Microsoft está prestes a reiniciar um capítulo controverso na história da energia nuclear nos Estados Unidos.
Ao assinar um acordo com a Constellation Energy para reativar a Unidade 1 da Usina Nuclear Three Mile Island, a gigante da tecnologia se posiciona para fornecer energia exclusivamente para suas operações de inteligência artificial (IA) a partir de 2028. A decisão levanta questões sobre a segurança e viabilidade das usinas nucleares, além de debates sobre o impacto ambiental que o aumento da demanda por energia limpa pode gerar.
Situada na Pensilvânia, a Usina Nuclear Three Mile Island foi desativada em 2019 devido a problemas operacionais. Com a reativação da Unidade 1 prevista para ocorrer até 2028, a Microsoft garante acesso a 835 megawatts de energia, suficiente para abastecer cerca de 800 mil residências, de acordo com a agência de notícias Reuters.
A Constellation planeja investir cerca de US$ 1,6 bilhão na renovação da usina, marcando o primeiro reinício de uma usina nuclear nos EUA após um fechamento. De acordo com um analista do setor, “as empresas de energia estão se beneficiando de um aumento em grande escala na demanda de operadores de data centers”.
Questões de segurança e sustentabilidade
Entretanto, é preciso se levar em conta o passado da Usina Three Mile Island. O acidente nuclear de 1979 na Unidade 2 dessa mesma usina é, até hoje, um dos piores desastres do setor nos EUA. Apesar da reativação da Unidade 1, a Unidade 2 permanecerá desativada.

Além disso, a discussão sobre o uso de energia nuclear como solução sustentável é complexa. A Microsoft e outros líderes do setor, como Sam Altman, CEO da OpenAI, defendem a energia nuclear como resposta às crescentes necessidades de energia. No entanto, críticos argumentam que a dependência de qualquer fonte de energia não renovável pode comprometer os objetivos ambientais globais.
Resposta do mercado
O anúncio do acordo entre a Microsoft e a Constellation resultou em uma valorização das ações da Constellation, que subiram 13% no início do pregão. Contudo, a comunidade energética está dividida sobre a adequação desses acordos. Um contrato semelhante entre a Talen Energy e a Amazon, por exemplo, recebeu críticas de um grupo de empresas de energia elétrica. Esse grupo argumentam que isso poderia sobretudo aumentar os custos para os consumidores. Além disso, a parceria poderia comprometer a confiabilidade da rede elétrica.
Mesmo com a garantia da Microsoft de que sua operação de data center receberá energia de uma fonte “praticamente livre de carbono”, as preocupações sobre o uso intensivo de energia para servidores de IA impactam a rede elétrica e as comunidades locais. Esse dilema se torna ainda mais grave quando se leva em conta que o crescimento da IA pode causar um aumento significativo nas emissões de gases do efeito estufa.