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Home Colaboradores - artigos, estudos, reportagens

Entre César e Cristo, o Atalho sacrílego do bolsonarismo (JB Reis / Veteranistão)

by Sociedade Militar
07/12/2021
in Colaboradores - artigos, estudos, reportagens
Reading Time: 6min read
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“– Os deuses, não creio neles… Mas creio nos espectros… Os espectros…”

(Henryk Sienkiewicz)

A esquerda política brasileira, a partir da redemocratização e com o banimento dos militares, aparelhou a máquina estatal. Fruto da reação militar ao governo Dilma, Bolsonaro se elegeu com uma pauta cheia de discursos vazios e verniz conservador. A repulsa pelo passado, mais do que uma séria reflexão sobre o futuro, foi o que emplacou o azarão presidencial. Seu governo tem se revelado um pastel de vento com pitadas ocasionais de horrores ideológicos e fracassos pragmáticos inquestionáveis. Emparedado pela incapacidade de dialogar e pela evidente falta de talento para governar a Nação, fazendo uso indecente da boa fé de um dos povos mais religiosos do mundo, Bolsonaro apela para a aposta perigosa e imoral de vender uma imagem de culto a um justiçamento salvador, sendo ele o sacerdote maior dessa teocracia circense.

Após o fracasso da revolução armada, a esquerda infiltrou-se até os ossos na cultura, apossando-se de corações e mentes. Ainda hoje não há setor do poder público que não tenha os seus tons de vermelho mais ou menos declarados. Desde os programas escolares até as colaborações transnacionais – estas últimas primando mais pela ideologia do que pelo viés econômico – era descarado o rumo duvidoso que o País tomava. Nos três poderes da República, a corrupção é endêmica e a ideologia nada mais é do que um esmalte fino que mal disfarça as consciências vendidas. Nos planos interno, social, econômico, cultural, reina uma defasagem entre os anseios legitimamente brasileiros e aquilo que são as políticas e práticas públicas alienígenas enxertadas na medula da Nação contra a sua vontade. Os milicos, varridos para debaixo do tapete, apenas observam de longe a derrocada nacional com aquele sentimento bem mesquinho de “bem feito, queriam liberdade? Enforquem-se nela”. Classe eminentemente elitista, desde que a água não chegasse aos quartéis, não iriam se mover.

Mas, como a melhor vingança é sempre comida fria, eis que uma ex-guerrilheira comunista ganha a eleição para a Presidência e, num ato de escrachado revanchismo, instaura a comissão da “verdade”, cujo objetivo era exumar os crimes cometidos pelos militares durante a ditadura. Uma afronta aos generais de pijama do clubinho militar. Espumam e babam, mas nada fazem – o que poderiam fazer, afinal? Mas o espírito militar não podia deixar essa afronta passar em branco. Imagina, tortura na ditadura! Que absurdo!

Mas como concretizar a ideia? Os arquitetos do golpe só tinham um tiro. Bolsonaro. Político obscuro, de passado igualmente nublado, o Messias da vingança verde-oliva só tinha a seu favor as opiniões polêmicas, que apesar de soarem incômodas a ouvidos mais requintados, eram o reflexo sem polimento do brasileiro mais rastaquera, que foi apelidado pela direita de “conservador” e pela esquerda de “extrema direita”. Pena de morte, tortura, armas para o cidadão “de bem”, educação militarizada, família patriarcal conservadora e, coroando o arsenal de frases de botequim, “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, foram a plataforma de Bolsonaro e daquilo que deveria ter sido a redenção política do Brasil.

Desenganados por tantos anos de presidentes que governavam para as elites metidas a besta, saturados da roubalheira petista, encantados com a possibilidade de ter Sérgio Moro como Ministro da Justiça, milhões não puderam ver a armadilha (não tão) óbvia de quem não tinha realmente nada a oferecer. Um a um, os que davam respaldo moral ao governo Bolsonaro, foram expurgados, Moro, Santos Cruz, Olímpio, Weintraub, entre outros. O governo do sonho conservador, sob a batuta canhestra do Presidente boca suja, vem se desintegrando como uma kombi sem freios ladeira abaixo. Só ficaram os generais golpistas, que hoje recebem salários milionários para, entre outras coisas, manter religiosamente a gasolina o mais cara possível.

