RSM - Revista Sociedade Militar
  • Página Inicial
  • Últimas Notícias
  • Forças Armadas
  • Defesa e Segurança
  • Setores Estratégicos
  • Concursos e Cursos
  • Gente e Cultura
RSM - Revista Sociedade Militar
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Início Defesa e Segurança História Militar

Revelada a operação secreta e real que levou policiais do Rio para combater tanques soviéticos na África

Em missão secreta e real, Governo brasileiro recrutou membros do Grupo de Operações Especiais do Rio de Janeiro, atual CORE, para defender Angola do avanço dos tanques soviéticos e cubanos

por Flavia Marinho
29/05/2025
A A

Você sabia que o Brasil já participou secretamente de uma guerra em plena África, durante a Guerra Fria, enviando seus próprios agentes secretos para sabotar tanques soviéticos e conter o avanço do comunismo? Pois é. Essa história quase sumiu dos livros, mas ela existiu e envolve explosivos, espionagem e decisões políticas que moldaram o relacionamento do Brasil com o continente africano.

Hoje, você vai conhecer os bastidores de uma das operações mais ocultas já conduzidas por brasileiros fora do país: o envolvimento do SNI, o serviço de inteligência militar brasileira, na Guerra Civil de Angola, ao lado das forças apoiadas pelos Estados Unidos, contra o bloco soviético e seus aliados cubanos. E o mais surpreendente: tudo isso feito de forma tão discreta que nem o Exército Brasileiro estava ciente.

O mundo em chamas e o Brasil jogando alto

Em 1975, Angola se tornava independente de Portugal. A descolonização, em vez de trazer estabilidade, abriu espaço para uma guerra brutal entre três grupos armados: o MPLA (apoiado pela União Soviética e por Cuba), a UNITA e a FNLA, sendo estes dois últimos alinhados com os interesses do Ocidente. O país se transformou numa peça estratégica no tabuleiro da Guerra Fria.

O Brasil, comandado pelo presidente Ernesto Geisel, via com preocupação o avanço do bloco comunista no Atlântico Sul, região considerada estratégica para sua segurança energética e política. Além disso, Angola possuía imensas reservas de petróleo, recurso do qual o Brasil ainda era fortemente dependente. Um eventual domínio da MPLA, com influência direta de Cuba e Moscou, poderia resultar no bloqueio da venda de petróleo angolano ao Brasil.

Foi nesse cenário que surgiu uma decisão ousada e silenciosa: o envio de agentes secretos brasileiros para atuar ao lado da FNLA, sabotando o avanço do MPLA e de seus blindados soviéticos. Oficialmente, o Brasil mantinha postura neutra. Nos bastidores, articulava com precisão cirúrgica uma operação de espionagem e sabotagem militar.

O SNI entra em campo: espionagem à moda brasileira

O SNI (Serviço Nacional de Informações), órgão central de inteligência, assumiu a missão. Como não podia envolver diretamente militares das Forças Armadas, o que comprometeria a imagem do país caso fossem capturados, a alternativa encontrada foi o recrutamento de policiais civis. Mas não qualquer um. Foram escolhidos membros do GOI (Grupo de Operações Especiais) do Rio de Janeiro, unidade que hoje corresponde à CORE, conhecidos por sua experiência com explosivos.

Esses homens pediram licença da corporação e embarcaram numa missão que ninguém oficialmente reconheceria. Nem o Exército Brasileiro nem a Polícia Civil sabiam da verdadeira natureza da operação. Para todos os efeitos, seriam apenas mercenários contratados pela FNLA — argumento que seria usado pela diplomacia brasileira caso o plano viesse à tona.

Antes de embarcarem, os policiais passaram por um treinamento intensivo de dois meses com a Brigada Paraquedista do Exército, como parte de um convênio informal existente à época. Isso os tornaria aptos a atuar como verdadeiros comandos, prontos para destruir pontes, desestabilizar rotas e atrasar o avanço dos tanques soviéticos.

Quem era José Paulo Bonesk?

No comando dessa equipe estava José Paulo Bonesk, nome de guerra “Major André”, considerado um dos fundadores da CORE no Rio de Janeiro. Um homem com histórico de combate a guerrilhas comunistas no Brasil e descrito por quem o conheceu como “geneticamente anticomunista”. Disciplinado, técnico e silencioso, Bonesk virou referência entre os aliados africanos.

Segundo o jornalista Câmara Cascudo, que escreveu sobre o conflito angolano, o comandante da FNLA, Holden Roberto, tinha enorme respeito pelo brasileiro. Em suas palavras, o “Major André era um homem vindo de longe, totalmente integrado à luta, com experiência em guerrilha urbana e rural, e que aguentou os combates mais duros sem jamais recuar”.

Uma das poucas fotos conhecidas de Bonesk em Angola o mostra em um acampamento da FNLA, em plena selva, onde liderava a destruição de pontes no norte do país — estratégia vital para impedir o avanço das forças cubanas e soviéticas rumo à capital Luanda.

