Um novo capítulo se escreve na história da indústria de defesa brasileira. Com a crise fiscal apertando o cerco e o governo em busca de soluções, um novo ciclo de investimentos estrangeiros no setor se desenha, impulsionado por bilhões de reais e com o potencial de transformar o cenário estratégico do país.
2025 começa com uma reviravolta na base industrial de defesa brasileira. O setor de defesa e segurança desponta como um raro ponto de otimismo. O principal exemplo desse movimento é o investimento de R$ 3 bilhões realizado pelo Grupo EDGE, dos Emirados Árabes Unidos, que está impulsionando o desenvolvimento de tecnologias estratégicas e projetos ambiciosos no país.
Paralelamente, programas militares cruciais como o míssil de cruzeiro AV-MTC, com alcance de 300 km, aguardam apenas a industrialização para entrar em produção em massa, marcando um ano decisivo para as forças armadas brasileiras.

Esses movimentos são parte de um panorama mais amplo, com avanços e desafios relatados pelo jornalista Roberto Caiafa, no site Info Defensa.
Investimentos estrangeiros redefinem a indústria de Defesa
O Grupo EDGE tem sido um ator central nesse novo ciclo de investimentos no Brasil. Além de investir na Siatt, que produz o míssil antinavio Mansup e o míssil antitanque MAX 1.2 AC, a empresa também revitalizou a Condor Não Letais. A Condor planeja construir uma nova fábrica no estado de São Paulo para produzir sensores, câmeras corporais e tecnologias de segurança, com acesso ampliado a mercados globais graças à influência dos Emirados Árabes Unidos.
A Avibras, gigante adormecida: Enquanto isso, a histórica Avibras, que já foi símbolo do sucesso industrial brasileiro, enfrenta um cenário de iminente falência. O declínio da empresa contrasta com o crescimento de novas potências industriais como Mac Jee e Akaer, que assumem projetos estratégicos antes vinculados à Avibras, como o vetor de pesquisa hipersônico X-14 e o pequeno veículo lançador VLPP.

Forças Terrestres: programas estratégicos avançam
Para o Exército Brasileiro, o maior cliente da indústria de defesa nacional, o míssil AV-MTC, com alcance de 300 km, está pronto e aguarda apenas o início de sua produção em massa. Com a propriedade intelectual garantida pela força terrestre, há grande expectativa de que, caso a Avibras declare falência, o programa seja transferido para outra empresa nacional.
A aquisição de novos obuseiros, veículos blindados de combate e a modernização dos Leopard 1A5 BR estão no centro das atenções. Outro foco é o programa de modernização das forças blindadas, que inclui a substituição urgente dos obsoletos M-113 e Leopard 1A5 BR. O contrato do blindado Centauro 2 é prioritário para 2025, assim como a produção de munições HEAT/HESH pela Imbel.
A corrida pela modernização: avanços navais e aeroespaciais
Na Marinha, o programa Prosub avança com a participação de um submarino da classe Riachuelo no exercício Aspirantex e a construção de novas fragatas da classe Tamandaré, previstas para operação ainda este ano. Também está em andamento a construção do Navio Polar “Almirante Saldanha”, essencial para a presença do Brasil na Antártica.
Na Força Aérea Brasileira (FAB), 2025 traz a entrega do primeiro caça Gripen E fabricado no Brasil e o avanço do programa de modernização do Super Tucano. A FAB também se prepara para decidir o futuro de sua frota de helicópteros Blackhawk e integrar o sistema Link BR2 em suas aeronaves, aumentando consideravelmente suas capacidades operacionais.
Um novo mapa geopolítico
O ano de 2025 se apresenta como um divisor de águas para a indústria de defesa brasileira. Os investimentos estrangeiros, a modernização das Forças Armadas e a busca por soluções para os desafios do presente moldarão o futuro do setor. Essa nova dinâmica levanta questionamentos sobre a soberania nacional e a dependência de tecnologias estrangeiras. A transferência de conhecimento e a criação de empregos são pontos cruciais nesse debate.