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Militares criticam falas de Lindbergh farias sobre “supersalários”: Congresso de associações reuniu militares de várias patentes, incluindo um oficial general

Evento no Rio de janeiro reúne militares em discussões sobre salários e direitos

por Sociedade Militar Publicado em 06/06/2025
Militares criticam falas de Lindbergh farias sobre “supersalários”: Congresso de associações reuniu militares de várias patentes, incluindo um oficial general

Na última quinta-feira (5), a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) sediou o III Congresso Brasileiro das Associações de Militares. O evento, que reuniu lideranças das Forças Armadas e representantes de entidades de classe, serviu como espaço de reflexão, denúncia e articulação política.

Durante um dos intervalos do congresso, o suboficial da reserva da Marinha do Brasil, Wagner Coelho, concedeu uma entrevista ao canal Fala Praça, conduzida pelo também militar da Marinha Marcelo, abordando temas de interesse da categoria militar.

A entrevista é importante para se destacar pontos centrais da realidade vivida por militares da ativa e da reserva, especialmente a preocupação com possíveis alterações no sistema de proteção social e salários defasados. Wagner Coelho foi direto ao abordar a intenção do Governo Federal em retirar a paridade salarial entre ativos e inativos:

“ deputada Gleisi Hoffman… o Lindbergh Farias onde eles afirmaram que nós temos super salários principalmente indo para casa então a gente sabe que é a intenção realmente desse governo que está lá nesse momento… A gente precisa de representatividade na Câmara Federal”.

A dignidade dos militares

Segundo ele, a luta contra essa medida já está em curso, com articulações em Brasília desde o início do ano. Citando políticos em mandato, Wagner reforçou que as autoridades têm mencionado o que chamam de “supersalários” para militares na reserva, justificando a retirada da paridade. Para ele, a questão não é apenas financeira, mas envolve a dignidade e a meritocracia dos militares. “Cadê a minha? Eu tô na reserva”, questiona, referindo-se à ausência de valorização para quem já serviu por décadas.

Outro ponto relevante da entrevista foi a desigualdade no reconhecimento de cursos de pós-graduação. Wagner criticou o fato de oficiais receberem acréscimos salariais quando realizam altos estudos, enquanto as praças não têm o mesmo direito. “Nós temos sim projeto para tentar melhorar essa situação”, afirmou, mencionando também a falta de avanço nos diálogos com o alto comando e a interferência de gabinetes parlamentares subordinados aos comandos militares.

Wagner também chamou atenção para o crescimento do número de militares temporários, alertando para o risco de perda de experiência e continuidade. “Você ficou 30 anos ali dentro… Agora o militar com 8 anos serve, vai embora”, declarou, apontando que na sua ótica o atual modelo compromete o acúmulo de conhecimento nas forças armadas.

Ao falar sobre a reforma da previdência militar, Coelho foi enfático ao denunciar a criação de múltiplas categorias de militares. “Nós não temos hoje três categorias… Temos quatro. Temos o pessoal do QTA também.” Ele criticou a forma como a reforma dividiu a tropa, deixando suboficiais da reserva sem respaldo legal ou político. “A administração militar não provou… Se eu trago 300 militares no concurso público, eu tenho que ter vaga para esses 300 seguirem carreira.”

O capital político dos militares das Forças Armadas

Um dos trechos mais interessantes da entrevista tratou do “capital político” da categoria militar. Segundo Wagner Coelho, os militares e seus familiares diretos somam mais de 1,5 milhão de eleitores só no Ri ode Janeiro. “Nós não precisaríamos nem de verbas de partido… Temos o campo político que é o voto.” Ele defende que a categoria deixe de “viver das migalhas dos outros” e concentre forças na criação de uma bancada própria. “Só sabe onde dói o calo quem calça o sapato apertado.”

Sobre o esvaziamento das associações e a baixa mobilização:  “As associações foram esvaziadas… Os clubes estão vazios… As pessoas não querem atuar em comunidade”, alertou. Para ele, o caminho passa por união e superação de rótulos ideológicos:

“sugiro que o pessoal seja mais unido esqueça essa ideologia de direita de esquerda porque na verdade todos nós queremos o que é bom nós queremos saúde educação remuneração pensão nós queremos”

https://www.youtube.com/watch?v=ON_ug3IvRCc

Robson Augusto – Revista Sociedade Militar

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