Dez dias após o envio de material bélico pesado para o CMA, a Agência Reuters noticiou que a Grã-Bretanha enviaria um navio de guerra para a Guiana no final de dezembro de 2023, segundo o Ministério da Defesa inglês.
A envio da embarcação teria sido resultado da visita de um ministro das Relações Exteriores britânico à Guiana no início de dezembro, com o objetivo de oferecer o apoio do Reino Unido ao país, um aliado e ex-colônia britânica.
A Guiana e a Venezuela concordaram no início deste mês em evitar qualquer uso da força e em não aumentar as tensões na disputa de longa data.
A região de Essequibo, com 160.000Km², é geralmente reconhecida como parte da Guiana, mas nos últimos anos a Venezuela reavivou a sua reivindicação sobre o território e sobre áreas offshore após grandes descobertas de petróleo e gás.
A Grã-Bretanha enviará o navio patrulha da Marinha Real HMS Trent, disse o Ministério da Defesa em comunicado:
“O HMS Trent visitará a Guiana, aliada regional e parceira da Commonwealth, no final deste mês, como parte de uma série de compromissos na região em sua tarefa de patrulha do Atlântico”, disse um porta-voz.
APROXIMAÇÕES SUCESSIVAS
De acordo com o que foi publicado pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), no dia 29 de dezembro, o governo do Brasil acompanha com preocupação os últimos desdobramentos do contencioso em torno da região de Essequibo.
A publicação atesta que o governo brasileiro acredita que demonstrações militares de apoio a qualquer das partes (Venezuela e Guiana) devem ser evitadas, a fim de que o processo de diálogo ora em curso possa produzir resultados, e está convencido de que instituições regionais como a CELAC e a CARICOM são os fóruns apropriados para o tratamento do tema.
O Brasil conclama as partes à contenção, ao retorno ao diálogo e ao respeito ao espírito e à letra da Declaração de Argyle.
Ainda segundo o MRE, os dois países concordaram também em cooperar para evitar incidentes no terreno e medidas unilaterais que possam levar a uma escalada da situação.
Obviamente isso não exclui que os militares brasileiros, nos bastidores – até onde é possível – reforcem suas defesas “no desafiador ambiente da Amazônia“.
Aparentemente o Ministério da Defesa decidiu reforçar a presença militar brasileira na região de fronteira com a Venezuela e a Guiana.
Segundo informado pela Defesa ao UOL, em 5 de dezembro de 2023, a “movimentação já estava planejada“, constando do Plano Estratégico do Exército.
No início de dezembro passado, foram entregues a um grupamento militar localizado em Boa Vista, capital de Roraima, 33 viaturas, sendo 16 blindados multitarefa Guaicurus, além de Módulos de Comando e Controle, com carga aproximada de 50 toneladas.
Ainda que as medidas tomadas pelo alto escalão militar sejam justificadas como rotineiras e sistêmicas, a Força terrestre mantém em seu site, já há alguns dias, três notícias destacadas sobre sua presença na região norte.
JB Reis