Porto Alegre/RS – O Comando Militar do Sul iniciou nessa terça-feira (30/04) o apoio à população gaúcha que sofre com as chuvas torrenciais no estado. Entre as principais ações do Exército Brasileiro estão resgate e transporte de desalojados e de ribeirinhos.
O Exército faz parte do Comando Conjunto Sul, desencadeado pelo Ministério da Defesa, composto também pela Marinha do Brasil e Força Aérea Brasileira, uma força-tarefa em prol dos atingidos pelas enchentes. A atuação conjunta foi denominada de Operação Taquari 2.
Até esta quarta-feira haviam sido empregados na ajuda humanitária 446 militares, de 20 Organizações Militares do Rio Grande do Sul; 27 viaturas, seis embarcações e dois helicópteros. São cerca de 1.145 pessoas desabrigadas e 1.431 desalojadas.
Segundo a Defesa Civil do Estado, 104 municípios foram afetados. Entre os que solicitaram apoio das Forças Armadas, estão municípios da Serra gaúcha, região Central, Fronteira Oeste, Vale do Taquari, Vale do Caí e Vale do Rio Pardo.
A Engenharia do Exército verificou a viabilidade do lançamento de uma ponte móvel na BR-290, em Eldorado do Sul, a fim de restabelecer o tráfego na rodovia. No município de Candelária botes militares auxiliam na retirada de famílias em situação de alagamento. O 3º Batalhão de Engenharia de Combate, de Cachoeira do Sul, realiza o resgate das pessoas, inclusive de cima de telhados das residências.
Em General Câmara, militares atuam, preventivamente, na retirada de famílias que se encontram em situação de risco de alagamento, residentes nas margens do Rio Taquari. Os soldados também transportam os pertences dos moradores aos abrigos da Prefeitura. Em São Sebastião do Caí, aproximadamente 300 pessoas estão fora de casa. Militares do 19º Batalhão de Infantaria Motorizado, de São Leopoldo, auxiliam no resgate. O município decretou situação de emergência e o Rio Caí já ultrapassou a cota de inundação
Em São Gabriel, na fronteira-oeste, militares do 9º Regimento de Cavalaria Blindado foram empregados para apoiar a população que sofre com as cheias do Rio Vacacaí. A tropa auxiliou na retirada de pertences das famílias alagadas e fazendo campanha de arrecadação de donativos. Atividade semelhante ocorre no interior de Bento Gonçalves, na localidade de Alcântara, onde o 6º Batalhão de Comunicações atende as demandas da comunidade local.
Em Santa Maria, região central, militares do 4º Batalhão Logístico prestam apoio ao Corpo de Bombeiros. Foram enviadas três viaturas: um caminhão Munck, um caminhão Atron e uma Viatura Blindada Leopard Berg Panzer, além de um rebocador que circula com até um metro e meio de água. Somente dessa forma foi possível avistar moradores ilhados na Vila Fighera.
A operacionalidade e o adestramento constante das tropas do Exército tem facilitado o apoio às famílias com transportes terrestre, aquático e aéreo, de pessoas atingidas e de mantimentos mesmo sob condições climáticas adversas.
Publicado pelo Comando Militar do Sul
Desastres naturais geram perdas históricas de US$ 380 bilhões em 2023
Seguros cobrem apenas 5% dos danos no Brasil, expõem relatórios de agências internacionais
Em 2023, o mundo testemunhou um aumento sem precedentes nos desastres naturais, exacerbados pelas mudanças climáticas.
Com a temperatura média global elevada em 1,45°C acima dos níveis pré-Revolução Industrial, ocorreram recordes tanto na frequência quanto na intensidade de eventos extremos, incluindo enchentes, secas severas, incêndios florestais e furacões.
Segundo um relatório recente da Aon Seguros, esses desastres acumularam perdas econômicas globais na ordem de US$ 380 bilhões, marcando um aumento de 22% em relação à média do século XXI. Deste montante, US$ 118 bilhões foram cobertos por seguros, com 37 eventos ultrapassando a marca de um bilhão em prejuízos cada, o maior número já registrado pelo setor.
No cenário latino-americano, o relatório destaca a severa estiagem na bacia do Rio Prata, afetando gravemente o sul do Brasil, Argentina e Uruguai.
Esse evento específico causou prejuízos estimados em US$ 15,3 bilhões, principalmente na agricultura, com apenas US$ 1 bilhão sendo cobertos por seguros. Além disso, uma seca histórica atingiu o estado do Amazonas, levando o rio Negro ao seu menor nível desde 1902 e afetando significativamente o comércio, serviços e navegação na região.
No Brasil, o impacto dos desastres naturais foi especialmente palpável, com uma média de três eventos climáticos significativos por dia, forçando mais de meio milhão de pessoas a deixarem suas casas.
Um dos episódios mais marcantes ocorreu em São Sebastião, no litoral paulista, onde chuvas intensas provocaram destruição e desalojamento em massa.
Apesar da magnitude desses eventos, os seguros no Brasil cobriram somente 5% das perdas econômicas, revelando uma grande lacuna na proteção contra catástrofes no país.
Fonte: Valor Econômico