EUA revolucionam forças militares no Japão em movimento “histórico” diante de tensões regionais crescentes
Em um passo decisivo para modernizar a aliança de defesa entre os Estados Unidos e o Japão, os dois países anunciaram um plano abrangente para reestruturar as forças militares americanas no Japão. O anúncio foi feito durante uma reunião ministerial em Tóquio, no dia 28 de julho de 2024, com a presença do Secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, e do Secretário de Estado, Antony Blinken, ao lado dos seus homólogos japoneses, Minoru Kihara e Yoko Kamikawa.
A iniciativa surge em um contexto de crescente preocupação com a segurança regional, especialmente em relação às ações assertivas da China e ao contínuo programa de armas ilegais da Coreia do Norte. Ambas as nações também estão fortalecendo seus laços com a Rússia, que atualmente está em guerra na Ucrânia.
O plano prevê que as forças americanas no Japão serão “reconstituídas” como um quartel-general conjunto, que reportará diretamente ao Comando Indo-Pacífico dos EUA. Isso visa facilitar uma cooperação e interoperabilidade mais profundas nas operações bilaterais tanto em tempos de paz quanto em situações de contingência. “Esta será a mudança mais significativa para as Forças dos EUA no Japão desde a sua criação, e uma das melhorias mais fortes em nossos laços militares com o Japão em 70 anos”, afirmou Austin durante a coletiva de imprensa após a reunião.
Além da reestruturação, o plano inclui a ampliação das missões e responsabilidades operacionais das Forças dos EUA no Japão, bem como a criação de um novo Comando de Operações Conjuntas japonês. Estas mudanças têm como objetivo reforçar a capacidade combinada dos dois países de dissuadir e responder a comportamentos coercitivos na região Indo-Pacífico e além.
O anúncio ocorre após uma cúpula em abril entre o presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, em Washington, onde ambos se comprometeram a atualizar suas estruturas de comando e controle para fortalecer a dissuasão e promover um Indo-Pacífico livre e aberto diante dos desafios de segurança regional.
O oficial de defesa dos EUA destacou que os detalhes da implementação serão definidos em grupos de trabalho liderados pelo Comando Indo-Pacífico dos EUA, enfatizando que não há intenção de integrar as forças japonesas aos comandos americanos.
Atualmente, as Forças dos EUA no Japão (USFJ), cujo quartel-general fica na Base Aérea de Yokota, consistem em aproximadamente 54.000 militares estacionados no Japão sob um tratado de cooperação e segurança mútua de 1960. A reconfiguração esperada ocorre em um momento em que o Japão está mudando sua postura de defesa, afastando-se da constituição pacifista imposta pelos EUA após a Segunda Guerra Mundial. O Japão planeja aumentar os gastos com defesa para cerca de 2% do seu PIB até 2027 e adquirir capacidades de contra-ataque.
Essas mudanças consolidam a centralidade do Japão na estratégia de segurança regional dos EUA e sua busca por maior coordenação com aliados e parceiros em meio às crescentes tensões regionais. A declaração conjunta dos ministros também condenou os testes de mísseis e programas de armas nucleares da Coreia do Norte, bem como a cooperação crescente entre Rússia e Coreia do Norte.
Essa série de anúncios ocorre meses antes da eleição presidencial dos EUA, que está sendo observada de perto pelos aliados americanos ao redor do mundo. Quando questionado sobre o impacto das eleições nas relações EUA-Japão, Blinken afirmou que a aliança de longa data “é mais forte do que nunca” e será “mantida independentemente do resultado das eleições em qualquer um dos nossos países”.