- Escrito por Juliana Ferraz, cursando Relações Internacionais pelo IBMR e pesquisadora do NUPREM.

No dia 18 de fevereiro de 2024, o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva adicionou falas sobre o conflito entre Israel e Hamas em seu discurso, durante a abertura da 37ª Cúpula da União Africana em Adis Abeba, na Etiópia.
Além de desviar o foco mundial sobre pautas africanas importantes a serem discutidas, durante o seu pronunciamento, Lula também cometeu o chamado “suicídio diplomático” (termo nas Relações Internacionais para explicar que certo ato ou fala compromete suas relações diplomáticas) com Israel, ao fazer comparações graves entre o Holocausto e o que o Estado-nação está fazendo na guerra.
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus”.
Após o acontecimento, tanto o presidente Benjamin Netanyahu quanto o ministro das Relações Exteriores do Estado de Israel, Israel Katz, fizeram um pronunciamento oficial repudiando o ocorrido e tornando o presidente brasileiro uma “persona non grata” (utilizado nas Relações Internacionais para afirmar que uma pessoa não é bem-vinda em seu território) até que se desculpe formalmente.
No dia 19 de fevereiro, o Embaixador brasileiro Fred Meyer foi convocado a retornar, cortando as relações diplomáticas e deixando o seu posto em Telavive.
Contexto Histórico
Com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, o bloco vencedor dos Aliados (composto pelo Reino Unido, França, antiga União Soviética e os Estados Unidos) derrotou o bloco do Eixo (composto por Alemanha, Itália e Japão). Para evitar um terceiro conflito mundial, foi fundada a Organização das Nações Unidas (ONU), substituindo a antiga Liga das Nações.
A criação do Estado de Israel surge por uma proposta da mesma, com a ideia de utilizar um território que fosse sagrado aos judeus, vítimas do regime neonazista alemão. Sem o estudo adequado, a região que também era sagrada para outras nações, incluindo a Palestina, trouxe diversos conflitos com muitas mortes e anexações de territórios de ambas as partes, que perduram até os dias atuais e sem nenhuma tentativa eficiente de resolução da organização internacional.
Brasil e o Soft Power
A diplomacia brasileira e sua participação em operações de paz são muito conhecidas, optando nunca por apoiar ou criticar um lado ou outro de oposições. Conhecido pelo seu “Soft Power” (termo das Relações Internacionais para explicar uma forte influência pelo seu pacifismo) que trouxe papéis importantes e de destaque para o mesmo.
O posicionamento, que foi duramente criticado pelos Estados Unidos e por boa parte da Europa Ocidental e que chamou a atenção mesmo com tantos discursos preocupantes, mostraram para muitos pensadores a reflexão da necessidade do Brasil de não se manter neutro para os acontecimentos.
Impactos na Defesa Brasileira
Por conta dos conflitos na região, Israel é uma das maiores potências bélicas do globo, enviando para diversos países –como os EUA- equipamentos com inovação. Para o exército brasileiro não é diferente, a necessidade de segurança nacional e defesa internacional que é dever do Estado, prevista na Constituição Federal e na Carta das Nações Unidas que foi outorgado conjuntamente pelo Brasil.
Os impactos do posicionamento que o presidente e parte do Itamaraty continuam tomando, sem previsão de mudança, trouxeram uma grande perda de projetos importantes. É necessário ressaltar que os caças da Força Aérea Brasileira (FAB) e os armamentos com blindagem do Exército, por exemplo, necessitam do desenvolvimento e da tecnologia israelense.
Segundo a definição do atual Ministro da Defesa José Múcio Monteiro, nesta terça-feira (9), foi adiada também a compra de 36 obuseiros de modelo ATMOS da empresa israelense Elbit Systems após pressões internas e externas, devido ao conflito na região de Gaza em que a mesma companhia atua.