justiça.

De fato, levantamento feito pelo site Congresso em Foco há cerca de 3 anos apontava que cerca de 1/3 dos deputados era investigado. “Dos 513 integrantes da Câmara, pelo menos 178 respondem na Justiça a inquéritos (procedimentos que podem resultar em processos) ou ações penais (processos que podem acabar em condenação). O PP, o PT e o PSDB são os partidos com mais deputados com pendências criminais”, disse a reportagem, assinada por Edson Sardinha.
Hoje as Forças Armadas, que reconquistaram o status de ator político com grande protagonismo, são confrontadas – com maior frequência em redes sociais – praticamente todos os dias com essa questão, principalmente por conta da reviravolta na situação do atual presidente da república, que há apenas 3 anos se encontrava preso na detenção da Polícia Federal em Curitiba. As decisões condenatórias contra Lula foram anuladas depois que a segunda turma do Supremo Tribunal Federal decidiu que o ex-juiz e hoje Senador Sergio Moro atuou com parcialidade ao julgar Lula o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos casos elencados na Operação Lava Jato e hoje o político petista detém o status de Comandante em Chefe das Forças Armadas Brasileiras.
Os atuais comandantes militares, Almirante Olsen, General Tomás Miguel Miné e Brigadeiro Damasceno nunca se manifestaram diretamente sobre esse assunto. Ao que parece têm exercido, como líderes das instituições militares, além de administrar as instituições, o papel do Auxiliares do Ministro José Múcio em sua incumbência de pacificar as relações entre o governo Lula e as Forças Armadas.
A última demonstração de submissão e sujeição ao projeto de pacificação foi o comparecimento dos comandantes militares, além do chefe do Estado Maior das Forças Armadas, ao evento em alusão aos atos de 8 de janeiro ocorrido no Congresso Nacional, onde seguidas vezes os generais aplaudiram as colocações feitas por políticos, incluindo o presidente da república.
Dificilmente se esperaria que militares ocupando cargos de comando se manifestassem sobre esse tema tão controverso e incômodo. Entretanto, a Revista Sociedade Militar mantém em seu arquivo algumas declarações importantes de chefes militares, entre elas uma fala sobre esse assunto, do general Vilas Bôas, proferida em 2016 enquanto era o comandante do Exército Brasileiro.
Veja: Entrevista General Villas Bôas destaca questões importantes
O general respondeu à pergunta sobre a sensação que os militares teriam ao se sujeitar a políticos que já foram presos, até pelo próprio Exército e que frequentemente possuem ficha criminal. O posicionamento do ex-comandante, um dos oficiais generais com maior status nas últimas décadas, pode ser definido com o comportamento padrão a ser seguido pelos militares das Forças Armadas Brasileiras, independente do caráter e antecedentes do comandante em chefe ou de outras autoridades da república.
“O Exército é um órgão de estado, não nos cabe fazer julgamentos sobre o passado ou sobre as intenções, enfim, de cada pessoa que está exercendo um órgão público, até porque ela está legitimada. Os que estão eleitos foram legitimados pela eleição e os que não tendo sido eleitos foram designados para um cargo público isso também estabelece um processo de legitimidade. Então não nos cabe discutir absolutamente… isso é algo que não nos afeta”
Confira a fala do general em vídeo gravado pelo UniCeub, em trecho arquivado pela Revista Sociedade Militar em 2016 e postado hoje no ex-Twitter, atual “X”. Aproveite pra seguir a @Socmilitar nessa rede e no nosso Instagram. /// Revista Sociedade Militar. Texto de Robson Augusto – Sociólogo, Jornalista, Militar R1, Especialista em Inteligência e Marketing
Sobre não prestar continência para “políticos condenados”. Em evidência nos últimos meses, os militares das FA têm sido confrontados com diversos questionamentos e um deles, recorrente, se refere à suposta dificuldade que os comandantes da Marinha do Brasil, Exército Brasileiro e… pic.twitter.com/6ivl933Sgr
— Revista Sociedade Militar (@SocMilitar) January 11, 2024
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