O presidente da Rússia, Vladimir Putin, autorizou a maior convocação de recrutas para o serviço militar dos últimos anos, convocando oficialmente 160 mil homens com idades entre 18 e 30 anos. A convocação foi anunciada por meio de um decreto presidencial publicado na segunda-feira (31/03) e será realizada entre os dias 1º de abril e 15 de julho. Trata-se da maior chamada desde 2011, quando 200 mil homens foram alistados. A decisão ocorre em um momento delicado, com os Estados Unidos reforçando apelos por um cessar-fogo imediato na guerra da Ucrânia.
Além da convocação expressiva, Putin aumentou o limite de idade para o alistamento militar, que antes era de 27 anos, permitindo agora que mais cidadãos se tornem elegíveis. O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, acusou o líder russo de prolongar deliberadamente as negociações de paz como estratégia para conquistar novos territórios. A meta do Kremlin é ampliar o contingente militar da Rússia para 2,4 milhões de homens, dos quais 1,5 milhão seriam efetivos em serviço ativo.
Medida pretende fortalecer defesa russa diante da guerra na Ucrânia e da recente expansão da Otan no norte da Europa
O Ministério da Defesa da Rússia justificou a nova convocação com base em “ameaças crescentes” relacionadas tanto ao prolongamento da guerra na Ucrânia quanto à expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Desde o início do conflito, países como Finlândia e Suécia se uniram à aliança militar ocidental, alegando temor de sofrerem ataques semelhantes aos registrados em solo ucraniano.
Apesar das tensões crescentes com o Ocidente, o Kremlin afirma que os novos recrutas não serão enviados diretamente para o conflito na Ucrânia. Segundo o governo russo, os alistados devem cumprir um período obrigatório de 12 meses de serviço militar antes de serem liberados, e as convocações atuais não teriam relação com a guerra. No entanto, há registros de jovens russos capturados em combate, e o próprio Putin admitiu, no início do conflito, que alguns recrutas foram enviados ao front por engano.
A informação foi divulgada por veículos como Deutsche Welle, AFP e BBC, que também destacaram os dados referentes à mobilização militar russa desde 2022. Naquele ano, mais de 300 mil reservistas foram chamados em uma “mobilização parcial” para reforçar as tropas na Ucrânia. A ação provocou a fuga em massa de centenas de milhares de homens russos, que buscaram evitar o envolvimento no conflito armado. Paralelamente, a Rússia tem recorrido à contratação de soldados profissionais, incluindo estrangeiros e imigrantes, com ofertas de altos salários e bônus de alistamento.
De acordo com estimativas da BBC, a Rússia já teria perdido mais de 100 mil soldados no conflito, enquanto a Ucrânia calcula em cerca de 46 mil o número de militares mortos em suas fileiras. O conflito, iniciado em fevereiro de 2022, completa agora três anos, com milhões de refugiados, milhares de mortos e um cenário cada vez mais incerto no leste europeu.
Com informações de: Dw