No episódio de 8 de janeiro do ano passado em Brasília, uma série de eventos tomaram conta da capital brasileira, culminando em atos de violência contra os prédios dos três poderes.
Em entrevista ao jornal O Globo, o ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre o ocorrido, apontou a inação da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) como um fator crucial para a gravidade da situação. Ao mesmo tempo, Moraes isenta o Exército quanto à ideia de levar adiante um golpe.
Moraes, ex-secretário de Segurança Pública em São Paulo e ex-ministro da Justiça, afirmou que a PM-DF poderia ter evitado o caos com a presença de cerca de cem homens do Batalhão de Choque. Ele expressou perplexidade com a falta de resposta efetiva da PM-DF diante da invasão ao Congresso Nacional e outros atos de violência.
“O que chocava era a inação da Polícia Militar. Fui secretário de Segurança Pública em São Paulo e ministro da Justiça”, disse o ministro. E concluiu: “Afirmo sem medo de errar: não precisaria de cem homens do Batalhão de Choque para dispersar aquilo”.
Moraes defendeu a necessidade de ações firmes para evitar um possível efeito dominó em outros estados, destacando as prisões do então secretário Anderson Torres, do comandante geral da PM-DF, Fábio Augusto Vieira e o afastamento do governador.
Em meio à tensão e à possibilidade de um golpe, o ministro destacou a importância de garantir a ordem e a segurança, ressaltando que a inação poderia ter gerado violência em todo o país.
Ao longo da entrevista, Moraes detalhou os planos dos supostos golpistas, incluindo ameaças pessoais contra sua integridade física.
“Eram três planos. A primeira vez que as Forças Especiais (do Exército) me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Sim, não seria propriamente uma prisão, mas um homicídio. E o terceiro, de uns mais exaltados, defendeu que, após o golpe, eu deveria ser preso e forçado na Praça dos Três Poderes. Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição”, relatou Moraes.
Ele destacou a necessidade de responsabilizar todos os envolvidos, desde os executores até eventuais políticos, e enfatizou a importância da regulamentação das redes sociais para evitar a propagação de discursos antidemocráticos.
Moraes isentou o Exército de culpa nos atos do 8 de janeiro, em que pese a tentativa de alguns de convencerem a força terrestre a aderir o golpe.
Não que o Exército fosse aderir, pois em nenhum momento a instituição flertou (com a ideia do golpe). Em que pese alguns de seus membros foram atuados, e todos eles estão sendo investigados.