Um indício de que o fenômeno Bolsonaro não passava de um ataque improvisado foi o fato de as pastas da cultura e da educação – que deveriam ser a menina dos olhos para um governo que se dizia conservador – terem atraído elementos estranhos com (nem tão) inacreditáveis inclinações ao nazifascismo. Emblemático e que não pode ser esquecido jamais, o caso do primeiro ministro da cultura, Roberto Alvim foi uma vergonhosa prova disso. Recentemente o enésimo ministro da educação afirmou que seria bom separar (segregar) certos “tipos” de crianças das salas de aula. Também disse que a universidade não deve ser para todos (ele não deve ser brasileiro, pois a universidade já é só para raros há séculos). O afundamento da economia, exceto para quem tem dólar de sobra, indica que o próximo “traidor do Mito” deve ser o ministro Paulo Guedes. Por fim, o triste caso da administração da crise de saúde causada pelo vírus chinês provou que lugar de general é mesmo dentro das quatro linhas do quartel. Infelizmente para todos nós brasileiros, fiascos e fracassos se sucedem.

O Presidente é realmente um homem só. Parece não ter equipe, se a tem, ele não a ouve ou ela é de mudos. Não exibe plano de governo, exceto a luta quixotesca contra o comunismo. Não tem a quem apelar, exceto às bravatas semanais. Prefere a guerra a qualquer tipo de paz. Não consta que o povo (a não ser no cercadinho presidencial) prefira fuzil a feijão – o que joga por terra a pauta de que pólvora  traz felicidade. O voto impresso, assim como o veto máximo ao fundão eleitoral – cânula que leva nosso sangue até os vampiros de Brasília – foram sepultados. Bolsonaro é o “anti-voto”. Quem votou nele (os que pensam, não os desmiolados) “desvotou” em Lula. Quem foi ao sete de setembro, não foi por ele, foi contra os abusos do STF. Bolsonaro é o político clássico: vive de apontar os erros dos outros. Vive de ser “um mal menor”. É como o petismo acabrunhado do “rouba, mas faz”. Ele mesmo, nada faz de bom ou relevante. Mas ele quer se reeleger. Quem será seu cabo eleitoral? Aqui a derradeira profanação do Messias bolsonarista: o Pai, que está nos céus!

Mais de 88% dos brasileiros ouvidos pelo IBGE, de acordo com o censo de 2010 são cristãos. Se incluirmos os espíritas, chegaremos a 90%! Isto é, o país é maciçamente cristão. É quase 20% mais do que na Rússia, nos EUA e em toda a UE. Este era um território ainda inexplorado pelos que almejavam o poder político. Por incrível que pareça, a politicalha convencional mantinha uma distância segura desse “mercado”. Pruridos morais? Ojeriza ideológica? Respeito? Parece que só um desesperado inconsequente ousaria misturar Deus e Mamon em nome do poder público.

Há um motivo muito bom para que a democracia seja laica. E não é para proteger o Estado nem ofender o espírito religioso, ao contrário, é uma maneira de preservar o cidadão dos “fariseus hipócritas”, políticos da pior categoria que, se puderem, vão se aproveitar da religiosidade e da boa fé natural das pessoas para angariar poder. Quem poderia ser contra a justiça? Quem poderia se opor à família? Quem, em suma, num país como este, poderia se erguer contra Deus? Quando se alia o recorrente discurso vitimista e ao mesmo tempo beligerante de Bolsonaro a elementos sagrados à nossa sociedade, é fácil ver que muitos, mas muitos estão sendo ingenuamente cooptados. Dizer-se temente a Deus e cinco minutos depois clamar pela pena de morte é um paradoxo que dá curto circuito em muitas mentes incautas. Esses elementos são subliminares, estão entre as emoções e o pensamento. Nesse limbo a racionalidade é inútil. Nesse limiar está o atalho do conservadorismo bolsonarista mais radical. Acusam Bolsonaro de ser um imbecil por viver falando de comunismo, ataque à família, etc. Isso não pode estar mais longe da verdade. O que ele faz, sim, é jogar baixo, muito baixo. Manipulando os medos mais básicos da população, ressuscitando um maniqueísmo tribal, ele se oferece convenientemente como o salvador da Pátria ultrajada.

É sempre bom lembrar o que disse o escritor católico Fr. Livio Fanzaga, em seu livro Wrath Of God – The Days Of The Antichrist (“A Ira de Deus – Os Dias do anticristo”) “tome muito cuidado quando autoridades políticas começarem a louvar o cristianismo e a falar bem dele”. O renascente conservadorismo brasileiro, se isso existe de fato, começa com o pé esquerdo, tendo esse tipo de manobra em sua conta. E, assim, de mazela em miséria, o Brasil desce o plano inclinado da História…

JB Reis / https://linktr.ee/veteranistao

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