O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, visitou, no último dia 1º de dezembro, os prédios onde funcionou, de 1969 a 1982, o Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), em São Paulo.
O DOI-Codi foi o maior centro de repressão política do país durante a ditadura militar. Estima-se que por ali passaram mais de 7 mil presos políticos, quase todos torturados. Desses, pelo menos 60 deixaram o local já sem vida.
O ministro participou de uma roda de conversa com integrantes do projeto de pesquisa interdisciplinar, que vem sendo desenvolvido no espaço.
O objetivo do projeto é a implementação de um memorial para preservar a história das vítimas da repressão e é coordenado pela historiadora Deborah Neves.
Silvio Almeida também se reuniu com pesquisadores, promotores públicos, familiares de mortos e desaparecidos políticos, historiadores e integrantes do projeto de pesquisa de arqueologia que vem sendo desenvolvido ali.
Almeida também esteve com os ex-presos políticos Amelinha Teles, Adriano Diogo, Maurice Politi, Moacyr Oliveira Filho e Ivan Valente, atualmente deputado federal, para troca de informações sobre a política de memória no Brasil.
O ministro caminhou pelo antigo centro de repressão, conheceu onde ficavam as celas, as salas de tortura e o sobrado onde durante um tempo morou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o órgão de setembro de 1970 a janeiro de 1974.
Ustra residiu no local com sua esposa Maria Joseíta e a filha Patrícia, então com apenas 3 anos de idade.
DITADURA EM REVISÃO
Depois da campanha política presidencial de 2018, um fenômeno até então subterrâneo ganhou os holofotes, as novas mídias sociais e mais recentemente as escolas. Trata-se do revisionismo.
Matéria da Agência Brasil de notícias (EBC) mostra o trabalho do pesquisador Pedro Zarotti Moreira, que desenvolveu o estudo em seu mestrado profissional na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A ditadura militar brasileira e o nazifascismo são os temas mais contestados pelos revisionistas ideológicos, ou negacionistas, como são popularmente conhecidos, em escolas investigadas pela pesquisa de Pedro Zarotti intitulada “Tuas Ideias Não Correspondem aos Fatos: O Ensino de História e o Revisionismo Ideológico em Difusão na Atualidade.”
A pesquisa é uma das primeiras a investigar a ação dos revisionistas ideológicos dentro das escolas do ensino básico. Entre algumas ações dos revisionistas ideológicos está a atenuação do caráter deletério da ditadura militar brasileira, iniciada em 1964.
Para Zarotti, o aparecimento nas escolas do revisionismo ideológico nos últimos anos pode ser entendido a partir da confluência de vários fatores, entre eles a polarização política ideológica, presente há pelo menos 10 anos no país.
O avanço da internet e das redes sociais em uma arquitetura de bolhas, com pouco espaço para a pluralidade; e a chegada da direita mais radical ao poder também são fatores propiciadores do revisionismo.
“Dá um certo verniz de credibilidade para o movimento porque quando você vê uma pessoa chefe do executivo difundindo uma fala revisionista, isso meio que legitima o movimento para aquela pessoa que está ali mais ou menos no meio do caminho, que é até uma direita mais moderada ou que está descontente com alguma coisa da situação, ou que não tem uma outra fonte de informação”, arremata Pedro Zarotti.