Durante a Segunda Guerra Mundial, no Pacífico, a Marinha dos Estados Unidos produziu muitos ases da aviação, mas nenhum tão extraordinário quanto um aviador que, logo após ser abatido pelo fogo inimigo, passou a servir em… um submarino!
John Roderick Galvin, nascido em Burlington, Iowa, em 21 de abril de 1920, alistou-se na Marinha em 1942. Posteriormente, já no ano seguinte, se qualificou como aviador naval. Então, Galvin passou a servir no esquadrão de caça VF-8, do porta-aviões Bunker Hill.
Primeiras missões e Queda
A primeira missão do Bunker Hill foi um ataque em Peleliu, nas Ilhas Palau, nos dias 30 e 31 de março de 1944. Nesse dia, os pilotos reivindicaram a destruição de pelo menos 11 aeronaves inimigas.
Posteriormente, quando Galvin já voava sua quinta missão de combate em seu Grumman F6F Hellcat, encontrou-se com um bombardeiro Mitsubishi “Betty” no campo de aviação do Atol de Woleai. Galvin venceu o combate, porém, seu avião recebeu extenso fogo antiaéreo. Gravemente ferido, Galvin teve que abandonar sua aeronave e se lançar ao mar, a cinco milhas ao norte da Ilha Taugalap.

Após horas nadando em águas turbulentas, Galvin chegou a um recife de corais e, em seguida, à praia de Taugalap. Um Grumman Avenger lançou um bote salva-vidas inflável com instruções de uso e navegação, mas Galvin estava exausto demais para realizar a tarefa.
Resgate
Felizmente, o submarino USS Harder (SS-257), comandado pelo Tenente-Comandante Samuel David Dealey, estava em serviço de salva-vidas na área. O submarino recebeu notificação urgente sobre a situação de Galvin.

O submarino se posicionou próximo à costa, enquanto aviões do porta-aviões continuavam atacando Woleai para desviar a atenção inimiga. Incapaz de nadar até o submarino, três voluntários do Harder desembarcaram com um bote salva-vidas para resgatar Galvin.
Sob fogo inimigo, os Hellcats de ataque silenciaram os atiradores japoneses, permitindo que Galvin e a equipe de resgate voltassem ao submarino. O Harder então se retirou em segurança. Posteriormente ao resgate, o piloto recebeu elogios por sua ousadia, incluindo do próprio Almirante Chester W. Nimitz.
Galvin ficou a bordo do Harder por 33 dias, um número sem precedentes para um aviador.
Retorno à ação e aposentadoria
Galvin retornou ao VF-8, ganhando o apelido de “Dumbo”, um termo usado para pilotos resgatados no mar. Em setembro de 1944, o piloto voltou a voar e lutou em várias missões, abatendo dois Nakajima Ki-43s (“Oscar”) sobre o campo de aviação Marcelino em Luzon. O VF-8 continuou a se destacar em combates, destruindo 50 aeronaves inimigas em Formosa (Taiwan) no dia 12 de outubro. Galvin recebeu créditos por derrubar três Nakajima Ki-44 “Tojos” e danificar dois Mitsubishi A6M “Zekes”, alcançando o status de ás da caça.
Em 16 de outubro, Galvin ainda abateu dois bombardeiros Mitsubishi “Nell”, elevando seu total para nove aviões inimigos abatidos ou danificados.
Ao se aposentar da Marinha como tenente, Galvin havia voado em 97 missões de combate. O piloto recebeu várias medalhas, incluindo Cruzes de Voo Distinto, um Coração Púrpura e o Prêmio de Aviador da Marinha. No entanto, sua posse mais preciosa é a Insígnia de Patrulha de Combate Submarino, que somente é entregue à marinheiros que completaram patrulhas de combate durante tempos de guerra. Galvin, mesmo sendo aviador, recebeu com honras o prêmio.
Convencido de que Deus teve um papel em sua sobrevivência, Galvin se tornou profundamente religioso e escreveu suas memórias no livro “Salvation for the Doomed Zoomie”, publicado em 1983.
John R. Galvin faleceu em 9 de março de 1994, perto de Scottsdale, Arizona.