Carlos Fico da Silva Júnior é um historiador brasileiro, especialista em História do Brasil República e Teoria da história, com ênfase em temas como ditadura civil-militar (Brasil e Argentina), historiografia brasileira, golpe de 1964, memória e violência.
Em 2008 recebeu o Prêmio Sergio Buarque de Holanda de Ensaio Social da Biblioteca Nacional.
Notório conhecedor dos meandros da ditadura e da relação entre política e caserna, o historiador Carlos Fico, avalia que os militares passam hoje por um escrutínio que pode levar a condenações inéditas por tentativa de golpe.
Com livros publicados sobre o regime instaurado há 60 anos, Fico finaliza este ano “Utopia autoritária brasileira”, que vai explorar a história dos anseios intervencionistas no país.
Em entrevista dada ao Jornal O Globo, no domingo 31 de março – aniversário de 60 anos do golpe militar, que levou a 21 anos de ditadura – o Professor Titular de História do Brasil da Universidade Federal do Rio de Janeiro condenou o governo Lula e sua “diretriz de não ter cerimônias sobre os 60 anos” do golpe.
Fico acusa os militares brasileiros de sempre terem sido “ao longo de toda a História um fator de instabilidade” – algo que ele parece atribuir a “uma fragilidade do Ministério da Defesa”.
Segundo ele, “os ministros sempre foram frágeis porque nunca conseguiram resolver a proeminência do poder civil sobre os militares”.
A dificuldade do Estado brasileiro de fazer valer a proeminência ou preponderância do poder civil sobre o poder militar ecoa na mais recente “polêmica” – publicada na Revista Sociedade Militar – do ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino, ao votar na ADI 6457:
“Com efeito, lembro que não existe, no nosso regime constitucional, um “poder militar”. O PODER é apenas civil, constituído por TRÊS ramos ungidos pela soberania popular, direta ou indiretamente. A tais poderes constitucionais, a função militar é subalterna, como aliás consta do artigo 142 da Carta Magna”.