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Para sediar cúpula do clima da ONU, Governo derruba floresta e desaloja comunidades na Amazônia; COP30 desperta críticas por promover desmatamento

Governo quer deixar um legado positivo para a população de Belém e garantir a melhor infraestrutura possível para a COP30, mas a que custo?

por Rafael Cavacchini
17/03/2025
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COP30 sob fogo cruzado: evento climático acelera destruição da Amazônia.

COP30 sob fogo cruzado: evento climático acelera destruição da Amazônia. Foto: Estevam / Audiovisual / PR

Hipocrisia climática? COP30 desmata a Amazônia para discutir preservação

O Pará já se prepara para receber a cúpula do clima COP30 em novembro. No entanto, a construção de uma nova rodovia de quatro pistas em plena floresta amazônica vem provocando indignação. A obra corta dezenas de milhares de hectares de mata nativa, visa facilitar o trânsito de mais de 50 mil visitantes, incluindo chefes de Estado. Contudo, de acordo com moradores e ambientalistas, a devastação de uma área protegida contradiz frontalmente o propósito do encontro, que deveria ser um símbolo da luta contra a crise climática.

Comunidades locais perdem terras e renda: “Tudo foi destruído”

Claudio Verequete, morador há décadas de uma comunidade na região afetada, viu sua principal fonte de renda desaparecer. De acordo com Verequete, “nossa colheita já foi cortada. Não temos mais aquela renda para sustentar nossa família”, desabafa, referindo-se às árvores de açaí que foram derrubadas. Segundo o morador, nenhuma compensação foi paga. Assim, a família agora teme que, com a estrada, empresas venham pressionar os moradores a vender suas terras para postos de gasolina ou outros empreendimentos.

Estrada fragmenta floresta e ameaça vida selvagem

Além do impacto humano, especialistas ouvidos pela BBC alertam que a estrada fragmentará o ecossistema amazônico. A rodovia dificultará sobretudo o deslocamento da fauna, aumentando a mortalidade de animais por atropelamento. De acordo com a veterinária Silvia Sardinha, que atua em um hospital universitário na região, a obra representa uma perda irreparável para a biodiversidade. Segundo ela, “vamos perder uma área para soltar esses animais de volta ao ambiente natural. Os animais terrestres também não poderão mais atravessar para o outro lado, reduzindo as áreas onde podem viver e se reproduzir.”

Gráfico do histórico de desmatamento na Floresta Amazônica brasileira (1988-2023), de acordo com dados do Sistema Prodes, do INPE.
Gráfico do histórico de desmatamento na Floresta Amazônica brasileira (1988-2023), de acordo com dados do Sistema Prodes, do INPE. Foto: Wikimedia Commons

Governo diz que legado será positivo: “Rodovia sustentável”

O governo estadual do Pará, por sua vez, defende a obra, chamada de Avenida Liberdade, como uma “importante intervenção de mobilidade”. Além disso, ainda de acordo com o governo, a obra parte de um pacote de 30 projetos que visam modernizar a cidade. Segundo o secretário de infraestrutura, Adler Silveira, a rodovia terá ciclovias, iluminação solar e passagens para animais silvestres. A ideia, de acordo com ele, é deixar um legado positivo para a população de Belém e garantir a melhor infraestrutura possível para a COP30.

Além da estrada, o aeroporto local está sendo ampliado com investimento federal de US$ 81 milhões para dobrar sua capacidade. Além disso, novos hotéis e um parque urbano de 500 mil m² estão em construção. Um terminal portuário também está sendo adaptado para receber navios de cruzeiro, que deverão abrigar parte dos visitantes.

População dividida entre progresso e perdas ambientais

Há quem veja oportunidades. De acordo com locais, muitas pessoas estão vindo de outros lugares. Assim, possibilitaria melhorar os negócios e ampliar as vendas.

Contudo, paira uma dúvida: os custos ambientais para sediar a COP30 não estariam enfraquecendo a própria mensagem do evento? A crescente crítica internacional se volta para o paradoxo de promover uma conferência sobre preservação ambiental ao preço de desmatar a floresta mais importante do mundo.

COP30 na Amazônia: avanço ou retrocesso ambiental?

O governo federal enfatiza que esta será “uma COP na Amazônia, não sobre a Amazônia”. Além disso, promete mostrar ao mundo os esforços pela proteção da floresta. Contudo, para muitos, o desmatamento causado pela nova rodovia compromete essa narrativa. A comunidade científica teme que essa seja apenas a porta de entrada para mais destruição e exploração comercial em áreas que deveriam ser intocadas.

A menos de um ano do evento, cresce o escrutínio sobre a real eficácia das cúpulas climáticas. Principalmente, quando a própria preparação para recebê-las já deixa marcas profundas no meio ambiente. A COP30 está se tornando, antes mesmo de começar, um exemplo do desafio de conciliar progresso e preservação. A questão que permanece é: qual será o verdadeiro legado deixado para a Amazônia?


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