O presidente da Argentina, Javier Milei, pretende erguer barreiras físicas na fronteira do país com o Brasil e a Bolívia, justificando a medida como uma forma de reforçar a segurança e combater crimes como tráfico de drogas e contrabando. O plano prevê a construção de um muro na divisa entre a província de Misiones e o estado de Santa Catarina, além de cercas e outras barreiras ao longo de pontos estratégicos. A informação foi divulgada pelo canal “Vamos Falar de História?“.
Medida é comparada ao muro de Trump nos EUA
A ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, afirmou que a fronteira entre Bernardo de Irigoyen, na Argentina, e Dionísio Cerqueira, no Brasil, apresenta vulnerabilidades graves, permitindo a passagem fácil de criminosos e produtos ilegais. Além disso, a diferença cambial entre o peso argentino e o real brasileiro teria intensificado o comércio irregular na região. A iniciativa do governo argentino gerou comparações com a política de Donald Trump nos Estados Unidos, que construiu barreiras na fronteira com o México para conter a imigração ilegal.
Especialistas alertam que a construção de muros unilaterais pode ferir princípios do Mercosul, que prioriza a integração econômica e a livre circulação de pessoas. O endurecimento nas fronteiras pode afetar negativamente as relações entre Argentina e seus vizinhos, aumentando tensões diplomáticas. O governo Milei já tem gerado polêmicas dentro do bloco devido à sua aproximação unilateral com os Estados Unidos.
Brasil avalia proposta com cautela
No Brasil, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem adotado uma posição cautelosa. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, declarou que vê a iniciativa como um reforço no controle de fronteiras, destacando a importância da cooperação entre os países para combater o crime organizado. O Brasil mantém acordos com a Argentina e o Paraguai para segurança na região, e há expectativa de que a medida seja debatida entre os governos.
A proposta também gera preocupações para cidades fronteiriças que dependem do fluxo diário de mercadorias e trabalhadores. O aumento de barreiras pode dificultar esse trânsito e afetar o comércio local. Além disso, moradores da região podem resistir à implementação do projeto, visto que a integração econômica é essencial para muitas comunidades fronteiriças.
Outro ponto de debate é o custo da obra em meio à crise econômica da Argentina. O país enfrenta inflação elevada e desafios fiscais significativos, e especialistas questionam se a construção do muro seria a melhor forma de investir recursos públicos. Apesar das críticas, o governo Milei defende que a medida garantirá maior segurança e controle econômico na região.