Um novo vídeo despertou temores de uma maior intervenção estrangeira na atual guerra na Ucrânia. As imagens, compartilhadas pela conta X @JayinKyiv, parecem mostrar um trem carregado com sistemas de artilharia. Segundo as afirmações da conta, trata-se de sistemas de artilharia norte-coreanos enviados para reforçar o exército russo na Ucrânia.
“Milhas de unidades de artilharia norte-coreanas se dirigem para a Ucrânia. Imaginem se os aliados da Ucrânia estivessem tão interessados em deixar a Ucrânia vencer quanto os aliados da Rússia em destruir o mundo ocidental”, escreveu @JayinKyiv em uma publicação que acompanhava o vídeo.
Embora o vídeo levante sérias preocupações sobre a participação da Coreia do Norte no conflito, o BulgarianMilitary.com não conseguiu verificar independentemente as alegações nem confirmar a localização ou o momento das imagens.
Miles of North Korean artillery units heading into Ukraine.
Imagine if Ukraine's allies were as serious about letting Ukraine win as Russia's allies are about destroying the western world. pic.twitter.com/JrRbcRqSxr
— Jay in Kyiv (@JayinKyiv) December 19, 2024
As possíveis consequências de tal medida seriam enormes, especialmente considerando os crescentes riscos geopolíticos. Se confirmado, poderia representar um passo importante no apoio do exército da Coreia do Norte à Rússia e complicar ainda mais a situação para a Ucrânia e seus aliados ocidentais.
Exército norte-coreano: a possível chegada à guerra na Ucrânia
Um vídeo que apareceu recentemente, embora de baixa qualidade, despertou intensas especulações sobre a presença de artilharia do exército norte-coreano em direção à Ucrânia. A baixa resolução torna quase impossível confirmar o modelo exato das armas mostradas. No entanto, analistas e observadores militares apontam que a artilharia autopropulsada que aparece no vídeo tem grande semelhança com o M-1978 Koksan, uma arma poderosa conhecida por seu alcance excepcional e poder de fogo devastador.
O M-1978 Koksan é um dos sistemas de artilharia convencional de maior alcance do mundo, capaz de disparar projéteis a uma distância de até 60 quilômetros quando utiliza projéteis assistidos por foguetes. Se estas unidades forem de fato sistemas Koksan, seu envio poderia representar um grande impulso à potência de fogo do exército russo na Ucrânia, especialmente em confrontos de longo alcance nos quais a artilharia de precisão tem desempenhado um papel decisivo.
Probably the first losses of the North Korean army in battles with the Ukrainian army.
Unfortunately, unlike Ukraine's allies, Kim Jong Un sent his soldiers to help Putin
Now Ukraine is fighting against two armies of two nuclear states at once pic.twitter.com/fP3qJ84D9R
— Ukraine News 🇺🇦 (@Ukrainene) December 16, 2024
Até o momento, o vídeo continua sem verificação, e não estão claros o momento exato nem o local em que foi filmado. No entanto, a possibilidade de que equipamento militar do exército norte-coreano entre no conflito destaca a natureza cada vez mais global da guerra na Ucrânia e evidencia os laços cada vez mais profundos entre Pyongyang e Moscou.
O M-1978 Koksan, desenvolvido pela Coreia do Norte na década de 1970, é uma das plataformas de artilharia mais poderosas de Pyongyang. Este sistema de artilharia autopropulsada, apresentado oficialmente ao mundo durante um desfile militar em 1985, é famoso por seu alcance extraordinário, tornando-se um ativo estratégico para o exército da Coreia do Norte. Acredita-se que seu nome, “Koksan”, derive da cidade onde a arma foi desenvolvida ou testada.
O M-1978 Koksan possui um calibre impressionante de 170 mm, significativamente maior que os sistemas de artilharia padrão. Pode disparar projéteis convencionais de alto poder explosivo a uma distância de até 40 quilômetros. Com projéteis assistidos por foguetes, seu alcance se estende a impressionantes 60 quilômetros, o que o torna um dos sistemas de artilharia convencional de maior alcance do mundo. Essa capacidade permite ao exército norte-coreano atacar profundamente atrás das linhas inimigas, mirando em infraestrutura e centros logísticos com efeito devastador.
