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China entre a espada e a parede: a presença do exército norte-coreano na Rússia provoca descontentamento em Pequim, que enfrenta o dilema de apoiar Moscou ou proteger suas fronteiras

A entrada do exército norte-coreano na Rússia complica a posição da China na guerra da Ucrânia. Pequim enfrenta um dilema estratégico entre apoiar Moscou ou preservar sua estabilidade regional

por Noel Budeguer
28/11/2024
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A guerra na Ucrânia, já marcada por reviravoltas geopolíticas e militares, ganhou um novo componente explosivo: a presença de tropas do exército norte-coreano em solo russo. Essa movimentação, revelada pela inteligência sul-coreana em 18 de outubro de 2024, trouxe à tona tensões entre os principais atores do cenário internacional. Cerca de 1.000 soldados do exército norte-coreano foram enviados para apoiar a Rússia, mas fontes ucranianas sugerem que o número pode chegar a 10.000, incluindo engenheiros e equipamentos para modernizar as armas norte-coreanas no contexto do campo de batalha contemporâneo. Enquanto o Ocidente avalia com preocupação essas novas alianças, a China, maior parceira estratégica da Rússia, começa a demonstrar sinais de insatisfação.

A aliança inesperada entre Rússia e Coreia do Norte altera a dinâmica militar da guerra e também gera incertezas sobre as relações entre Moscou e Pequim. A China, que tem sustentado a economia russa em meio a sanções ocidentais, agora se vê diante de um dilema estratégico. O envolvimento direto da Coreia do Norte, um Estado já conhecido por sua imprevisibilidade, afeta o equilíbrio delicado que a China tenta manter em suas fronteiras e na arena internacional.

O papel do exército da Coreia do Norte no conflito russo-ucraniano

Desde o início do conflito, a Rússia tem enfrentado desafios significativos para sustentar sua campanha militar. Após mais de dois anos e meio de guerra, Moscou recorre cada vez mais a fontes externas de apoio militar, incluindo a Coreia do Norte. Inicialmente, relatórios indicavam que os soldados norte-coreanos seriam posicionados para reforçar a fronteira russa, especialmente na região de Kursk, que sofreu incursões ucranianas em meados de 2024. No entanto, especula-se que sua presença poderia ir além de funções defensivas, com possibilidades de serem utilizados em missões ofensivas na Ucrânia.

Embora o exército norte-coreano tenha experiência devido ao longo serviço militar obrigatório no país — de oito anos para homens e cinco para mulheres —, especialistas questionam sua eficácia no cenário da guerra moderna. Táticas como o uso extensivo de drones e sistemas avançados de artilharia, que têm desempenhado um papel central na guerra, não são parte do treinamento tradicional das tropas norte-coreanas. Mesmo assim, sua chegada ao conflito sugere que a Rússia está em busca de todas as opções disponíveis para manter sua posição estratégica.

Por outro lado, há um ceticismo sobre a real qualidade das tropas enviadas pelo exército norte-coreano. A lógica aponta que a Coreia do Norte dificilmente enviaria suas melhores forças para lutar no exterior, especialmente considerando os riscos políticos e estratégicos de um envolvimento mais profundo na guerra. Isso levanta a possibilidade de que essas tropas do exército possam atuar de forma semelhante aos recrutas russos mal treinados, servindo mais como força numérica do que como um recurso militar decisivo.

O dilema da China: apoio ao exército russo ou confronto?

A presença de tropas norte-coreanas em solo russo é uma fonte de desconforto para a China por vários motivos. Primeiro, há a proximidade geográfica. Pequim tem interesse em manter estabilidade em sua fronteira norte e no leste asiático como um todo, especialmente diante do comportamento frequentemente imprevisível de Pyongyang. A aliança entre Rússia e Coreia do Norte ameaça esse equilíbrio, ao reforçar a independência de Pyongyang em relação a Pequim e potencialmente arrastar a China para conflitos que não são do seu interesse.

