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Venezuela e o bombardeio à Brasília: hipótese preocupante para alguns

Venezuela tentando bombardear Brasília não é apenas uma questão de análise militar, mas também de entender como Caracas joga com as narrativas de ameaça

por Rafael Cavacchini
22/01/2025
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Bombardear Brasília? A fragilidade de um cenário distópico envolvendo uma guerra contra a Venezuela.

Bombardear Brasília? A fragilidade de um cenário distópico envolvendo uma guerra contra a Venezuela. Foto: Revista Sociedade Militar

É até assustador pensar em um cenário desses: caças e bombardeiros venezuelanos cruzando 3.400 quilômetros para atacar Brasília. Parece mais uma ideia saída de um filme ruim de guerra. Mas, com as crescentes tensões regionais e a Venezuela se aferrando ao seu poderio militar como um pilar de sobrevivência política, a pergunta surge na mente de pessoas mais preocupadas: a Venezuela conseguiria bombardear Brasília?

Caças modernos, mas não milagrosos

A Venezuela dispõe de dois tipos de caças de peso: os Su-30MK2, adquiridos da Rússia, e os F-16A, relíquias dos anos 80 que vieram dos Estados Unidos. Vamos aos números.

  • O Su-30MK2, a joia da coroa venezuelana, tem alcance de 3.000 a 3.500 quilômetros. No entanto, isso só acontece em condições ideais, ou seja: sem armamento pesado. Adicione mísseis Kh-31 e bombas KAB-500, e a autonomia despenca.
  • O F-16A, apesar de lendário, é um velho de guerra – literalmente. Seu alcance máximo, 2.000 quilômetros, os coloca fora de qualquer missão desse porte sem suporte externo, como reabastecimento aéreo. E aí vem o problema: a Venezuela não tem uma frota confiável de aviões-tanque.
F-16A da Força Aérea Venezuelana, ou Aviação Militar Bolivariana: velhos de guerra não conseguiriam sequer se aproximar pra bombardear Brasília.
F-16A da Força Aérea Venezuelana, ou Aviação Militar Bolivariana: velhos de guerra não conseguiriam sequer se aproximar pra bombardear Brasília. Foto: Divulgação

Mesmo que possuíssem a capacidade logística, o Brasil não é um alvo desprotegido. Sistemas como o Pantsir-S1 e o Astros 2020 estariam prontos para interceptar qualquer ataque.

Helicópteros de ataque: úteis, mas não para longas distâncias

Se a ideia de caças venezuelanos cruzando o espaço aéreo brasileiro já parece absurda, o uso de helicópteros como o AS532 Cougar ou o MI-17 em um cenário de ataque a Brasília beira o delírio. Esses modelos são eficazes em missões de transporte tático e apoio de fogo em conflitos de curta distância, mas sua autonomia operacional é extremamente limitada para voos de longo alcance.

O MI-17, por exemplo, possui alcance máximo de aproximadamente 950 quilômetros. Isso o torna útil para manobras regionais na fronteira, mas absolutamente impraticável para qualquer tentativa de ação em território brasileiro a essa distância. Portanto, a força de helicópteros da Venezuela está completamente fora de consideração como opção para bombardear ou atacar Brasília.

Além disso, como acontece com os caças, a manutenção desses helicópteros sofre com as sanções econômicas e a falta de peças de reposição. Embora robustos, os modelos russos enfrentam problemas frequentes de operacionalidade devido ao desgaste e à dificuldade em importar equipamentos. O risco para as tripulações seria altíssimo em um cenário de guerra contra um país com defesas bem estruturadas, tornando qualquer tentativa uma missão quase suicida.

O avião-tanque 707: uma peça isolada e insuficiente

A Venezuela conta com um Boeing 707 adaptado para reabastecimento aéreo, um dos poucos recursos que teoricamente poderiam ajudar a ampliar o alcance dos seus caças. No entanto, um único avião-tanque para uma frota inteira é logisticamente inviável para qualquer operação significativa. Além disso, as capacidades do 707 são limitadas pelo seu próprio estado de conservação. Trata-se de mais uma vítima da falta de peças e do sucateamento progressivo da frota venezuelana.

Outro ponto crítico é que, em uma missão real, o 707 seria um alvo fácil para sistemas de defesa aérea. Sem escolta adequada, e considerando os problemas de manutenção dos caças, o avião-tanque provavelmente não conseguiria sobreviver tempo suficiente para cumprir seu papel. Assim, o 707 é mais um exemplo de como o arsenal militar venezuelano é tecnicamente impressionante no papel, mas ineficaz na prática.

A logística que simplesmente não existe

Para chegar até Brasília, os caças venezuelanos precisariam de um sistema de suporte logístico que, ao que tudo indica, Caracas não tem. Não há aviões-tanque suficientes, e as sanções econômicas ao regime de Nicolás Maduro apenas agravaram a situação. Peças de reposição são escassas, e a manutenção das aeronaves é problemática.

De acordo com analistas, grande parte da frota venezuelana está inativa devido à falta de peças e ao desgaste natural. Mesmo que os aviões estivessem prontos, como os pilotos venezuelanos treinariam para uma missão tão complexa, enfrentando sistemas de defesa aérea modernos em território hostil?

Su-30 da Venezuela é sem dúvida um dos caças mais avançados em serviço na América Latina, mas não seriam suficientes para bombardear Brasília.
Su-30 da Venezuela é sem dúvida um dos caças mais avançados em serviço na América Latina, mas não seriam suficientes para bombardear Brasília. Foto: AMB / Divulgação

Além de todos os obstáculos técnicos, há outro fator incontornável: a diplomacia internacional. Um ataque venezuelano ao Brasil não seria apenas um ato militar, mas uma bomba geopolítica. O Brasil é signatário do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), o que significa que qualquer agressão à sua soberania poderia desencadear uma resposta militar coletiva na região.

A Venezuela, apesar de suas relações próximas com Rússia e China, dificilmente teria apoio para uma ação militar direta contra o Brasil. Para Moscou e Pequim, manter estabilidade na América Latina é mais interessante do que apoiar aventuras militares arriscadas de um regime isolado.

Tensões históricas e as novas dinâmicas regionais

Ainda que o Brasil e a Venezuela não tenham histórico de confrontos armados, as relações entre os dois países não são as melhores. A crise humanitária venezuelana e o fluxo migratório massivo para o Brasil, especialmente na região de Roraima, complicaram a dinâmica entre os dois países.

Além disso, o regime de Maduro frequentemente utiliza a retórica militar para desviar a atenção dos problemas internos. Por isso, imaginar cenários como a Venezuela tentando bombardear Brasília não é apenas uma questão de análise militar, mas também de entender como Caracas joga com as narrativas de ameaça externa para consolidar poder internamente.

Recentemente, Maduro subiu o tom. País acusou Brasil de praticar
Recentemente, Maduro subiu o tom. País acusou Brasil de praticar “agressão descarada e grosseira” contra presidente do país. Foto: Reprodução / X / Twitter

A ideia de caças venezuelanos bombardeando Brasília parece mais uma distopia do que uma realidade. As limitações técnicas, a falta de suporte logístico e as repercussões diplomáticas tornam essa hipótese altamente improvável. Contudo, em tempos de instabilidade, as improbabilidades podem se tornar ameaças reais – especialmente quando um governo, como o de Maduro, aposta em atos extremos para sobreviver.

Para o Brasil, a lição é clara: a dissuasão começa com a preparação. Fortalecer a defesa aérea, monitorar as movimentações regionais e manter canais diplomáticos abertos são fundamentais para evitar que discussões como essa deixem de ser meras especulações.


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