A futura classe de fragatas Constellation da Marinha dos EUA está enfrentando desafios substanciais, incluindo atrasos significativos e um aumento não planejado de peso, que pode comprometer sua velocidade máxima.
Esses problemas surgem de grandes mudanças na configuração dos navios em comparação ao design original da fragata franco-italiana FREMM.
Desafios no Design e Construção
A Marinha dos EUA e a construtora Fincantieri Marinette Marine estão lidando com os impactos dessas mudanças, que fizeram com que os navios se tornassem maiores e mais pesados. O objetivo inicial era reduzir custos e prazos de entrega utilizando um design já existente, mas o resultado foi o oposto: os navios estão anos atrasados e enfrentando problemas de instabilidade no design.
O Escritório de Responsabilidade Governamental dos EUA (GAO) emitiu um relatório destacando o crescimento de peso, instabilidade do design e outros problemas relacionados à classe Constellation. A Marinha concedeu recentemente um novo contrato de mais de US$ 1,04 bilhão para a construção de mais duas fragatas, totalizando seis encomendadas, com a primeira ainda em construção e possivelmente atrasada até 2029, três anos além do previsto.
Problemas de Peso e Design
Em setembro de 2023, apenas 3,6% da construção do navio líder estava concluída, muito aquém dos 35,5% planejados. Em outubro de 2023, foi relatado um aumento de peso não planejado de mais de 10% acima da estimativa de junho de 2020. A decisão de começar a construção sem um design finalizado, com lacunas em sistemas estruturais, de tubulação e ventilação, contribuiu significativamente para esse problema.
Mudanças no Design Original
Já em 2021, estava claro que o design da classe Constellation seria 24 pés mais longo e três pés e meio mais largo do que o design original FREMM, com um aumento de deslocamento de cerca de 500 toneladas. Em agosto de 2023, o design funcional e o modelo 3D estavam 92% e 84% completos, respectivamente, e as semelhanças com o design FREMM agora são mínimas, incluindo mudanças substanciais nos sistemas de propulsão e controle de maquinário.
Desafios e Soluções Futuras
Segundo o GAO, o programa das fragatas Constellation planeja adquirir e entregar até 20 fragatas, a um custo combinado de mais de US$ 22 bilhões. A Marinha e seu construtor modificaram um design existente para incorporar especificações e sistemas de armas da Marinha. Contudo, a decisão de iniciar a construção antes de completar o design foi inconsistente com as melhores práticas de design de navios, levando ao crescimento de peso e atrasos na construção.
O atraso na entrega está previsto em 36 meses, com a primeira fragata agora esperada para 2029, ao invés de 2026. O progresso do design 3D, crucial para a estabilidade do projeto, permanece incompleto mais de um ano após o início da construção. A Marinha reconhece que a data de entrega original é inalcançável e, se não melhorar suas métricas de estabilidade do design, corre o risco de repetir os mesmos erros na construção das próximas fragatas.
A Marinha dos EUA está usando muitos sistemas de missão já comprovados em outros navios, mas ainda precisa demonstrar a eficácia dos sistemas de propulsão e controle de maquinário. Atrasos no cronograma podem proporcionar uma oportunidade para testes terrestres desses sistemas, reduzindo o risco de problemas após os navios estarem no mar.
Impactos Operacionais e Futuro Incerto
O crescimento de peso não planejado pode comprometer a capacidade operacional dos navios, tanto a curto quanto a longo prazo. A Marinha dos EUA citou a experiência anterior com o programa Littoral Combat Ship (LCS), que enfrentou problemas semelhantes e resultou em navios relegados a funções de treinamento e teste.
A decisão de adquirir as fragatas classe Constellation foi uma tentativa de superar os fracassos do programa LCS. No entanto, as críticas sobre o progresso das Constellations continuam a crescer, com a Marinha atribuindo os problemas a deficiências de mão de obra na construtora, enquanto outros apontam para mudanças constantes nos requisitos da Marinha como o principal culpado.
O futuro da classe Constellation permanece incerto. Como a Marinha e a Fincantieri Marinette Marine abordarão os problemas de peso e design, e se a velocidade máxima dos navios será afetada, são questões que ainda precisam ser respondidas.