Além disso, a guerra na Ucrânia já coloca a China em uma posição difícil. Desde o início do conflito, Pequim apostou na eventual vitória russa como um meio de enfraquecer a influência ocidental e reforçar seu modelo de governança autoritária no cenário global. No entanto, o envolvimento da Coreia do Norte complica esse cálculo, ao ampliar os riscos de uma escalada militar que poderia se estender além das fronteiras ucranianas.

Se a Coreia do Norte, sob pressão de Moscou, se tornar um aliado militar significativo da Rússia, Pequim poderá enfrentar um dilema ainda mais difícil. A China e a Coreia do Norte têm um pacto de defesa mútua desde 1961, que teoricamente exige que os dois países se apoiem em caso de ataque externo. Embora a China tenha demonstrado uma postura mais crítica em relação às provocações norte-coreanas nos últimos anos, esse tratado continua a ser uma peça importante na relação entre os dois países.

Uma escalada militar que envolva diretamente a OTAN ou outros atores ocidentais poderia forçar a China a tomar uma posição mais clara. Apoiar a Rússia e a Coreia do Norte nesse cenário implicaria em um confronto direto com os Estados Unidos e seus aliados, algo que poderia ser desastroso para a economia chinesa. Por outro lado, abandonar a Rússia significaria abrir mão de um aliado estratégico e perder acesso a recursos vitais, como petróleo, gás e minerais da Sibéria.

A situação interna do exército russo e os planos de Pequim

Outro fator que preocupa a China é o estado interno da Rússia. Após anos de guerra, a economia russa está sob forte pressão, e relatos de deserções e baixa moral entre suas tropas sugerem que Moscou enfrenta dificuldades crescentes para sustentar seu esforço militar. Uma derrota russa na Ucrânia poderia desestabilizar ainda mais o país, resultando em mudanças no governo que poderiam levar a um realinhamento com o Ocidente.

Pequim, que tem aproveitado a vulnerabilidade russa para firmar acordos comerciais lucrativos e ampliar sua influência, estaria em uma posição desvantajosa se a Rússia se voltasse contra ela. Além disso, a presença de tropas norte-coreanas na Rússia pode ser vista como uma tentativa de Moscou de criar uma “zona tampão” contra uma possível expansão da influência chinesa na Manchúria Exterior, uma região historicamente disputada.

Embora a China não tenha reivindicações territoriais oficiais sobre a Manchúria Exterior, mudanças recentes em mapas divulgados pelo governo chinês sugerem um ressurgimento do interesse por essa área, rica em recursos naturais e estrategicamente importante. Caso a Rússia enfraqueça ainda mais, Pequim poderia considerar uma intervenção para garantir acesso a esses recursos.

O futuro da guerra na Ucrânia e seu impacto no equilíbrio de poder global

A entrada de tropas norte-coreanas no conflito na Ucrânia é um reflexo do desgaste russo após mais de dois anos de guerra e uma indicação de como a dinâmica global está mudando. A Rússia, que já foi uma superpotência militar autossuficiente, agora depende cada vez mais de aliados como a Coreia do Norte. Essa dependência coloca a China em uma posição desconfortável, forçando-a a repensar sua estratégia a longo prazo.

Enquanto isso, Pequim parece adotar uma postura de espera, avaliando cuidadosamente os próximos passos de Moscou e Pyongyang. A liderança de Xi Jinping sabe que qualquer movimento precipitado pode ter consequências desastrosas, seja no campo econômico, político ou militar.

O futuro da guerra na Ucrânia e seu impacto no equilíbrio de poder global permanece incerto. O que está claro é que a entrada de um terceiro ator no conflito, como a Coreia do Norte, complica ainda mais a situação e deixa a China sem boas opções. Para Pequim, a questão não é apenas como agir, mas quando será obrigada a tomar uma posição mais clara diante de seus aliados e adversários.

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