Sobre importante artigo publicado na Revista Sociedade Militar intitulado “Forças Armadas, precisamos delas“, de autoria de Edwaldo Russell Filho (Mestre e Doutorando em História Militar pela Universidade Salgado de Oliveira), de imediato nos vem à mente o polo oposto de sua argumentação: “Forças Armadas: quem precisa delas?”.
Com essa indagação inicial presente, procuramos, não argumentos, mas fatos calcados na realidade atual, uma realidade que parecia inimaginável há uns trinta, vinte e cinco anos, mesmo com o iminente gatilho de 2001…
Uma realidade em que duas guerras de potenciais desdobramentos catastróficos para todo o Planeta forçam as nações – mesmo aquelas como o Brasil, conhecido pela cultura da mediação pacífica de conflitos e de consequente manutenção da paz – a repensarem a importância de terem suas Forças Armadas minimamente aptas a enfrentar um cenário que a qualquer momento pode se tornar ainda mais caótico.
A Revista Sociedade Militar fez menção recentemente a uma reportagem publicada pela Folha de São Paulo sobre os ganhos de oficiais generais que vão para a reserva remunerada.
É dever e direito da imprensa escrutinar os gastos públicos, mas pode ser decepcionante para o público saber que nada há de ilegal em tais gastos. O Estado burocrático-estamental brasileiro se tornou um monstro surdo aos apelos de seus súditos.
NÃO PASSARÃO (?)
José Múcio, Ministro da Defesa, passou um recado à Venezuela e suas pretensões em relação à Guiana. Ele declarou: “Se for necessário um ‘por aqui não passa’ mais enérgico, nós estamos preparados para isso”.
Ato contínuo, o Governo Lula enviou mísseis antitanque para a 1ª Brigada de Infantaria de Selva, localizada em Boa Vista, Roraima. A medida é uma resposta à crise do Essequibo, que envolve a disputa territorial entre a Venezuela e a Guiana.
Por outro lado, o comandante da Marinha já denunciou no Senado (sobre a Força que ele comanda) que “é inadmissível uma Força que não tenha capacidade de causar dano, e capacidade de causar dano exige treinamento, exige munição, exige óleo, exige manutenção dos seus bens. (…) Então, exatamente em função daquele quadro orçamentário, nós temos perdido capacidade de atuação em todo aquele espaço.”
Naquela oportunidade, o almirante também declarou: “Em termos de governança orçamentário-financeira, é assim que está distribuído o orçamento da Força: 88% do orçamento hoje é de despesas obrigatórias, compostas de pagamento de pessoal, assistência médico-odontológica, movimentação em diária, ajuda de custo, auxílio-fardamento…”
O público médio pode ficar confuso com as declarações contraditórias dos mais altos cargos da instituição militar. Por um lado “estamos preparados“, mas, por outro, “não conseguiremos causar danos” ao inimigo.
GIGANTE DESARMADO
De acordo com os dados do site http://www.demilitarisation.org:
- 26 países no mundo (14%) não possuem nenhum tipo de exército.
- Entre estes países, 20 são ilhas ou arquipélagos; 4 não têm acesso ao mar.
- Apenas 7 deles têm, em graus variados, “protetores”. Todos os outros gerem sozinhos a sua própria segurança e as relações internacionais.
- Exceto 3 deles, Niue, Ilhas Cook e Santa Sé (Vaticano), todos são membros da ONU.
- Exceto o Vaticano, todos são democráticos.
- A Islândia, apesar de não ter uma força armada desde 1869, é um membro da OTAN.
- Mônaco tem sua defesa como responsabilidade da França.
Os pontos positivos que não estão listados acima são que os investimentos em educação e saúde nesses microscópicos países são melhores e maiores. Óbvio! Se não se “gasta” com militares, pode-se investir mais em professores e médicos.
Porém, os críticos radicais das Forças Armadas brasileiras parecem não querer ver que quase todos os países da Europa cabem dentro do território brasileiro; que a Amazônia Legal apresenta uma área de mais de 5 milhões de km², correspondendo a cerca de 58,93% do território brasileiro; que o Brasil é o 5º maior país do mundo, com uma área de 8.51 milhões de km².
Se não pagássemos os nossos militares, seríamos, talvez, uma grande Islândia, “protegidos” por alguma “bondosa” nação, a troco, quem sabe, de uns pedacinhos esparsos da Amazônia…