Em um movimento que eleva ainda mais as tensões na região, o presidente da Bielorrússia, Aleksandr Lukashenko, afirmou publicamente que seu país abriga “várias dezenas de ogivas nucleares”, durante um evento em Borisov. A declaração foi divulgada pela agência de notícias BelTA. Em paralelo, Lukashenko comentou os planos de implantar o sistema de mísseis russo não nuclear Oreshnik, destacando a grande responsabilidade envolvida no uso de armas de alta potência.
Bielorrússia e as armas nucleares
“Eu implantei ogivas nucleares aqui. Várias dezenas de ogivas. Muitos dizem que isso é uma piada e que ninguém implantou nada. Sim, nós implantamos”, afirmou Lukashenko. O presidente destacou que as ogivas são táticas e possuem poder destrutivo significativo, superando em força sistemas como o Oreshnik. Moscou havia anunciado previamente a transferência das armas para o território bielorrusso, como parte de um acordo estratégico entre os dois países.
Essa movimentação faz parte de um contexto maior de colaboração militar entre Bielorrússia e Rússia, que também inclui a entrega de sistemas de mísseis Iskander, capazes de transportar ogivas nucleares, e o reequipamento de aeronaves para o uso de armas especializadas.

Oreshnik: um pedido estratégico
Durante um encontro com o presidente russo Vladimir Putin, em 6 de dezembro, também noticiado por BelTA, Lukashenko solicitou a implantação do sistema de mísseis Oreshnik na Bielorrússia. Segundo ele, o pedido se baseia na crescente tensão nas fronteiras ocidentais do país, especialmente com Polônia e Lituânia. “Estimamos que esse perigo seja ainda maior do que o perigo da Ucrânia, que está em guerra”, afirmou o presidente.

Lukashenko explicou que o Oreshnik, embora não seja nuclear, é altamente eficaz e pode causar impacto equivalente a armas nucleares devido à sua precisão e potência, sem gerar contaminação radioativa. Ele argumentou que a presença desses sistemas no território bielorrusso teria um “efeito calmante” em países vizinhos que, segundo ele, mobilizam forças militares de forma ameaçadora.
Resposta de Putin
Putin aprovou o pedido de Lukashenko, destacando que a implantação do Oreshnik será possível a partir do segundo semestre de 2024, conforme o aumento da produção na Rússia. Ele também ressaltou que os alvos potenciais serão definidos pela liderança bielorrussa, embora os sistemas permaneçam sob controle das Forças de Mísseis Estratégicos da Rússia.
“Desde Hiroshima e Nagasaki, ninguém jamais apertou o botão nuclear. Nem mesmo as principais potências, muito menos a Bielorrússia”, disse o Lukashenko, acrescentando que alertou seus “inimigos, ‘amigos’ e rivais” sobre a inadmissibilidade de violar a fronteira do estado da Bielorrússia.
De acordo com o presidente russo, o Oreshnik representa uma evolução tecnológica sem precedentes, com capacidade de ataque precisa e poderosa, comparável a armas de destruição em massa, mas sem os danos colaterais de radiação.
Uma resposta às ameaças
Lukashenko argumentou que a implantação do Oreshnik reforça a defesa do Estado da União da Bielorrússia e da Rússia e serve como um recado claro a adversários. Ele enfatizou que a liderança bielorrussa controlará as decisões sobre os alvos. “Eu explorei nossa amizade. Se você quer algo de Putin, precisa fazer com que ele o prometa publicamente”, concluiu.