Título original. COMO A INCAPACIDADE DA IMPRENSA INTERFERE NA SEGURANÇA PÚBLICA
É incrível a incapacidade dos jornalistas de diferenciarem ROUBO de FURTO.
Bem como a crítica vazia e descompromissada, sem o real interesse em resolver o problema, ou na melhor das hipóteses, quererem que o problema da criminalidade seja resolvido através de sue viés utópico e ideológico.
FURTO – ART. 155 DO Código Penal – Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel.
ROUBO – ART. 157 DO Código Penal – Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido a impossibilidade de resistência.
A pena por roubo é bem maior, devido a violência empregada.
Em geral no Brasil, as penas são brandas, praticamente não existe investigação, há um excesso de benefícios para os presos, e decisões do judiciário estão cada vez mais a favor das “vítimas da sociedade”.
Na prática, quem pratica um furto não fica preso. É comum policiais abordarem criminosos com dezenas de antecedentes criminais, perambulando livres pela rua esperando alguma oportunidade para cometerem mais crimes.
Se, se acordo com as estatísticas, apenas 3% dos roubos chegam a fase de sentença, esses criminosos reincidentes, cometeram muito mais crimes do que suas fichas criminais comportam.
A polícia enxuga gelo, tudo que é policial sabe disso e cansa de falar, o legislativo pouco se importa e o judiciário, ungidos de saber, ainda possui interpretação própria das leis, geralmente mais benevolentes.
Em nenhum momento, com exceção da rede Jovem Pan e de poucas revistas como a Sociedade Militar, fazem a crítica ao legislativo e ao judiciário.
Nunca contam que crimes como furto, por exemplo, o ladrão não fica preso, e é por isso que rouba.
Nunca cobram as autoridades por uma polícia investigativa eficiente, e sim cobram por policiamento ostensivo.
Essa cobrança não é pra resolver a questão e sim oportunidade para criticar a PM, o alvo preferido da esquerda. Olha que interessante, uma ideologia que não quer ver polícia, cobra uma polícia presente, se possível a cada esquina.
Essa turma, geralmente criada com avó e vivendo em local seguro, obviamente não querem a violência, mas acreditam em soluções mágicas, bem intencionadas e politicamente corretas.
“Mais livros menos armas”, “mais escolas menos prisões”.
Acreditam que se todo criminoso tivesse uma oportunidade, por sua livre consciência mudaria de “profissão”. Como se um traficante ou estelionatário, ao aprender um ofício na penitenciária trocasse seus crimes para ser marceneiro, por exemplo.
Após décadas estudando o crime na teoria e na prática, chego a triste conclusão de que o judiciário e a imprensa, são parte do problema.
Então, o problema é muito mais complexo e de difícil solução, mas ela existe.
Os meios culturais foram tomados pela ideologia de esquerda, e a esquerda democrática preza pelo garantismo legal (palavras sempre bonitas), enxergam o criminoso como vítima da sociedade e do capitalismo. Lutam pelo desencarceramento, a liberação de drogas e nesse sentido “ações afirmativas” que até auxiliam o uso de drogas, em um país cercado por narcoditaduras.
O domínio desse pensamento nas universidades transformou o país nisso que vemos. Uma guerra urbana. Estudantes de ontem são os juízes e promotores de hoje.
Não há um só lugar que a esquerda tenha tido sucesso em suas políticas de Segurança Pública, exceto nos países comunistas, que paradoxalmente não respeitam Direitos Humanos, muito menos todo o garantismo que a esquerda democrática cobra dos países livres.
Os socialistas/progressistas se preocupam em demasia com o criminoso e ignora por completo as vítimas. Estão há quase 40 anos no poder nesse país e os números não mentem.
Cheguei a pensar que a questão fosse meramente administrativa e legislativa, mas está muito além disso.
A polícia precisa se reestruturar, a PM precisa atuar com o ciclo completo de polícia, sem depender da Polícia Civil, qualquer profissional de Segurança Pública sabe disso.
É necessário investimento na polícia investigativa, que não deve utilizar viaturas caracterizadas, muito menos fardamentos espalhafatosos imitando tropas especiais de diversas partes do mundo. A concentração deve estar na inteligência.
Os estado deve tomar de volta as áreas perdidas para o crime organizado e sistema penitenciário tomar de volta os presídios.
O legislativo deve rever toda a nossa legislação penal.
Ainda assim, não teríamos o efeito desejado devido a doutrinação ideológica. Combater isso é um processo lento e similar ao que a esquerda fez. Retomar espaço nos meios acadêmicos e culturais.
Assim, a imprensa deve dar nome aos bois, orientar a sociedade sobre o que ocorre e porque ocorre. Especificar que a polícia faz o trabalho dela e que criminosos são constantemente presos porque não deveriam ter sido soltos, seja pela facilidade da reincidência ou absurdos como saídas temporárias ou progressões de regimes.
Dessa forma, a opinião pública força todos os demais sistemas a realizarem a vontade do povo. Ou acha que um político está mais preocupado com a Segurança Pública do que em verbas que pode pegar do orçamento secreto e outras?
A outra questão é que profissionais mais conservadores na questão do crime cheguem a posições que suas decisões interfiram nos resultados. Juízes não podem (não deveriam) ir além da lei, tomar decisões de cunho ideológico ou dificultar que seja cumprida a decisão do legislador, que in tese é a decisão do povo.
Eles fazem isso cada vez mais, contudo é assunto para outra matéria.
Davidson Abreu
Analista de Segurança Pública com mais de 29 anos de experiência. / Bacharel em Ciências Sociais e Jurídicas. / Professor, Escritor e palestrante. / Autor do livro Tolerância Zeroe outros.