
A iminência de uma guerra mundial está gerando crescente preocupação entre os líderes da União Europeia (UE). A situação geopolítica atual, marcada por conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia, está forçando a Europa a repensar suas prioridades e a se preparar para possíveis disputas armadas. É o que revela BJARKE SMITH-MEYER em artigo publicado no POLITICO.
Conversas entre altos funcionários da UE, que preferiram não se identificar, revelam que a preparação para um possível conflito militar está no topo da agenda. Este movimento ocorre em um momento crucial, com mudanças nos principais órgãos da UE e a reconstituição do Parlamento Europeu.
Francesco Nicoli, economista político do think tank Bruegel, de Bruxelas, alerta sobre a necessidade de uma resposta coletiva para evitar uma guerra maior dentro da União Europeia. “Precisamos agir ou corremos o risco de um conflito muito maior”, afirmou.
Os piores cenários, como a invasão da Ucrânia pela Rússia, a ampliação da guerra entre Israel e Hamas e um possível ataque da China a Taiwan, agora são considerados ameaças reais. No Reino Unido, o general Patrick Sanders, chefe do Exército, pediu ao governo para “mobilizar a nação” em preparação para uma guerra com a Rússia.
Historicamente, a política de defesa tem sido uma preocupação nacional. No entanto, a precariedade da situação atual está levando a UE a considerar mudanças drásticas em suas políticas de gastos. Entre as ideias discutidas está a arrecadação conjunta de fundos nos mercados de dívida para financiar a defesa, algo que antes seria impensável.
Outra proposta inclui o reaproveitamento dos empréstimos não utilizados do fundo de recuperação pós-pandemia da UE e a utilização dos Fundos de Coesão para reforçar as capacidades de defesa de países fronteiriços com a Rússia. Há também a possibilidade de criar um rótulo de investimento para fundos focados em defesa, permitindo que gestores de ativos invistam em projetos de defesa.
A principal questão agora é a rapidez com que Bruxelas deve agir e em que a UE deve gastar seu dinheiro. A reeleição de Joe Biden poderia aliviar a pressão, permitindo um ritmo mais constante de implementação. No entanto, o retorno de Donald Trump à Casa Branca poderia acelerar drasticamente essas iniciativas.
Para Karel Lannoo, presidente-executivo do Centro de Estudos de Política Europeia, é crucial que os europeus adaptem sua mentalidade para enfrentar esta nova realidade. “Não devemos ter vergonha de aumentar os gastos com defesa porque estamos defendendo o que é precioso para nós”, afirmou.