Um escândalo de desvio de dinheiro na Capelania Militar São Miguel Arcanjo e Santo Expedito, localizada na Asa Norte de Brasília, vem causando indignação entre fiéis — em especial entre militares que frequentam o templo e tradicionalmente colaboram com doações para eventos religiosos e sociais promovidos pela instituição religiosa.
Paulo C. , de 30 anos, secretário-geral da capelania desde 2019, foi preso em flagrante nesta segunda-feira (26 de maio de 2025) pela Delegacia de Polícia da Asa Norte. Imagens de segurança mostram um momento em que ele se aproveita da ausência de uma outra funcionária do local para embolsar um maço de dinheiro, guardando R$ 470 em espécie nos bolsos da calça e do moletom que usava no momento.
Desvios sistemáticos e até fraude com notas fiscais
Segundo informações divulgadas pelo site metrópoles, as investigações e vídeos coletados apontam que Vasconcelos mantinha o hábito quase diário de desviar recursos oriundos de dízimos, doações, celebrações de casamento, cursos de catequese, festas juninas e doações para outros eventos. Parte significativa dos valores que entravam no caixa da igreja era direcionada para compras pessoais, incluindo notebooks, máquinas fotográficas e até purificadores de ar.
Para disfarçar os gastos, estrategicamente ele enviava ao capelão apenas os códigos de barras dos boletos, sem identificar totalmente a natureza da despesa. Em muitos casos, as “contas” eram compras feitas em lojas de departamento para uso próprio. O secretário ainda apresentava notas fiscais forjadas como se fossem de materiais de escritório — grampeadores, pilhas e canetas — mas que, após verificação junto à Receita Federal, revelaram-se referentes a produtos de alto valor não entregues à igreja.
Um dos documentos falsificados, por exemplo, registrava uma suposta compra de R$ 1.700 em materiais básicos, o que despertou a suspeita do capelão, que acionou a assessoria jurídica da cúria militar.
Repercussão entre militares e medidas judiciais
A denúncia chocou militares de Brasília e da região do Entorno e circulou bastante em grupos de redes sociais da família militar. Muitos dos militares têm relação direta com a capelania e contribuem financeiramente com suas atividades. O templo é conhecido por realizar eventos simbólicos voltados à comunidade militar, e o caso gerou indignação entre os frequentadores, que se sentem traídos pela quebra de confiança de alguém em posição estratégica na administração da paróquia.
Após audiência de custódia, realizada na quarta-feira (28), Paulo C. foi solto, mas responderá em liberdade por furto mediante fraude. Ele está proibido judicialmente de frequentar a capelania, de se aproximar de seus frequentadores e de mudar de endereço sem comunicar à Justiça.