Nos últimos anos, o cenário energético mundial passou por uma transformação significativa, e um setor que parecia em declínio está, surpreendentemente, voltando com força total: a energia nuclear.
Após o trágico desastre de Fukushima, no Japão, em 2011, a energia nuclear perdeu muito de seu brilho.
A partir daquele momento, várias usinas nucleares foram desativadas, e o futuro dessa fonte de energia parecia incerto.
No entanto, um fator inesperado tem dado uma nova chance à energia nuclear: a crescente demanda por data centers e o desenvolvimento de tecnologias de computação.
O avanço das big techs, grandes empresas de tecnologia como Google, Amazon, Apple e Microsoft, está diretamente relacionado à volta dos investimentos no setor nuclear, com foco em garantir uma oferta de energia estável e sustentável para alimentar seus complexos digitais.
A energia nuclear em crise após Fukushima
O desastre de Fukushima, ocorrido em março de 2011, abalou profundamente a confiança global na energia nuclear.
A falha na usina nuclear japonesa, resultante de um tsunami e um terremoto devastadores, provocou um aumento considerável nas preocupações sobre a segurança dessa forma de geração de energia.
O evento levou muitos países a reconsiderarem suas políticas de uso da energia nuclear, com diversas nações decidindo desativar ou não renovar suas usinas nucleares.
Porém, a crise também trouxe consigo uma oportunidade: a discussão sobre alternativas para a geração de energia.
Com o mundo buscando formas mais limpas e sustentáveis de abastecer suas necessidades energéticas, a energia nuclear foi, muitas vezes, deixada de lado em favor de fontes renováveis como a solar e a eólica.
No entanto, com o avanço da tecnologia, novas abordagens para tornar a energia nuclear mais segura e eficiente começaram a ser desenvolvidas.
Big techs: o novo motor da reativação nuclear
Segundo o portal “UOL”, nos últimos anos, um fator tem sido decisivo para o retorno da energia nuclear: as gigantes da tecnologia.
Com a crescente demanda por armazenamento de dados e processamento de informações, as big techs se tornaram algumas das maiores consumidoras de energia do planeta.
Para que seus data centers e servidores possam funcionar 24 horas por dia, 7 dias por semana, essas empresas necessitam de fontes de energia extremamente confiáveis e com grande capacidade de fornecimento.
Em vez de dependerem de fontes de energia renovável, como a solar ou a eólica, que podem ser intermitentes e não fornecem energia constante, as big techs têm se voltado para a energia nuclear como uma alternativa viável e confiável.
A energia nuclear oferece uma base estável e de longo prazo, necessária para manter os data centers operando sem interrupções.
A demanda crescente por data centers e a busca por soluções energéticas sustentáveis
Em um mundo cada vez mais digital, a demanda por data centers continua a crescer a um ritmo acelerado.
Esses centros são essenciais para armazenar informações, processar dados e sustentar a infraestrutura de serviços em nuvem utilizados por empresas em todo o mundo.
Só para se ter uma ideia, de acordo com estudos da GlobalData, o número de data centers está projetado para crescer mais de 10% nos próximos anos, o que implica em uma necessidade crescente de energia.
No entanto, a operação desses centros exige uma quantidade imensa de eletricidade.
Um data center de médio porte pode consumir tanta energia quanto uma pequena cidade.
Com isso, a busca por fontes de energia mais eficientes e sustentáveis se tornou um desafio para as big techs.
O cenário perfeito para a retomada dos investimentos em energia nuclear, que, com sua capacidade de gerar grandes quantidades de eletricidade de forma constante, começa a se tornar uma alternativa viável.
A inovação no setor nuclear: reatores de pequeno porte e o futuro energético
O conceito de reatores nucleares de pequeno porte (SMRs) vem ganhando destaque no cenário energético.
Esses reatores são mais eficientes e podem ser implementados de forma mais flexível, atendendo a diferentes necessidades de fornecimento de energia.
Sua principal vantagem é a segurança aprimorada, com sistemas que evitam o risco de falhas catastróficas, além de serem modulares, o que permite que sejam escalados conforme a demanda.
Além disso, os SMRs têm um custo menor para instalação, tornando-se uma opção atraente para empresas que desejam garantir uma fonte de energia estável sem fazer um grande investimento inicial.
Essa inovação está transformando o setor de energia nuclear, tornando-o mais acessível e adequado às necessidades das big techs, que, por sua vez, estão contribuindo com a sustentabilidade financeira e a segurança do setor.
A relação das big techs com o setor energético: uma parceria estratégica
As grandes empresas de tecnologia não estão apenas investindo na energia nuclear como uma forma de abastecer seus próprios data centers, mas também estão impulsionando a transformação do setor energético como um todo.
Elas estão colaborando com governos e outras empresas do setor para desenvolver novas soluções tecnológicas, criar parcerias estratégicas e investir em pesquisa e desenvolvimento de novos modelos de energia nuclear.
Em um mundo onde as preocupações com a sustentabilidade e as mudanças climáticas estão em alta, as big techs têm desempenhado um papel fundamental na reconfiguração do setor energético, com foco em uma combinação de fontes renováveis e nucleares.
O objetivo é garantir que, no futuro, o fornecimento de energia seja mais seguro, mais limpo e, acima de tudo, capaz de atender à crescente demanda por energia em um mundo digital e cada vez mais interconectado.