Um relatório divulgado pelo U.S. Naval Institute, com base em um documento do Serviço de Pesquisa do Congresso dos EUA datado de 14 de abril, revela preocupações crescentes sobre o futuro do controle de armas nucleares entre EUA, Rússia e China. O presidente Donald Trump defendeu “possíveis discussões com a Rússia e a China sobre a redução de armas nucleares” em janeiro deste ano, enquanto o presidente russo Vladimir Putin “sinalizou alguma potencial abertura para discutir o controle de armas”, segundo o documento.
O futuro incerto do New START
O tratado New START de 2010, que limita os arsenais estratégicos de EUA e Rússia a “1.550 ogivas posicionadas em 700 veículos de lançamento estratégicos”, expira em fevereiro de 2026. Esta é atualmente a única limitação formal em vigor para os arsenais nucleares das superpotências.
Contudo, o relatório alerta que “desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, Moscou se recusou a conduzir ou sediar inspeções no local exigidas pelo New START ou a participar de consultas”. A situação deteriorou-se ainda mais quando “em fevereiro de 2023, o presidente Putin anunciou que a Rússia ‘suspenderia a participação’ no New START”, embora autoridades russas tenham declarado que “a Rússia observaria os limites do Tratado, mas suspenderia as trocas de dados”.

Relatório do Congresso americano alerta para avanço de armas fora de tratados, satélites nucleares russos e expansão acelerada da China. (Foto: Reprodução/US Naval Institute)
O Departamento de Estado americano classificou esta suspensão como “legalmente inválida” e implementou contramedidas não especificadas.
Novas ameaças russas além do tratado
O relatório identifica múltiplas ameaças nucleares russas que não são cobertas pelo New START. “A Rússia tem sistemas nucleares não estratégicos que não se enquadram no New START”, destaca o documento, notando que as administrações Obama, Trump e Biden “buscaram sem sucesso negociar limites verificáveis sobre essas armas”.
Particularmente alarmante é a revelação de que “segundo a avaliação não classificada da comunidade de inteligência americana para 2025, a Rússia está desenvolvendo um novo satélite destinado a transportar uma arma nuclear” – uma capacidade completamente nova que poderia alterar o equilíbrio estratégico global.
Outros sistemas preocupantes incluem “uma nova ICBM pesada e um veículo de deslizamento hipersônico montado em ICBM” que a Rússia incluiu no New START, bem como “um míssil de cruzeiro movido a energia nuclear e um sistema subaquático autônomo” que permanecem fora de qualquer estrutura de controle de armas.
A emergência da China como segunda potência nuclear rival
O documento expressa séria preocupação com a China, que está expandindo rapidamente seu arsenal. “De acordo com uma avaliação não classificada do DOD de 2024, a China pode ter mais de 1.000 ‘ogivas nucleares operacionais’ até 2030“, alerta o relatório.
A Comissão do Congresso sobre a Postura Estratégica dos Estados Unidos advertiu explicitamente sobre “a emergência de uma ameaça de dois pares nucleares”, argumentando que os EUA precisam desenvolver uma estratégia antes de “estabelecer limites de controle de armas nucleares para o período 2027-2035”.
O custoso programa de modernização nuclear americano
Os EUA avançam com um amplo programa de modernização que inclui “a aquisição de um novo ICBM; um novo bombardeiro estratégico; um novo submarino de mísseis balísticos; atualizações em seu sistema de comando, controle e comunicações nucleares (NC3) e capacidades de dissuasão regional; e a modernização de seu complexo de armas nucleares.”
Este programa tem um custo substancial: “O Congressional Budget Office (CBO) estimou em 2023 que a operação e modernização das forças nucleares dos EUA poderiam totalizar mais de $75 bilhões por ano.” O presidente Trump declarou que “tremendas quantias de dinheiro estão sendo gastas” em armas nucleares e expressou esperança de que os três países possam reduzir gastos com defesa.
Divisões no Congresso
O relatório revela graves divisões no Congresso americano. “Alguns membros argumentaram que há ‘valor contínuo’ no controle de armas e ‘instaram’ conversas para um novo tratado e observância mútua dos limites do New START”, enquanto “outros membros expressaram preocupações com o não cumprimento russo de compromissos de controle de armas” e “enfatizaram a importância da modernização nuclear dos EUA”.
Diante deste cenário complexo, o Congresso considera “medidas formais e informais de redução de riscos” com Rússia e China “para aumentar a previsibilidade e reduzir a incerteza”, embora reconheça que “a disposição da Rússia para discutir a redução de riscos é incerta”.
Leia o relatório completo clicando aqui.