Em entrevista ao programa Manhã de Notícias, da TV Tiradentes de Manaus, o General Costa Neves, Comandante Militar da Amazônia falou sobre a operação do Exército na fronteira com a Venezuela e recebeu perguntas sobre os generais presos e reforçou o discurso de que o Exército é uma “instituição de Estado, apartidária, comprometida com a democracia, a soberania nacional e o bem-estar do povo”.
O general revelou que o Exército multiplicou por três sua capacidade operacional na fronteira com a Venezuela, especialmente após o exercício militar venezuelano que adentrou alguns metros em Pacaraima (RR) em janeiro de 2025. Segundo publicado aqui na Revista Sociedade Militar, Costa Neves minimizou o episódio, mas destacou o reforço das tropas:
“A Venezuela fez esse exercício, aliás, é um exercício que eles fazem com uma certa regularidade, e estivemos com nossas tropas prontas como sempre estão. Ali mesmo em Pacaraima, nós temos um Pelotão Especial de Fronteira. Tinha ali um Esquadrão de Cavalaria Mecanizado e nós transformamos num Regimento. Era como se nós multiplicássemos por 3 nossa capacidade (…) Nossa tropa está muito bem preparada, muito bem capacitada. Nós temos radares, material de guerra eletrônica, nós estamos muito bem equipados para garantir a soberania do país”.

Perguntas sobre os generais presos
Em determinado momento da entrevista o apresentador questionou o general sobre o papel do Exército na defesa da democracia, especialmente após o 8 de janeiro. O apresentador perguntou:
“Recentemente, o Exército brasileiro foi o garantidor da democracia brasileira, foi o avalista da democracia brasileira, resistiu às tentativas de golpe… o senhor é membro do Alto Comando do Exército, o senhor senta naquela mesa ali com 16 generais e decidem ali… esse tema certamente chegou ali no Alto Comando do Exército… Como é que o senhor vê – evidentemente são casos isolados, né, são pessoas ali pontuais que participaram dessa tentativa de golpe – inclusive temos generais presos: um de Exército e um de Brigada – o senhor poderia falar sobre esse assunto? É um assunto que incomoda o Exército?”
Costa Neves respondeu:
“O Exército é uma instituição, como previsto pelo artigo 142 da Constituição, é uma instituição permanente, é uma instituição de Estado. O Exército é por definição uma instituição apartidária. Nós trabalhamos para a nossa nação. O nosso compromisso é com a democracia, é com o bem-estar do nosso povo, é com a soberania da nossa nação. São essas as balizas que dão os parâmetros para nós atuarmos.”
O apresentador insistiu no tema buscando esclarecer se o episódio de 8 de janeiro teria fortalecido o papel do Exército como defensor da democracia:
“O senhor acha que esse episódio fortaleceu o Exército brasileiro, fato de o Exército não ter aderido a um golpe, isso fortaleceu o papel do Exército de defender a democracia?”
O General respondeu:
“Como sempre o Exército brasileiro se mostrou favorável à democracia, favorável à nação brasileira e sempre trabalha para isso. Dessa forma é que nós pensamos estar no caminho certo na defesa da nossa democracia, na defesa da nossa soberania, na defesa do nosso povo.”
A tentativa do entrevistador de obter um posicionamento mais claro sobre o envolvimento de generais em atos antidemocráticos esbarrou na postura institucional de Costa Neves, que preferiu reafirmar os valores constitucionais da instituição.
“Dessa forma é que nós pensamos estar no caminho certo na defesa da nossa democracia, na defesa da nossa soberania, na defesa do nosso povo”, concluiu o Comandante Militar da Amazônia, sem mencionar diretamente os generais presos ou as investigações em curso.