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A Guerra dos Chips: Como empresa dos EUA sancionada está envolvida em fornecimento de semicondutores à máquina militar russa

por Sérvulo Pimentel Publicado em 03/12/2024
A Guerra dos Chips: Como empresa dos EUA sancionada está envolvida em fornecimento de semicondutores à máquina militar russa

Uma fabricante de semicondutores com sede nos Estados Unidos foi flagrada como peça-chave em uma rede de suprimentos que alimenta a máquina militar russa, desafiando sanções internacionais. Documentos apontam que a Yangjie Technology, empresa chinesa que controla a Micro Commercial Components (MCC), enviou mais de 200 remessas de componentes eletrônicos à Rússia desde o início da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

Diodos em bombas russas

Os semicondutores da MCC, como diodos e transistores, foram rastreados até sistemas de orientação de armas russas. Esses componentes estão presentes em bombas planadoras, que transformam munições comuns em armas guiadas de alta precisão, intensificando os ataques contra a Ucrânia.

De acordo com investigações, 238 remessas incluíram itens classificados como “de alta prioridade” pelos Estados Unidos devido ao seu potencial uso militar. Alarmantemente, pelo menos 17 dessas remessas tiveram como destino empresas russas sancionadas, como a Simmetron Electronic Components, levantando preocupações sobre a eficácia das sanções.

Diodos e Sanções: A Conexão Califórnia-China-Rússia que Intriga o Ocidente
Tecnologia americana em bombas russas: como diodos da MCC alimentam o arsenal militar. (Reprodução/Oil Price)

Ligações com entidades sancionadas

Registros alfandegários mostram que a Yangjie enviou dezenas de remessas para a VM Components, uma empresa vinculada à Roselektronika, conglomerado sancionado pelos EUA. A Roselektronika tem conexões com o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB). Embora não haja provas concretas de que os semicondutores tenham chegado diretamente ao FSB, a proximidade das relações gera inquietação sobre os possíveis desdobramentos.

Desafios nas sanções

A Yangjie Technology, listada nas bolsas de Xangai e Suíça, adquiriu a MCC, com sede na Califórnia, em 2015. Apesar de afirmar que opera dentro das regulações dos EUA, os contínuos envios de tecnologia sensível para a Rússia expõem falhas na aplicação das sanções.

Embora a China tenha implementado, em outubro de 2024, controles mais rígidos sobre exportações, especialistas ocidentais criticam a ineficácia dessas medidas para impedir o fluxo de mercadorias para o exército russo.

Com informações de Oil Price

Sérvulo Pimentel

Sérvulo Pimentel

Apaixonado pela língua portuguesa e pelo universo militar, Sérvulo é professor há dez anos e atua como redator há cinco, sendo um especialista na produção de notícias sobre Defesa Nacional e sociedade militar. Na Revista Sociedade Militar, dedica-se a levar informações confiáveis e bem apuradas ao público, sempre prezando pela responsabilidade jornalística e imparcialidade. Seu compromisso é contribuir para um debate informado e acessível sobre temas estratégicos e sociais, aproximando os leitores das principais questões que envolvem as Forças Armadas e a sociedade.