O fim silencioso da operação

As ações dos agentes secretos brasileiros foram fundamentais para conter o avanço do MPLA. Eles conseguiram destruir diversas pontes estratégicas, forçando os blindados inimigos a parar por dias ou semanas. Isso deu fôlego à FNLA em um momento crítico da guerra. Além disso, ajudaram a treinar combatentes locais e participaram diretamente de confrontos armados.

O soldado mercenário Pedro Silva, que atuou com a FNLA, relatou em entrevistas que a ausência dos brasileiros foi sentida após a retirada: “Eles sabiam exatamente o que fazer. Quando foram substituídos por sapadores angolanos, as explosões começaram a falhar e as pontes voltaram a ser utilizadas com facilidade pelo inimigo”.

Segundo o próprio Silva, Bonesk recebeu uma ordem direta por rádio para se retirar, exatamente no dia em que o Brasil reconheceu oficialmente o governo do MPLA. Isso indica que a ordem pode ter partido do próprio Palácio do Planalto.

Com a saída dos brasileiros, a FNLA perdeu capacidade de resistência técnica, e o avanço soviético se consolidou. A vitória do MPLA, com apoio massivo de Cuba, transformou Angola num dos principais redutos da presença soviética na África pelos anos seguintes.

O silêncio que permaneceu por décadas

Apesar da importância estratégica da missão, o envolvimento do Brasil nunca foi oficialmente reconhecido. Tudo foi conduzido de forma a manter a neutralidade diplomática brasileira, mesmo diante de uma guerra onde os bastidores mostravam o oposto.

Documentos e estudos acadêmicos — como os da historiadora Gisele Lobato, especializada em relações internacionais e regime militar — mostram que nem mesmo o alto comando das Forças Armadas sabia da operação, que foi organizada exclusivamente dentro da estrutura do SNI.

Para saber mais sobre o histórico e o funcionamento do SNI durante o regime militar, acesse este levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Além disso, o Acervo da Comissão Nacional da Verdade também possui registros sobre as atividades externas do Brasil durante a ditadura, incluindo referências indiretas a missões em Angola.

Missão secreta feita por brasileiros anônimos e patriotas poderia ter mudado os rumos do conflito civil em Angola

Essa missão secreta feita por brasileiros anônimos e patriotas poderia ter mudado os rumos da guerra civil em Angola, e serviu como ferramenta de resistência ao avanço soviético em pleno território africano. Mas, como tantas histórias, ela foi enterrada no silêncio, esquecida nos arquivos e omitida das salas de aula.

Brasil, Angola, SNI, Estados Unidos, agentes secretos: todos conectados por um episódio que mostra até onde um país pode ir para proteger seus interesses, mesmo que precise agir fora dos holofotes.

E você, já conhecia essa história? Se esse conteúdo te surpreendeu, compartilhe com seus amigos e deixe um comentário aqui embaixo. O que você acha da atuação secreta do Brasil em Angola? Essas ações deveriam ser reconhecidas oficialmente ou permanecer no silêncio da história?

Ver Comentários

Artigos recentes

  • Revelada a operação secreta e real que levou policiais do Rio para combater tanques soviéticos na África 29/05/2025
  • Vagas para Temporários do Exército: ingresse como Cabo, Sargento ou Oficial sem precisar fazer prova! Veja como participar 29/05/2025
  • Decisão sobre reajuste dos militares foi prorrogada pelo presidente do Senado 29/05/2025
  • Marinha do Brasil testa os limites de 701 Aprendizes-Fuzileiros Navais: curso de formação noturno no CIAMPA atinge o ápice e leva resistência e disciplina ao extremo 29/05/2025
  • Sem trilhos, sem defesa na fronteira: Brasil pode perder território por falta de ferrovias 29/05/2025
  • Chance única na Força Aérea Brasileira: vagas para quem tem até 63 anos ingressar direto como Major, sem concurso! Saiba como participar 29/05/2025
  • Capelania Militar em Brasília é alvo de desvio de recursos 29/05/2025
  • O que há no Acre que atraiu a atenção do alto comando militar dos EUA? Especialista militar explica a polêmica visita do almirante Alvin Holsey ao Brasil 28/05/2025
  • Tiros de obuseiro em Santa Catarina avaliam nova carga de projeção usada pela artilharia do Exército 28/05/2025
  • B-2 Spirit em AÇÃO: A tecnologia que permite destruir sem ser visto 28/05/2025
  • Sobre nós
  • Contato
  • Anuncie
  • Política de Privacidade e Cookies
- Informações sobre artigos, denúncias, e erros: WhatsApp 21 96455 7653 não atendemos ligação.(Só whatsapp / texto) - Contato comercial/publicidade/urgências: 21 98106 2723 e [email protected]
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Conteúdo Membros
  • Últimas Notícias
  • Forças Armadas
  • Concursos e Cursos
  • Defesa e Segurança
  • Setores Estratégicos
  • Gente e Cultura
  • Autores
    • Editor / Robson
    • JB REIS
    • Jefferson
    • Raquel D´Ornellas
    • Rafael Cavacchini
    • Anna Munhoz
    • Campos
    • Sérvulo Pimentel
    • Noel Budeguer
    • Rodrigues
    • Colaboradores
  • Sobre nós
  • Anuncie
  • Contato
  • Entrar

Revista Sociedade Militar, todos os direitos reservados.