A Força Aérea Brasileira (FAB) pretende estar completamente pronta para utilizar os armamentos do caça sueco Saab Gripen até o encerramento de 2025. De acordo com o tenente-coronel Ramon Fórneas, que lidera a base aérea de Anápolis (GO), onde os aviões estão localizados, uma nova atualização de software deve chegar nos próximos dias. Atualmente, a FAB opera com oito caças Gripen E/F em condições ativas, enquanto um nono exemplar está em fase final de testes.
A incorporação do Gripen à frota brasileira tem ocorrido de maneira gradual. Apesar de o avião ter sido declarado operacional em abril do ano passado, ainda não está autorizado a utilizar seu canhão nem os mísseis Iris-T e Meteor. Testes que ainda precisam ser concluídos no país têm causado atrasos, considerados normais nesse tipo de integração, o que impede o uso em lançamentos reais em solo nacional — embora o Meteor já tenha sido avaliado com êxito na Europa. Por ora, os disparos de armamentos reais continuam sendo responsabilidade dos veteranos F-5.
Com sede em Anápolis, o 1º Grupo de Defesa Aérea tem a missão de proteger o centro do território brasileiro, incluindo a capital federal. Desde a desativação dos Mirage-2000 em 2015, a unidade operava provisoriamente com os antigos F-5. Mesmo com a entrada do Gripen, caças F-5 ainda são transferidos ocasionalmente para reforçar a base goiana.
Treinamentos e manobras marcam avanço na integração do Gripen

O ano de 2024 representou avanços significativos no projeto. Após obter a certificação operacional, foram iniciadas as sessões de treinamento de combate, primeiro entre caças Gripen e, em seguida, contra F-5. Atualmente, 14 pilotos brasileiros já estão capacitados para voar o novo modelo, incluindo o primeiro aviador treinado integralmente em solo nacional. Anteriormente, a formação ocorria na Suécia, utilizando aeronaves da geração anterior.
Um dos momentos mais relevantes do ano foi a presença dos caças Gripen no exercício Cruzex, realizado em novembro em Natal (RN). Na ocasião, os aviões brasileiros participaram de combates simulados com F-15 norte-americanos e F-16 do Chile, sendo tanto “abatidos” quanto “vencedores” nas simulações. Dos oito caças posicionados em Anápolis, sete estiveram no treinamento, e seu desempenho foi elogiado por Fórneas, principalmente pela taxa de 85% de disponibilidade.

Perspectivas futuras e expansão da frota são avaliadas pela FAB
O programa brasileiro prevê a aquisição total de 36 unidades do Gripen, das quais oito são modelos bipostos. A expectativa para este ano é que ocorra o voo inaugural do primeiro exemplar montado no Brasil, na planta da Embraer em Gavião Peixoto (SP), fruto do acordo de transferência tecnológica. Empresas como AEL e Akaer também fazem parte da cadeia de produção. Apesar de haver consenso político entre os governos do Brasil e da Suécia, ainda não foi oficializada a ampliação da encomenda para 50 unidades.
Segundo Mikael Franzén, vice-presidente da Saab, essa possível nova aquisição está sendo tratada separadamente do contrato em que a Suécia comprou quatro aeronaves C-390 da Embraer. Ele também destacou o cenário de aumento nos investimentos em defesa na Europa, que pode favorecer a Saab e permitir que a linha brasileira do Gripen forneça aeronaves para o exterior, após a entrega completa das unidades previstas no contrato atual com a FAB, cujo término está projetado para o fim desta década.