M-1978 Koksan: o poder de fogo do exército da Coreia do Norte
O sistema é montado sobre um chassi de tanque modificado, o que lhe confere mobilidade no campo de batalha. As primeiras versões do M-1978 Koksan não possuíam sistema de armazenamento de munição a bordo e dependiam de caminhões acompanhantes para transportar os projéteis. Esse projeto o tornava vulnerável em combates de alta intensidade, especialmente se seus veículos de apoio logístico fossem destruídos.
As variantes posteriores, conhecidas como M-1989, resolveram essa limitação ao incorporar um compartimento de armazenamento blindado capaz de abrigar até 12 projéteis diretamente no sistema. O M-1989 também contava com proteção de blindagem aprimorada para a tripulação e componentes críticos. Relatórios sugerem que essas versões integravam sistemas avançados de mira, o que aumentava a precisão do exército norte-coreano para confrontos de longa distância.
O Koksan foi projetado principalmente para duelos de artilharia pesada ou bombardeios sustentados de alvos estratégicos. Acredita-se que a Coreia do Norte tenha implantado uma quantidade significativa desses sistemas próximo à Zona Desmilitarizada (DMZ) com a Coreia do Sul, onde estão posicionados para colocar a capital sul-coreana, Seul, dentro do alcance. Isso dá à arma não apenas importância tática, mas também influência psicológica nas tensões atuais na península coreana.
🇰🇷🇰🇵🇺🇦| According to South Korean intelligence at least 100 North Korean soldiers were killed and around 1000 others were injured to varying degrees in the Ukrainian war.
The numbers seem a bit high to me. pic.twitter.com/PkGqz2r0ML
— Eternal Glory (@EternalGlory0) December 19, 2024
A nível internacional, o M-1978 Koksan foi exportado de forma limitada para aliados do exército da Coreia do Norte. Um dos destinatários mais destacados foi o Irã, que utilizou o sistema durante a guerra Irã-Iraque. Nesse conflito, mostrou-se eficaz em cercos prolongados e ataques de artilharia destrutivos contra fortificações e linhas de suprimento inimigas.
Apesar de suas impressionantes capacidades, o Koksan possui várias limitações. Seu lento tempo de recarga, especialmente nos primeiros modelos, poderia limitar sua eficácia em combates de alta intensidade. Além disso, seu grande tamanho e mobilidade limitada o tornam vulnerável a fogo de contrabateria ou ataques aéreos caso sua posição seja detectada.
O Koksan continua sendo uma arma emblemática no arsenal do exército da Coreia do Norte, simbolizando suas ambições de poder militar e sua capacidade de projetar ameaças além de suas fronteiras imediatas. Seu possível envio para conflitos fora da península coreana, como sugere o vídeo da Ucrânia, destacaria o papel crescente da Coreia do Norte na dinâmica militar global.
As evidências continuam a se acumular de que as forças russas estão utilizando equipamento militar norte-coreano na Ucrânia. Embora não haja provas definitivas, os últimos acontecimentos, incluindo imagens de satélite, relatórios do campo de batalha e inteligência interceptada, indicam uma crescente colaboração entre Moscou e Pyongyang para sustentar a máquina de guerra russa.
As imagens de satélite analisadas por agências de defesa ocidentais revelam um notável aumento no tráfego ferroviário entre a Coreia do Norte e o exército russo. Foram observados vários envios, incluindo grandes caixas que se acredita conter munições de artilharia, cruzando a fronteira. Esses movimentos coincidem com as dificuldades da Rússia para reabastecer suas reservas de munições, esgotadas pelos intensos combates na Ucrânia.
Aliança militar entre Moscou e Pyongyang: implicações e evidências
No campo de batalha, fotos e vídeos que circulam nas redes sociais têm gerado intensa especulação. Supostamente, foram vistas caixas com identificadores semelhantes aos de fabricação norte-coreana em territórios controlados pela Rússia. Embora essas imagens ainda não tenham sido verificadas, especialistas militares destacam que os designs e as etiquetas das caixas são quase idênticos aos usados pelas unidades de artilharia norte-coreanas.
Os relatos de linha de frente reforçam ainda mais essas alegações. Soldados ucranianos relataram ter recuperado cápsulas de projéteis usados com marcas associadas a designs norte-coreanos. Essas descobertas surgem após relatos de bombardeios de artilharia intensos em certos setores, sugerindo uma possível infusão de munições estrangeiras para o exército russo nas cadeias de suprimentos.