A África está pronta para liderar o futuro energético do planeta. Com suas vastas reservas de minerais críticos, essenciais para tecnologias de baixo carbono como baterias de veículos elétricos e energia renovável, o continente tem tudo para se tornar o centro da transição energética global. Porém, o verdadeiro potencial dessa riqueza permanece inexplorado, enquanto bilhões de dólares em oportunidades econômicas escapam para outras regiões. De acordo com o relatório “Shaping The Future of Minerals”, do Future Minerals Forum.
O que está em jogo é o futuro da energia sustentável e a chance da África transformar seus recursos em desenvolvimento, empregos e liderança estratégica, com potencial inexplorado para se tornar o coração da cadeia global de minerais.
África: o centro da transição energética global
A África, combinada com áreas da Ásia Central e Ocidental, forma o que especialistas chamam de “Super Região”. Esse bloco é um verdadeiro celeiro mineral, abrigando 59% das reservas globais de cobalto, 62% de manganês e 67% de bauxita. Esses recursos tornam o continente um ator indispensável na transição energética mundial.
Apesar de possuir essas riquezas naturais, o continente enfrenta desafios históricos. A maior parte dos minerais extraídos na África é exportada em estado bruto, enquanto o processamento de alto valor agregado ocorre em outras partes do mundo. Por exemplo, 80% do refino global de cobalto acontece fora do continente, o que limita a criação de empregos locais e o crescimento econômico sustentável.
No entanto, a geografia estratégica da África, próxima a grandes mercados como Europa e Ásia, oferece uma vantagem competitiva para mudar esse cenário. Com uma abordagem estratégica, o continente pode transformar sua posição na cadeia de suprimentos de minerais críticos e se consolidar como um centro global de produção e inovação de energia renovável.
Minerais como alicerce do desenvolvimento econômico
Para que a África transforme seu vasto potencial mineral em força econômica, algumas ações fundamentais são necessárias:
1. Foco no processamento local: Inspirando-se na Indonésia, que usou sua produção de níquel para criar uma cadeia produtiva nacional, a África pode investir em indústrias locais para gerar empregos e aumentar as receitas.
2. Infraestrutura robusta: Estradas, portos e instalações de processamento são indispensáveis para suportar o crescimento da indústria de minerais no continente.
3. Políticas públicas estratégicas: Reformar os códigos de mineração, renegociar contratos e criar incentivos para o processamento local são medidas essenciais para atrair investimentos estrangeiros e garantir benefícios para as comunidades locais.
Segundo o relatório, o processamento local de minerais na África pode gerar milhares de empregos nos setores de tecnologia verde e químicos, além de receitas que podem ser destinadas à construção de escolas, hospitais e outras infraestruturas críticas. Isso representa um enorme salto em direção ao desenvolvimento sustentável, aproveitando os minerais como base para o progresso social e econômico.
Estratégia e soberania no setor de minerais na África
Para competir com potências como a China, a África precisa adotar uma estratégia integrada que priorize tanto os interesses locais quanto a atração de investidores globais. Isso inclui:
– Mapeamento estratégico: Identificar oportunidades e riscos nos setores de cobalto, lítio e outros minerais críticos.
– Regulação favorável ao investimento: Criar um ambiente regulatório que seja atraente para investidores, mas que também proteja os interesses das comunidades locais.
– Capacitação da força de trabalho: Desenvolver expertise local para gerenciar todas as etapas da cadeia produtiva, desde a extração até o processamento e exportação.
Com inteligência estratégica, o continente pode superar barreiras como infraestrutura insuficiente e falta de competitividade em alguns mercados, transformando desafios em oportunidades para liderar a revolução dos minerais críticos para o desenvolvimento de energia.
Um futuro baseado em minerais com uma visão estratégica e investimentos coordenados
O relatório do Future Minerals Forum deixa claro que a África precisa agir imediatamente para garantir que suas riquezas minerais sejam usadas para impulsionar seu próprio desenvolvimento. Com uma visão estratégica e investimentos coordenados, o continente pode não apenas atender às demandas globais da transição energética, mas também se posicionar como um modelo de crescimento sustentável.
A riqueza mineral da África além de ser um recurso, é a chave para moldar seu futuro. Ao assumir um papel central no cenário global, o continente pode redefinir a nova ordem econômica mundial, combinando progresso econômico, sustentabilidade e liderança estratégica.