O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) surpreendeu o Brasil ao apreender cerca de 60 mil peixes geneticamente modificados.
Esses animais, que possuem a capacidade de brilhar sob luz ultravioleta, estavam sendo comercializados de maneira ilegal, o que motivou uma ação coordenada para impedir a prática.
A operação, que ocorreu entre os dias 10 e 21 de março de 2025, foi realizada em sete estados brasileiros e no Distrito Federal, e visou combater a criação e o comércio clandestino desses peixes modificados para fins decorativos.
A operação teve como resultado a apreensão de milhares de peixes de várias espécies, como Paulistinha (Danio rerio), Tetra-negro (Gymnocorymbus ternetzi) e Beta (Betta splendens), todas geneticamente modificadas para brilhar sob luz ultravioleta. O valor das multas aplicadas no decorrer da operação chegou a impressionantes R$ 2,38 milhões, embora ninguém tenha sido preso.
O que há de tão especial nesses peixes modificados?
A grande surpresa foi o fato de que esses peixes, que geralmente são criados para aquários ornamentais, foram geneticamente alterados para emitir uma fluorescência impressionante sob luz ultravioleta.
Esse brilho fascinante é resultado da inserção de genes de espécies como anêmonas do mar ou águas vivas.
O objetivo desse tipo de modificação genética é simples: tornar os peixes visualmente atraentes para os aquaristas e colecionadores de animais exóticos.
No entanto, o mercado ilegal de peixes modificados geneticamente representa um sério risco para o meio ambiente.
Esses animais, muitas vezes vendidos de maneira clandestina, podem alterar os ecossistemas aquáticos locais se liberados de maneira inadequada ou se escaparem de aquários domésticos.
De acordo com o portal G1, a operação do Ibama, realizada em sete estados brasileiros e no Distrito Federal, teve como objetivo justamente combater esse mercado.
A ação não só resultou em apreensões, mas também gerou multas expressivas, totalizando R$ 2,38 milhões.
Entre as espécies apreendidas estavam a Paulistinha (Danio rerio), o Tetra-negro (Gymnocorymbus ternetzi) e o Beta (Betta splendens).
Onde a operação foi realizada e como ela ocorreu?
Durante duas semanas de intensas investigações e operações fiscais, o Ibama conseguiu apreender os peixes modificados em Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e no Distrito Federal.
A maior parte das apreensões aconteceu em Minas Gerais, especialmente na região da Zona da Mata, com destaque para a cidade de Muriaé, onde foram confiscados 52,6 mil peixes.
Apesar da magnitude da operação, o Ibama não prendeu nenhum suspeito.
No entanto, 36 autos de infração foram emitidos, com as multas mencionadas anteriormente.
Essas infrações estão sendo processadas, e o Ministério Público já foi acionado para a devida análise dos casos, com possibilidade de ação penal contra os envolvidos.
O impacto das modificações genéticas na biodiversidade
A introdução de organismos geneticamente modificados (OGMs) no meio ambiente é uma questão extremamente delicada.
No Brasil, a importação, manutenção e comercialização dessas espécies transgênicas são proibidas pela legislação ambiental.
As modificações genéticas, no caso desses peixes, conferem-lhes uma característica de bioluminescência que, além de esteticamente atraente, pode ter impactos ecológicos profundos se não forem controladas adequadamente.
Por isso, o Ibama destaca que esse tipo de prática contraria a legislação ambiental e coloca em risco a biodiversidade nacional.
As espécies modificadas geneticamente, além de não se adaptarem ao meio ambiente local, podem competir com espécies nativas, alterando a dinâmica dos ecossistemas aquáticos e colocando em risco outras formas de vida.
Além dos peixes fluorescentes: fiscalização de outros animais silvestres
A operação do Ibama não se limitou apenas aos peixes geneticamente modificados.
Os agentes também realizaram fiscalização sobre a venda ilegal de outras espécies da fauna silvestre sem autorização, como o axolote (Ambystoma mexicanum), um tipo de salamandra mexicana, e arraias do gênero Potamotrygon, que também são altamente valorizadas no mercado ilegal.
Essas fiscalizações são de extrema importância para manter o equilíbrio ecológico e combater o tráfico de animais silvestres, que tem sido uma preocupação crescente em muitas regiões do Brasil.
O comércio ilegal de animais silvestres coloca em risco a sobrevivência de várias espécies, além de contribuir para a extinção de muitas delas.
O papel crucial do Ibama na proteção ambiental
O Ibama, como instituição responsável pela fiscalização e preservação do meio ambiente no Brasil, desempenha um papel crucial na proteção da fauna e flora nacionais.
As operações realizadas para combater o tráfico de animais e o comércio ilegal de espécies genéticas modificadas são exemplos do comprometimento da instituição com a preservação ambiental.
O órgão também tem se empenhado em intensificar as ações de fiscalização para enfrentar as crescentes ameaças à biodiversidade brasileira, incluindo o combate a atividades ilegais como a pesca predatória e o tráfico de animais.
A fiscalização rigorosa do Ibama tem sido fundamental para manter a biodiversidade do país e evitar que espécies exóticas e modificadas geneticamente invadam ecossistemas naturais, como o ocorrido com os peixes fluorescentes apreendidos.