A pedido do Ministro da Defesa, José Múcio, o Exército Brasileiro adiou a compra de 36 viaturas blindadas de obuseiros 155 mm, um tipo de canhão de grande alcance e precisão, de uma empresa israelense. A decisão foi motivada por duas principais razões, vindas tanto de petistas aliados do presidente Lula, quanto de generais do Exército.
Aliados de Lula acreditam que a compra de um equipamento bélico poderia ofuscar a ação positiva dos militares, especialmente em um momento em que as Forças Armadas estão dedicadas ao enfrentamento da catástrofe no Rio Grande do Sul. Por outro lado, no Exército, a justificativa para o adiamento é a necessidade de o processo licitatório passar por uma nova análise jurídica devido a alterações na reta final da contratação.
A informação foi inicialmente publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo e posteriormente confirmada pela Folha. Generais, sob reserva, afirmaram que o objetivo do adiamento é detalhar as razões pelas quais a empresa israelense venceu a licitação, evitando que eventuais questionamentos possam embarreirar a compra dos equipamentos militares.
O principal receio da cúpula militar era de que o presidente Lula vetasse a aquisição dos obuseiros. No entanto, Lula comunicou ao ministro da Defesa que não criaria complicações para a compra dos blindados israelenses, apesar dos apelos de petistas e aliados.
Devido a esses impasses, Múcio decidiu ganhar mais tempo para costuras políticas. A nova previsão é finalizar a compra em até 60 dias. A empresa israelense, Elbit Systems, superou empresas da França, China e Eslováquia na reta final da disputa. A Elbit Systems possui subsidiárias no Brasil com capacidade de fabricar a munição de 155 mm e garantir suporte logístico, sendo um dos principais diferenciais da empresa.
Fonte: Folha de São Paulo