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Ceda territórios à Rússia e esqueça a OTAN: os planos controversos de paz de Trump para a Ucrânia e o impacto na soberania de Kiev

Ceder territórios à Rússia e renunciar à OTAN: as propostas controversas dos conselheiros de Trump para encerrar a guerra na Ucrânia e suas implicações estratégicas

por Noel Budeguer
05/12/2024
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A guerra na Ucrânia, que já ultrapassou a marca de 1.000 dias desde sua escalada em 2022, continua sendo um dos conflitos mais complexos e devastadores do século XXI. Com mais de um milhão de pessoas mortas ou feridas e milhões de ucranianos deslocados de suas casas, o país enfrenta uma crise humanitária e militar sem precedentes. Nesse cenário, surgem propostas de paz associadas a Donald Trump. Embora essas propostas sejam apresentadas como uma solução para encerrar o conflito, levantam questões profundas sobre seus interesses ocultos, possíveis beneficiários e implicações geopolíticas de longo prazo.

Desde o início da guerra, a Rússia consolidou seu domínio sobre regiões estratégicas, incluindo a Crimeia, aproximadamente 80% de Donetsk e Lugansk, e partes significativas de Zaporizhzhia e Kherson. Essas conquistas garantem ao Kremlin controle sobre importantes corredores terrestres e acesso ao Mar Negro, enfraquecendo ainda mais a posição estratégica de Kiev. Para a Ucrânia, a prolongada guerra está drenando seus recursos financeiros e militares, além de depender quase exclusivamente do apoio ocidental para manter a resistência contra as forças russas.

Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, enfrenta um cenário interno desafiador. A moral das tropas está continuamente sendo testada, enquanto a economia ucraniana luta para sustentar os custos do conflito. Internacionalmente, Zelensky depende do apoio militar e financeiro de aliados, mas sinais de cansaço entre países europeus e norte-americanos começam a emergir, colocando pressão sobre sua administração para buscar soluções diplomáticas.

Propostas de paz: Estratégias e consequências

Os conselheiros de Donald Trump apresentaram três propostas principais para a resolução do conflito na Ucrânia, cada uma refletindo diferentes abordagens e prioridades. O plano Kellog sugere o congelamento das linhas de frente atuais, com garantias de segurança limitadas para a Ucrânia em troca de abandonar suas aspirações de adesão à OTAN. Este plano busca estabilizar a situação no curto prazo e reduzir o envolvimento direto dos Estados Unidos, minimizando custos para Washington.

Já o plano Vence propõe a criação de uma zona desmilitarizada nas áreas ocupadas pela Rússia. Essa zona seria fortemente fortificada, efetivamente consolidando os ganhos territoriais russos e limitando os riscos de novas escaladas militares. Por sua vez, o plano Granel introduz a ideia de zonas autônomas no leste da Ucrânia, permitindo que Moscou mantenha um controle indireto sobre as regiões em disputa. Essa proposta também exclui permanentemente a possibilidade de adesão da Ucrânia à OTAN, atendendo a uma das principais demandas de Vladimir Putin.

Embora diferentes em detalhes, todas essas propostas têm um denominador comum: priorizam uma resolução rápida do conflito com custos mínimos para os Estados Unidos, ao mesmo tempo em que oferecem grandes concessões à Rússia. Para Kiev, essas condições são inaceitáveis, uma vez que ignoram as demandas de soberania e integridade territorial da Ucrânia e recompensam as agressões russas com ganhos permanentes.

O impacto geopolítico das propostas

As propostas de paz associadas a Trump têm implicações geopolíticas profundas, especialmente para os atores diretamente envolvidos no conflito. Para a Ucrânia, elas representam uma derrota estratégica e moral. Aceitar concessões territoriais permanentes enfraqueceria significativamente sua posição internacional, prejudicaria seus esforços para recuperar os territórios ocupados e deixaria o país vulnerável a futuras ofensivas russas. Zelensky já enfatizou que congelar o conflito ou excluir a Ucrânia da OTAN apenas adiaria novos ataques de Moscou. Segundo ele, sem garantias reais de segurança, Putin poderia retomar a ofensiva em poucos anos, em um ciclo contínuo de instabilidade.

Para a Rússia, essas propostas são vistas como uma oportunidade de consolidar seus ganhos territoriais e reforçar sua influência sobre as regiões ocupadas. Embora enfrente sérias dificuldades econômicas e perdas humanas no conflito, o Kremlin tem apostado na exaustão do Ocidente e na fragilidade progressiva da Ucrânia. A postura mais conciliadora de Trump em relação a Moscou, evidenciada durante seu mandato anterior, alimenta o otimismo do Kremlin em relação a possíveis benefícios estratégicos, incluindo concessões territoriais ou a redução do apoio militar dos EUA a Kiev.

Para os Estados Unidos, as propostas de Trump levantam dúvidas sobre sua posição como líder global. Embora visem reduzir os custos imediatos do envolvimento no conflito, comprometeriam a credibilidade americana como defensora da democracia e da ordem internacional baseada em regras. Além disso, enviar a mensagem de que agressões militares podem ser recompensadas com concessões poderia encorajar outras potências a adotar estratégias semelhantes, ameaçando a estabilidade global.

A perspectiva de Zelensky e os desafios da diplomacia

Zelensky enfrenta um dilema diplomático delicado. Por um lado, precisa demonstrar disposição para negociar com a Rússia a fim de manter o apoio de aliados ocidentais. Por outro, qualquer concessão excessiva pode alienar a população ucraniana, que ainda apoia amplamente a resistência contra as forças invasoras. O presidente ucraniano insiste que qualquer acordo de paz deve incluir a recuperação total dos territórios ocupados e a adesão à OTAN como garantias fundamentais de segurança. Para ele, ceder nessas questões não apenas trairia o sacrifício de milhões de ucranianos, mas também enfraqueceria a posição da Ucrânia a longo prazo.

As propostas de Trump, no entanto, seguem na direção oposta. Ao aceitar tacitamente as conquistas territoriais russas e descartar a adesão da Ucrânia à OTAN, elas contradizem diretamente as aspirações de Kiev e os princípios fundamentais do direito internacional. Além disso, estabelecer precedentes de concessões territoriais pode criar riscos para a ordem global, sinalizando que a agressão militar é uma estratégia viável para alcançar objetivos políticos.

Uma abordagem pragmática

As propostas de paz associadas a Donald Trump revelam uma abordagem pragmática, mas preocupante, para o fim da guerra na Ucrânia. Embora apresentem soluções rápidas e de baixo custo para os Estados Unidos, falham em abordar as raízes profundas do conflito e ignoram os princípios de soberania e integridade territorial. Para a Ucrânia, elas representam não apenas uma derrota moral, mas também um risco significativo de futuras agressões. Para a Rússia, essas propostas consolidariam seus ganhos territoriais e enfraqueceriam a posição de Kiev, enquanto para o Ocidente, comprometeriam a credibilidade de sua liderança global.

A guerra na Ucrânia é um lembrete doloroso de que soluções diplomáticas que desconsideram os interesses fundamentais de uma nação em conflito podem perpetuar, e não resolver, as causas subjacentes da violência. No contexto geopolítico atual, qualquer proposta de paz deve ser avaliada não apenas em termos de sua eficácia imediata, mas também de suas implicações a longo prazo para a segurança e a estabilidade global.

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