A Dinamarca recebeu, em 12 de janeiro, mais três caças furtivos f-35 Lightning II, entregues diretamente dos Estados Unidos à Base Aérea de Skrydstrup, no sul do país. Com essa entrega, o país já possui 17 das 27 aeronaves de quinta geração encomendadas em 2021. Do total, seis permanecem na Base Aérea Luke, no Arizona, para treinamento, enquanto 11 estão em operação no território dinamarquês.
Esses novos caças, fabricados pela Lockheed Martin, são um reforço significativo para a Dinamarca, que avalia a possibilidade de utilizar os f-35 na Groenlândia. A decisão ocorre em um momento de crescente disputa pela influência no Ártico, uma região estratégica tanto do ponto de vista militar quanto econômico, devido às riquezas minerais e ao derretimento das geleiras, que abrem novas rotas marítimas.
A chegada das aeronaves também marca um esforço da Dinamarca para modernizar sua frota, substituindo os antigos caças f-16MLU. Os novos f-35, além de realizar missões de policiamento aéreo e alerta de reação rápida (QRA), estarão configurados com o chamado “Technology Refresh 3” (TR3) a partir de 2027. Esse pacote de atualizações melhora o radar, a guerra eletrônica e a integração de armas de longo alcance, ampliando a capacidade de defesa dinamarquesa.
Groenlândia: a nova fronteira da defesa estratégica europeia
A Dinamarca também anunciou um investimento na modernização da infraestrutura da Groenlândia, com planos de adequar o aeroporto de Kangerlussuaq para receber os caças f-35. A Groenlândia, localizada em uma posição estratégica no Ártico, é essencial para monitorar o espaço aéreo polar e possíveis movimentações militares, como aeronaves hostis ou mísseis intercontinentais.
Além disso, a proximidade da ilha com a Passagem do Noroeste, que conecta os oceanos Atlântico e Pacífico, torna a região ainda mais valiosa. A crescente navegabilidade dessas águas, devido ao aumento das temperaturas globais, despertou interesse não apenas do Ocidente, mas também de potências como Rússia e China, gerando um ambiente de competição geopolítica.
O interesse dinamarquês em reforçar sua presença na Groenlândia também se intensificou após o aumento das tensões com os Estados Unidos. O então presidente eleito Donald Trump reacendeu a polêmica sobre a possível aquisição da Groenlândia pelos EUA, classificando-a como vital para a segurança americana.
Pressões dos estados unidos e aumento de investimentos militares
Trump chegou a afirmar que não descartaria o uso de força econômica ou militar para garantir o controle da Groenlândia, o que gerou reações enérgicas tanto do governo dinamarquês quanto da Groenlândia. O primeiro-ministro da ilha, Egede, declarou que a Groenlândia “não está à venda” e enfatizou a importância de sua autonomia.
Em resposta, a Dinamarca anunciou um pacote bilionário de investimentos em defesa, com mais de US$ 1,5 bilhão destinados ao fortalecimento militar na região. Entre as medidas estão a aquisição de drones de longo alcance, novos navios de inspeção e o fortalecimento das capacidades operacionais na Groenlândia.
Além disso, o governo dinamarquês reiterou sua intenção de manter o controle sobre a defesa do território, afastando qualquer tentativa de intervenção externa. A Base Espacial Pituffik, anteriormente Thule Air Base, desempenha um papel crítico nesse cenário, abrigando operações conjuntas da Dinamarca e dos Estados Unidos.
Ameaças no ártico e o papel dos f-35 na defesa da região
A distância de apenas 3.800 quilômetros entre a Groenlândia e a Rússia torna a ilha um ponto estratégico para a vigilância de atividades militares no Ártico. Enquanto os EUA aumentam sua infraestrutura para acomodar os f-35 na base de Pituffik, a Dinamarca busca garantir sua soberania ao ampliar sua presença na região.
As tensões com a Rússia, acusada de militarizar o Ártico, e o interesse chinês em explorar os recursos naturais da Groenlândia colocam ainda mais pressão sobre a Dinamarca para fortalecer sua posição. Os novos f-35 são vistos como uma peça-chave para conter ameaças e demonstrar capacidade de resposta às demandas de segurança no Ártico.
Com isso, a Dinamarca pretende mostrar que está preparada para proteger sua soberania e, ao mesmo tempo, contribuir para a defesa coletiva da OTAN em um dos cenários mais desafiadores da atualidade.
Com informações de: eurasiantimes