Elon Musk, conhecido por suas posturas controversas e declarações polêmicas, vem travando batalhas constantes com governos ao redor do mundo.
Embora Musk afirme estar lutando pela liberdade de expressão, muitas dessas disputas envolvem interesses comerciais e visões políticas que também estão em jogo. A seguir, exploramos os confrontos mais recentes entre o dono do X (antigo Twitter) e diversos governos, e como essas tensões vem se desenrolando para Musk e suas empresas.
Um bilionário contra o mundo
Ao contrário de muitos bilionários que preferem atuar nos bastidores, Musk enfrenta abertamente governos, em especial aqueles com tendências liberais. Suas alegações públicas giram em torno da defesa da liberdade de expressão, mas a frequência com que essas lutas coincidem com tentativas de regulamentar a mídia social — onde Musk tem participação direta com a X — levanta questões sobre seus verdadeiros motivos.
Em países como Brasil, Austrália, França, Reino Unido e até mesmo nos Estados Unidos, Musk vem se posicionando principalmente como um defensor da liberdade. No entanto, muitas vezes, essas disputas envolvem regulamentações que afetam suas empresas de tecnologia.
Brasil: desafio à Justiça e multas milionárias
Em agosto de 2024, o Brasil, a maior economia da América Latina, proibiu o X depois que Musk se recusou a nomear um representante legal no país, desafiando uma ordem judicial. O STF, por intermédio de Alexandre de Moraes, também exigiu que o X bloqueasse várias contas de extrema direita, algo que Musk também rejeitou, entrando em confronto direto com o juiz da Suprema Corte.
A recusa de Musk em cumprir as determinações levou à imposição de uma multa de mais de US$ 3 milhões, além do congelamento de contas bancárias da Starlink. Então, o governo brasileiro forçou a transferência US$ 1,3 milhão da conta do X e US$ 2 milhões da conta da Starlink para liquidar parte da dívida.

Após tentativas de contornar a proibição, o X voltou a sair do ar. Diante das ameaças de multas diárias, Musk finalmente cedeu. Seus advogados informaram ao Supremo Tribunal Federal que a empresa nomearia um representante legal no Brasil e bloquearia as contas responsáveis por espalhar discurso de ódio e desinformação.
O Brasil é um mercado crucial para o X, com 21 milhões de usuários, o que provavelmente forçou Musk a repensar sua estratégia.
Austrália: Confronto com o Governo
Do outro lado do mundo, na Austrália, Musk se viu novamente em uma disputa com o governo. A administração de centro-esquerda do Partido Trabalhista introduziu uma legislação que multaria plataformas de mídia social em até 5% de sua receita global por disseminarem informações falsas ou enganosas que possam causar danos graves.
Musk classificou a medida como “fascista“, argumentando que violava a liberdade de expressão. O governo australiano, porém, sustentou que a legislação era necessária para proteger a segurança e o bem-estar dos cidadãos, além de salvaguardar a democracia.
Curiosamente, Musk vem recebendo críticas por adotar uma postura inconsistente em relação à liberdade de expressão, sobretudo quando isso afeta seus interesses comerciais. De acordo com Bill Shorten, Ministro de Serviços Governamentais da Austrália, “Elon Musk tem mais posições sobre liberdade de expressão do que o Kama Sutra.”
Reino Unido: conflitos com o Primeiro-Ministro
Em agosto de 2024, Musk entrou em outra polêmica no Reino Unido, desta vez em um embate com o primeiro-ministro Keir Starmer. Após protestos de extrema direita contra a imigração, Musk respondeu a uma postagem no X sugerindo que “a guerra civil é inevitável”. O governo britânico prontamente repudiou o comentário, afirmando que tais declarações eram irresponsáveis e que a violência organizada não tinha lugar no país.
Posteriormente, a polícia de Londres rebateu os comentários de Musk, afirmando que as acusações de parcialidade eram infundadas.
Estados Unidos: apoio a Trump e conflito com Biden
Nos Estados Unidos, Musk, que apoiou Joe Biden nas eleições de 2020, deixou claro que seu apoio para 2024 vai para Donald Trump. Musk chegou a chamar Biden de “fantoche” no X, criticando suas políticas sobre imigração e saúde.

Em novembro de 2023, Musk recebeu duras críticas por comentários considerados antissemitas, após culpar os judeus pela imigração em massa nos EUA. A Casa Branca respondeu classificando suas declarações como “abomináveis” e “racistas“.
Apesar das tensões com o governo Biden, Musk colabora com os Estados Unidos, fornecendo gratuitamente o serviço de internet Starlink à Ucrânia durante a guerra com a Rússia. No entanto, existem preocupações sérias de que a Rússia também tenha acessado o serviço.
Jogo de poder e interesses
Elon Musk continua a ser uma figura polarizadora, envolvido em uma complexa teia de interesses comerciais e políticos. Embora ele se apresente como um defensor da liberdade de expressão, suas ações muitas vezes sugerem que essa luta está entrelaçada com seus próprios interesses empresariais. À medida que suas disputas com governos ao redor do mundo se intensificam, Musk caminha em uma linha tênue, equilibrando suas ambições de negócios com sua imagem pública.