Em entrevista à RedeTV!, nesta quinta-feira (30), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, evitou responder diretamente sobre mudanças na aposentadoria dos militares e preferiu enfatizar a questão das desigualdades salariais no setor público. Segundo ele, há dois projetos de lei pendentes no Congresso que tratam tanto das aposentadorias militares quanto dos chamados super salários.
“O papel da área técnica é levar para o presidente um cardápio: ‘Olha, as distorções são essas’. Então nós apontamos todas as distorções. Sem medo, porque a técnica exige transparência e colocar o dedo no problema”, afirmou Haddad, transferindo a responsabilidade da decisão para o Congresso.
A jornalista Beatriz Bulla, da RedeTV!, insistiu no tema: “Há resistência nos dois casos. O senhor acha que eles vão ser desidratados?”. Haddad não respondeu diretamente e preferiu falar sobre a atuação do governo na correção de privilégios.
O ministro citou a existência de pessoas ganhando R$ 400 mil a R$ 500 mil por mês, enquanto o teto do serviço público é uma fração disso. “Quando nós falamos da aposentadoria de militares, nós estamos falando disso. Quando falamos de super salários, que vocês noticiam o tempo todo, nós estamos trabalhando nisso”, afirmou.
Segundo ele, a resistência política tem travado as mudanças necessárias para equilibrar as contas públicas. “Se uma daquelas duas Medidas Provisórias, uma apenas, tivesse sido aprovada no ano passado, nós teríamos em 2024 o superávit primário”, disse, lamentando que, por interesses políticos e ideológicos, o debate econômico tenha sido prejudicado.
Haddad reforçou que o governo seguirá apontando as distorções e apresentando propostas, mas deixou claro que a responsabilidade final é do Congresso. “Agora, para que você vai colocar em risco uma trajetória virtuosa em função de interesses especulativos ou ideológicos?”.
A entrevista aconteceu na última quinta-feira (30) e reforça o tom adotado pelo ministro de atribuir ao Congresso a decisão final sobre pautas sensíveis, enquanto o governo se limita a apontar os problemas.