A escolha de Pete Hegseth, ex-oficial da Guarda Nacional e apresentador de televisão, como novo Secretário de Defesa dos Estados Unidos pelo presidente eleito Donald Trump reacendeu um intenso debate sobre o papel das mulheres nas Forças Armadas. Conhecido por suas posições polêmicas, Hegseth argumenta que mulheres não deveriam atuar em batalhões de infantaria, o que tem gerado críticas tanto nos EUA quanto internacionalmente.
Hegseth, autor de cinco livros, incluindo o recente The War on Warriors, critica a inclusão de mulheres em papéis de combate, afirmando que tal prática compromete a eficácia e aumenta o número de baixas no campo de batalha. Segundo ele, a integração de mulheres em unidades como SEALs e Rangers, que demandam força física extrema, seria um erro estratégico.
Esse debate encontra eco na Índia, onde uma recente análise interna do Exército destacou desafios na gestão de unidades lideradas por mulheres. Em um relatório de cinco páginas, o tenente-general Rajeev Puri sugeriu uma abordagem “neutra em termos de gênero”, questionando o foco exclusivo na igualdade de gênero.
A inclusão de mulheres em combates diretos nos EUA é uma questão que tem evoluído desde a década de 1990. Em 2015, o então secretário de Defesa Ash Carter determinou que todas as posições de combate fossem abertas às mulheres. Contudo, apenas uma pequena fração delas consegue cumprir os rigorosos testes físicos necessários para cargos de elite, como Rangers ou Green Berets.
Na Índia, as mudanças são mais recentes. Em 2023, a Suprema Corte decidiu que as mulheres não poderiam ser desqualificadas com base em padrões físicos comparados aos dos homens. Essa decisão permitiu que mulheres assumissem cargos de comando em áreas fora da medicina pela primeira vez.
Atualmente, cerca de 17% do efetivo ativo das Forças Armadas dos EUA é composto por mulheres. Apesar de avanços tecnológicos que têm permitido maior participação feminina em operações à distância, o número de mulheres em funções de combate direto continua baixo, refletindo desafios físicos e sociais.
Críticos de Hegseth apontam que sua oposição à inclusão de mulheres em combate faz parte de uma visão mais ampla contra a diversidade e inclusão nas Forças Armadas americanas. Ele defende o retorno de políticas como “Don’t Ask, Don’t Tell”, que restringiam a atuação de militares LGBTQIA+.
Apesar das críticas, analistas sugerem que a crescente modernização tecnológica nas forças militares poderia facilitar a inclusão de mulheres. O uso de drones e outras tecnologias de ponta reduz a necessidade de esforço físico extremo, abrindo mais oportunidades para mulheres desempenharem papéis estratégicos e operacionais.
No entanto, especialistas como o major-general aposentado Mrinal Suman alertam que, em países com forças armadas menos tecnológicas, as mulheres enfrentam desafios maiores em ambientes inóspitos e perigosos. Para ele, a tecnologia é uma aliada importante na ampliação das possibilidades de atuação feminina.
A controvérsia em torno de Hegseth e o debate na Índia mostram que, apesar dos avanços na igualdade de gênero, a questão da atuação de mulheres em combates ainda divide opiniões globalmente. Enquanto os desafios persistem, o futuro parece apontar para uma maior integração feminina, impulsionada pela modernização militar.
Com informações de: eurasiantimes