Mesmo enfrentando uma queda significativa na interação nas redes sociais, quando o engajamento dos seguidores nas postagens é comparado a sites de instituições bem menores e sofrendo com a enxurrada se comentários negativos, como pode-se ver nessa detalhada análise publicada pela Revista Sociedade Militar, a Força Terrestre tenta enviar recados para o público interno e com isso fortalecer valores como Coesão e disciplina. Vários posts chamando a atenção para esses valores tem sido percebidos nas redes sociais da força.

A situação é bastante complicada e termos como generais e militares hoje estão entre os mais buscados nos browsers da internet. Diversos oficiais generais têm sido mencionados como envolvidos em escândalos que variam desde acusações de intermediação para venda de material ligado à presidência da república, praticando delitos como discursos de palanque estando na ativa, oficiais sendo indiciados por facilitação para depredação de patrimônio público, até generais admitindo cooptação política de parlamentares por meio de lobby feito dentro do Congresso Nacional.
Embora a disciplina seja fundamental, um dos dois pilares básicos a ser observados pelos militares, algo inerente ao “ser militar”, tudo indica que a necessidade de relembrar a importância do valor tem crescido muito. Obviamente isso ocorre por conta do que tem ocorrido nos últimos anos.
Alguns incidentes que vazaram para o “mundo exterior” indicam que ocorreram problemas relacionados a disciplina. Poucos meses após a admoestação de um general que discursou em um palanque político, percebeu-se sargentos da ativa participando de lives junto de parlamentares e discutindo sobre questões salariais e da carreira, algo que é terminantemente proibido para militares na ativa.
O Regulamento Disciplinar do Exército Brasileiro enfatiza que todos os militares, do soldado ao general, precisam acatar e observar rigorosamente todas as leis e preceitos disciplinares.
“A disciplina militar é a rigorosa observância e o acatamento integral das leis, regulamentos, normas e disposições, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever parte de todos e cada um dos componentes do organismo militar”
Na própria definição de disciplina encontrada no Decreto número 4.346, de 26 de agosto de 2002, consta o termo organismo militar. Um organismo tem que ter todas as partes funcionando em perfeita coesão. E esse termo também tem sido reiteradamente mencionado pelos atuais líderes, o que indica que a força pode terrestre estar se sentindo fragilizada nessa linha.

Meses atrás, o então Comandante militar do Nordeste, general Richard Fernandez Nunes, em um artigo publicado no Eblog, mencionado nesse texto publicado na Revista Sociedade Militar, declarou que há em certa parcela da sociedade o que ele chamou de “inconformismo com a tradicional postura legalista e de neutralidade do Exército” e que isso acaba tendo como consequência “ataques a reputações típicos de regimes totalitários” e “insultos a camaradas de longa data”.
Segundo Richard, oficial do Alto Comando, a intenção dos ataques é estimular quebra de hierarquia no Exército. Seria de se esperar que a força terrestre estivesse imune a esse tipo de ação, passível de ser enquadrada como uma espécie de operação psicológica amadora, com o objetivo de “tentar atingir a coesão da Força”. Entretanto, ao que parece, mesmo “operações” amadoras e realizadas por um grupo de civis insatisfeitos tem gerado problemas para a cúpula do EB.
A aparente queda de prestígio perante a sociedade é uma preocupação e o General de Exército Richard Nunes chegou a reclamar dos memes compartilhados na internet: “… divulgação de memes difamatórios, tudo para tentar atingir a coesão da Força”

A coesão, segundo o Manual de Fundamentos do Exército Brasileiro (EB20-MF10.101), é indispensável para que a força possa executar suas ações: “Condicionantes Para o Cumprimento da Missão do Exército: (…) Coesão, alicerçada na camaradagem e no espírito de corpo, capaz de gerar sinergia para motivar e movimentar a Força.”
Robson Augusto – Revista Sociedade Militar
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