Em uma decisão que está gerando intensos debates nos bastidores do poder em Washington e reverberações internacionais, o Pentágono anunciou um plano inédito para reduzir significativamente o número de generais e almirantes nas Forças Armadas dos Estados Unidos.
A ordem partiu diretamente do secretário da Defesa, Pete Hegseth, que determinou a redução de pelo menos 20% no número de oficiais de quatro estrelas em todas as forças — Exército, Marinha, Força Aérea e Fuzileiros Navais.
Conforme a matéria do portal ”Defesa Net”, o documento, datado de uma segunda-feira recente e revelado pela CNN Internacional, também estipula cortes na Guarda Nacional e nas demais patentes de oficiais-generais.
Atualmente, os Estados Unidos possuem cerca de 900 oficiais no alto escalão militar, entre generais e almirantes.
Segundo o memorando assinado por Hegseth, a medida é descrita como “um passo crítico para eliminar estruturas de comando redundantes, otimizar lideranças e remover camadas burocráticas desnecessárias“.
Além da justificativa administrativa, a iniciativa tem um viés claramente político.
Desde que assumiu o Departamento de Defesa, Hegseth já demitiu pessoalmente mais de meia dúzia de generais de três e quatro estrelas, incluindo o respeitado chefe do Estado-Maior Conjunto, general CQ Brown Jr.
Essas mudanças, conforme declarações do próprio Hegseth, refletem o desejo do presidente Donald Trump de cercar-se de líderes militares alinhados à sua abordagem de segurança nacional, marcada por pragmatismo, contenção de gastos e centralização do poder decisório.
Cortes fazem parte de reforma mais ampla comandada por Trump e Musk
As decisões de Hegseth e Trump não estão isoladas.
Elas fazem parte de um esforço mais amplo do governo republicano, que vem sendo articulado com apoio direto de Elon Musk, líder do chamado Departamento de Eficiência Governamental.
Essa entidade recém-criada tem como missão cortar gastos públicos, reduzir estruturas estatais consideradas ineficientes e redesenhar a máquina administrativa dos EUA, inclusive a militar.
Na semana anterior, Hegseth já havia ordenado uma reformulação profunda no Exército norte-americano, incluindo:
- A fusão ou extinção de comandos militares.
- A eliminação de veículos e aeronaves considerados obsoletos.
- A demissão de até mil funcionários de quartéis-generais.
- A transferência de efetivos administrativos para unidades operacionais de combate.
- A ideia central é substituir quantidade por eficácia, apostando em uma força menor, mais ágil e com poder de fogo superior.
Essa doutrina está em linha com os objetivos estratégicos da atual Casa Branca: tornar as forças armadas norte-americanas mais preparadas para cenários de guerra de alta intensidade, com menor dependência de estruturas infladas.
Trump anuncia mega desfile militar para reforçar patriotismo
Mesmo em meio aos cortes, o governo Trump também investe em símbolos de força.
A Casa Branca confirmou que organizará um gigantesco desfile militar em 14 de junho de 2025, data em que se comemoram os 250 anos da criação do Exército dos Estados Unidos.
Coincidentemente, a data também marca o 79º aniversário de Donald Trump, o que eleva o simbolismo do evento.
Segundo a porta-voz presidencial Anna Kelly, o desfile prestará homenagem aos veteranos, às tropas em serviço e à história militar americana.
“Teremos o maior e mais belo desfile militar da nossa história”, declarou o secretário Pete Hegseth à Fox News.
O evento deverá incluir centenas de veículos blindados, aeronaves, tropas marchando e apresentações com tecnologia militar de ponta, como drones e robôs autônomos.
Brasil e os desafios de comando nas Forças Armadas
A decisão dos Estados Unidos de reduzir sua elite militar reacende debates também no Brasil sobre o tamanho, estrutura e eficácia do comando das Forças Armadas.
Enquanto os norte-americanos optam por enxugar o topo da hierarquia, o Brasil mantém um modelo mais estático, com estrutura de comando frequentemente criticada por excessiva centralização, falta de mobilidade e baixa integração entre as forças.
Atualmente, o país possui centenas de oficiais-generais, muitos deles em funções administrativas ou ligadas à burocracia interna, o que levanta questionamentos sobre a efetividade operacional desse aparato.
Embora não haja sinais de uma reforma estrutural iminente nas Forças Armadas brasileiras, especialistas em defesa avaliam que movimentos como o dos EUA podem influenciar futuras discussões sobre racionalização de cargos e funções no Brasil.
Além disso, com o aumento das tensões geopolíticas globais, há uma demanda crescente por uma tropa mais moderna, adaptada a cenários híbridos e conflitos tecnológicos, algo que exige também uma revisão das lideranças e de seus papéis.