A poucos dias de se completar um ano da invasão e depredação da praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, o Jornal O Globo publicou uma importante entrevista com o Ministro da Defesa, José Mucio Monteiro.
Perguntado sobre como está hoje a relação entre o Presidente Lula e os militares José Mucio diz que é uma relação “muito boa, tenho até medo de dizer. O presidente tem uma relação direta, telefona para cada um dos comandantes“.
Segundo o Ministro, “ele poderia ter sugerido uma GLO”, mas que, “alguns diziam, ela seria o princípio para um golpe“.
Além da entrevista, O Globo produziu também um documentário chamado “8/1 A Democracia resiste“, com imagens inéditas e depoimentos exclusivos sobre os ataques ocorridos no ano passado. A produção será exibida na Globo News, no próximo domingo, às 23h30.
Múcio salientou várias vezes na entrevista sua “missão” de pacificador e de construtor de pontes entre o mundo político e o mundo militar.
“A esquerda com horror aos militares, porque achava que eles queriam um golpe, e a direita com mais horror ainda, porque eles não deram o golpe. Eu precisava reconstruir a confiança dos políticos com os militares, e vice-versa, a partir da estaca zero.“
Questionado sobre as eventuais responsabilidades dos militares no movimento de 8 de janeiro, José Mucio disse que torce “muito para que as investigações encontrem os culpados. Para as Forças Armadas, é fundamental, para que essa névoa de suspeição que paira sobre os militares se dissipe. Precisamos dos nomes, para puni-los.”
Nesta semana, conforme noticiado pela CNN, o Exército decidiu punir dois militares por envolvimento nos atos golpistas do ano passado.
Ao concluir as sindicâncias internas, a Força determinou a prisão de um oficial por três dias e aplicou uma advertência a um sargento.
Segundo as apurações, o oficial teria dado ordem para que o sargento cantasse o Hino Nacional com os invasores do Planalto no 8/1.
Já o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), defende taxativamente o vínculo do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, com o episódio.
“A responsabilidade política [de Bolsonaro] é inequívoca”, disse Mendes em entrevista à AFP, em seu gabinete no STF.
Segundo o decano do Supremo, “até mesmo os militares não retiraram os invasores esses manifestantes por conta de algum estímulo que havia por parte da própria presidência da república.“