A relação comercial entre os Estados Unidos e o Brasil sempre foi marcada por flutuações de tensão e oportunidades.
Recentemente, essa dinâmica parece ganhar um novo capítulo com as perspectivas de tarifas do governo dos EUA, liderado por Donald Trump.
Embraer, Petrobras e empresas do agronegócio estão entre os alvos mais prováveis, conforme um estudo conduzido pelo banco de investimentos BTG Pactual.
A guerra tarifária, que pode atingir diretamente vários setores da economia brasileira, tem o potencial de afetar a balança comercial entre os dois países de maneira significativa.
Cenários possíveis e impacto das tarifas sobre o Brasil
Segundo o estudo do BTG, são dois os cenários principais que podem afetar as exportações brasileiras para os Estados Unidos.
O primeiro, considerado mais provável, prevê tarifas seletivas, com impactos limitados para o Brasil.
Este cenário, embora negativo, não seria tão devastador para os exportadores nacionais, já que a aplicação de tarifas seria moderada e focada em produtos específicos.
Porém, a segunda alternativa, considerada extrema e improvável pelos analistas do BTG, sugere a aplicação de tarifas mais pesadas.
Neste caso, o governo dos EUA poderia elevar a tarifa média para 25%, o que resultaria em uma onda de dificuldades para diversos setores brasileiros.
Para os analistas Iana Ferrão e Pedro Oliveira, do BTG, o Brasil é um alvo potencial dentro do contexto da política tarifária de Trump, que visa a redução do déficit comercial dos Estados Unidos.
O impacto das tarifas sobre a balança comercial
Com a política de “reciprocidade” de Trump, o estudo aponta que as exportações brasileiras para os Estados Unidos poderiam cair substancialmente.
Em um cenário de tarifa moderada de 5,8%, estima-se uma redução de US$ 2 bilhões em 2025 e US$ 3 bilhões em 2026, considerando o impacto das tarifas sobre as exportações de aço, um dos setores mais afetados.
Produtos brasileiros que atualmente são isentos ou enfrentam tarifas baixas, como sucos, carne e etanol, poderiam se tornar menos competitivos no mercado americano, o que teria reflexos diretos na economia nacional.
Produtos que podem ser prejudicados pela guerra tarifária
Se as tarifas mais pesadas forem aplicadas, o impacto será muito mais severo.
O BTG destaca que produtos de setores cruciais para a economia brasileira, como o agronegócio, aeronáutica e petróleo, podem ser fortemente prejudicados.
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Embraer, uma das maiores fabricantes de aeronaves do Brasil, seria diretamente impactada.
Se o governo dos EUA aplicar uma tarifa de 25%, as aeronaves da Embraer se tornariam muito mais caras para as companhias aéreas americanas.
Essa situação comprometeria a competitividade da fabricante brasileira no mercado de aviação civil dos Estados Unidos. -
O setor do agronegócio também seria gravemente afetado.
Produtos como suco de laranja, café, carnes bovina e de frango, açúcar e etanol enfrentariam uma redução drástica na competitividade.
Para esses produtos, as tarifas poderiam ser tão altas que chegariam a tornar a exportação para os Estados Unidos economicamente inviável.
O BTG alerta que muitos desses itens enfrentariam barreiras quase proibitivas. -
Outro setor que sentiria os efeitos das tarifas seriam as empresas de máquinas e equipamentos.
Produtos brasileiros, especialmente os mais especializados, perderiam acesso ao mercado americano.
Esses setores poderiam ver uma queda considerável nas vendas, o que afetaria a produção e o crescimento de muitas empresas do país. -
A Petrobras também poderia ser afetada, já que 2,6% da produção da Petrobras é exportada para os Estados Unidos.
Com a imposição de tarifas mais altas, a competitividade do petróleo brasileiro poderia cair, impactando as exportações e a lucratividade da estatal.
Cenário econômico do Brasil em 2025 e 2026
A guerra tarifária de Trump pode afetar drasticamente a balança comercial do Brasil.
Se as tarifas forem aplicadas da forma mais severa, estima-se que o Brasil perca cerca de US$ 8 bilhões em exportações para os Estados Unidos em 2025.
Além disso, o superávit da balança comercial brasileira, que é um reflexo das exportações, poderia cair em torno de US$ 10 bilhões em 2025 e US$ 13 bilhões em 2026.
Este cenário de prejuízos significativos não é algo simples de ser ignorado.
Os setores mais afetados precisarão se adaptar a essa nova realidade, buscando alternativas para minimizar o impacto das tarifas, o que exigirá inovação e novos mercados para os produtos brasileiros.
O futuro da relação comercial entre Brasil e EUA
A escalada tarifária promovida por Trump traz mais incertezas ao mercado global.
O governo brasileiro terá que se preparar para as possíveis consequências de uma política comercial agressiva.
O estudo do BTG reflete essas preocupações, destacando que o Brasil está vulnerável a uma série de medidas protecionistas que podem prejudicar suas exportações para os Estados Unidos.
Em 2 de abril de 2025, o governo dos EUA deverá anunciar oficialmente as tarifas sobre as importações.
Ainda não se sabe o impacto exato, mas é esperado que essa política afetará diretamente a economia brasileira, especialmente os setores mais vulneráveis, como aeronáutico, agronegócio e petróleo.