Um relatório técnico do Laboratório Nacional de Los Álamos, ligado ao governo dos Estados Unidos, trouxe à tona uma acusação contundente: o Brasil teria plenas condições de desenvolver uma bomba atômica em apenas 12 meses. A instituição, subordinada ao Departamento de Energia dos EUA, sustenta que o país sul-americano já domina a tecnologia nuclear necessária, bastando apenas uma decisão política para iniciar a produção.
Vale lembrar que apesar do Brasil não ter bombas atômicas, mas o país está entre os mais desenvolvidos em termos de conhecimento e domínio de tecnologias nucleares. Detém a nona maior reserva de urânio do mundo e também é reconhecido pela World Nuclear Association como uma das 13 nações capazes de enriquecer o minério.
A afirmação americana reabre um antigo debate sobre segurança nacional, soberania e o papel estratégico do Brasil no cenário global.
Invasão da Ucrânia e ameaças nucleares reacendem tensão internacional
Desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, o mundo voltou a conviver com o medo do uso de armas nucleares. O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que usaria esse tipo de armamento contra países que representem ameaça à segurança nacional da Rússia. “A resposta será imediata e as consequências como nunca antes vistas na história”, advertiu.
Essa ameaça se torna ainda mais grave à luz de um episódio pouco lembrado: nos anos 1990, a Ucrânia, com apoio dos EUA, entregou suas armas nucleares à Rússia em troca de garantias territoriais. Décadas depois, essas promessas foram ignoradas. A Rússia, potência atômica, invadiu o território ucraniano, que hoje não tem bombas nucleares para se defender.
Curiosamente, os próprios Estados Unidos — que se apresentam como defensores da democracia mundial — vêm adotando posturas cada vez mais agressivas. Washington já cogitou enviar tropas ao Canal do Panamá, país sem Forças Armadas desde os anos 90, e, sob o governo Trump, ameaçou anexar a Groenlândia, território soberano da Dinamarca, integrante da OTAN.
Brasil tem tecnologia para produção de armas nucleares, mas escolheu renunciar ao armamento
Em meio a esse panorama de instabilidade e revisionismo geopolítico, o Brasil ocupa uma posição peculiar. O país é detentor de vastas riquezas minerais, energéticas e biológicas, além de possuir território continental. Ainda assim, optou por renunciar ao desenvolvimento de armas nucleares, apesar de dominar a tecnologia para tanto.
Essa renúncia foi fruto de decisões políticas tomadas a partir do final dos anos 80. O presidente José Sarney, sob pressão direta dos EUA, criou uma agência de fiscalização conjunta com a Argentina para monitorar e restringir avanços na área nuclear.
Fernando Collor de Mello interrompeu projetos secretos das Forças Armadas voltados à construção de artefatos nucleares. Em 1998, Fernando Henrique Cardoso assinou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), posicionando o Brasil como país não detentor de armas, mesmo já tendo domínio técnico.
Em 2018, Michel Temer deu continuidade a essa política ao ratificar o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares. Com isso, o Brasil passou a ter sua Constituição e leis comprometidas com a não produção de bombas atômicas — o que tornaria qualquer iniciativa nesse sentido passível de punição judicial, incluindo impeachment.
Los Álamos revela: Brasil poderia enriquecer urânio para bombas em tempo recorde
A acusação dos EUA ganhou peso ao partir de uma das instituições mais renomadas no campo da tecnologia nuclear: o Laboratório Nacional de Los Álamos. Segundo os cientistas norte-americanos, a usina de enriquecimento de urânio da INB (Indústrias Nucleares do Brasil), localizada em Resende (RJ), já possui centrífugas capazes de atingir pureza de 90% — o patamar necessário para uso militar.
De acordo com a análise, bastaria uma reconfiguração técnica para que o Brasil iniciasse a produção de material físsil com finalidade bélica. O tempo estimado? Apenas um ano. A acusação feita pelos EUA não apenas reconhece a capacidade tecnológica do Brasil, mas também demonstra preocupação com o eventual abandono dos compromissos internacionais assumidos por Brasília.
Domínio tecnológico existe, mas faltam mísseis intercontinentais
Apesar de ter acesso à tecnologia de enriquecimento de urânio e conhecimento sobre ogivas nucleares, o Brasil ainda não possui um sistema completo de dissuasão. Para que uma bomba atômica seja funcional em termos estratégicos, é preciso contar com um vetor de lançamento — mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs), capazes de atingir alvos a milhares de quilômetros.
Esse é um obstáculo ainda não superado. O Brasil não desenvolveu um ICBM, mas poderia alcançá-lo por meio do avanço do seu programa espacial, já que os foguetes lançadores de satélites compartilham a mesma base tecnológica dos mísseis estratégicos.
Infelizmente, o programa espacial brasileiro sofreu um duro golpe em 2003, com o trágico acidente em Alcântara, que destruiu o principal foguete nacional e vitimou dezenas de cientistas. O episódio, segundo analistas, foi alvo de suspeitas de sabotagem por parte de serviços secretos estrangeiros, incluindo os EUA e a França.
Brasil já domina mísseis táticos para ogivas menores
Mesmo sem ICBMs, o Brasil possui domínio sobre tecnologias de menor alcance. Mísseis táticos, que podem ser lançados por caças, submarinos, navios e sistemas terrestres, seriam suficientes para transportar ogivas nucleares de uso regional.
Essas armas teriam papel relevante na proteção de áreas estratégicas como o Atlântico Sul e a Amazônia. Em um cenário de guerra convencional ou híbrida, poderiam representar uma poderosa ferramenta de dissuasão contra invasões ou ameaças concentradas.
Parlamentares e ministros já defenderam a bomba atômica no Brasil
A acusação dos EUA reacende um debate que nunca esteve totalmente encerrado. Diversos políticos brasileiros, inclusive de governos recentes, já se manifestaram favoráveis ao desenvolvimento de armas nucleares.
Em 2019, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, então presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, defendeu a bomba atômica como elemento de equilíbrio entre potências. Ele citou o Paquistão como exemplo: “Se só um dos lados tivesse a bomba, o equilíbrio com a Índia não existiria.”
O ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, também apoiou a proposta em 2003, ainda no primeiro governo Lula. Anos antes, o notório Enéas Carneiro defendia abertamente a criação de armamento atômico como escudo contra ameaças externas.
Segurança nacional ou submissão estratégica: qual o caminho para o Brasil?
Com a denúncia pública feita por cientistas norte-americanos, o debate sobre o armamento nuclear no Brasil volta ao centro da agenda. Resta saber se o país seguirá renunciando à tecnologia que já domina — mesmo sob risco de vulnerabilidade — ou se reconsiderará sua posição frente à instabilidade global.
Afinal, o que deve prevalecer: o receio por sanções dos EUA ou a proteção da soberania nacional com base em tecnologia estratégica de dissuasão?
E você, o que pensa sobre o tema? O Brasil deveria produzir sua bomba atômica? Comente abaixo.