A Marinha Russa deu um passo estratégico ao reativar os dois reatores nucleares do cruzador de batalha Admiral Nakhimov, o último remanescente da imponente classe Kirov. Essa ação sinaliza que a embarcação está próxima de iniciar seus testes no mar, reforçando o poder naval da Rússia. O primeiro reator foi religado em dezembro, enquanto o segundo foi ativado em 2 de fevereiro, conforme divulgado pela agência estatal TASS. Segundo a fonte, “o acionamento consecutivo dos dois reatores do cruzador demonstra a prontidão de toda a planta nuclear da embarcação para operação em todos os modos”.
Esse cruzador de 28 mil toneladas é uma das mais poderosas embarcações de combate de superfície do mundo. Com sua propulsão nuclear, o Admiral Nakhimov alcança velocidades de até 32 nós, garantindo alta mobilidade e capacidade operacional prolongada. Sua modernização envolve avanços tecnológicos em sistemas de defesa, armamentos e sensores, consolidando-se como peça-chave na estratégia naval russa.
O poder dos cruzadores da classe Kirov construídos para a Marinha Soviética
O Admiral Nakhimov é um dos quatro cruzadores de batalha da classe Kirov, construídos nos anos 1980 para a Marinha Soviética. Esses navios de guerra foram projetados para serem os mais poderosos combatentes de superfície do mundo. Atualmente, o Admiral Nakhimov encontra-se no estaleiro Sevmash, no Mar Branco, onde passa por um ambicioso processo de modernização iniciado em 2008.
O plano original previa seu retorno à ativa em 2018, mas atrasos na indústria naval russa prolongaram os trabalhos. Entretanto, as melhorias implementadas elevaram consideravelmente sua capacidade de combate, tornando-o um dos navios de guerra mais formidáveis da atualidade.
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Armas e defesa: uma revolução em capacidade de combate
A modernização do Admiral Nakhimov substituiu os antigos 20 mísseis antinavio P-700 Granit por 80 células de lançamento para mísseis de cruzeiro mais modernos. Entre eles estão os P-800 Oniks, 3M54T Kalibr e os temidos mísseis hipersônicos Zircon, ideais para ataques contra embarcações inimigas. Para ataques terrestres, o cruzador está equipado com os 3M14T Kalibr, projetados para precisão de longo alcance.
O sistema de defesa também foi significativamente aprimorado. O antigo S-300F deu lugar ao S-400 navalizado, distribuído em 96 células de lançamento, o equivalente a três batalhões completos da versão terrestre. Junto a ele, foram instalados sistemas de defesa de curta distância, incluindo o Pantsir-ME, que substitui os seis sistemas Kashtan, e uma versão naval do S-350 Vityaz, que tomou o lugar dos antigos 4K33 OSA-M.
Em 2021, o CEO do Escritório de Projetos Severnoye, Andrei Dyachkov, afirmou que a modernização garantiu que o Admiral Nakhimov estivesse equipado com os sistemas de armamento mais avançados do mundo, tornando-o “o mais poderoso navio de combate de superfície”. Com um arsenal de 176 mísseis de longo alcance, incluindo os temidos Zircon, e um sistema de propulsão nuclear, a embarcação se destaca como uma das maiores ameaças navais do mundo.
O futuro da Marinha Russa e o impacto da modernização do Admiral Nakhimov
Os cruzadores da classe Kirov foram concebidos quando a União Soviética possuía a segunda maior marinha de águas profundas do mundo e buscava rivalizar com os Estados Unidos no desenvolvimento de navios de guerra. Contudo, após o colapso soviético, a Rússia deixou de construir cruzadores e destróieres de grande porte para sua frota, com suas embarcações modernas sendo significativamente menores que o Admiral Nakhimov.
O impacto da modernização do Admiral Nakhimov na Marinha Russa será significativo. Com os sérios problemas enfrentados pelo único porta-aviões russo, o Admiral Kuznetsov, é provável que o cruzador assuma o papel de navio-capitânia, tornando-se o centro das operações navais da Rússia.
Combinando poder de fogo, propulsão nuclear e tecnologia avançada, o Admiral Nakhimov reafirma o potencial da Rússia em manter uma presença estratégica no mar, consolidando-se como uma das embarcações mais temidas dos próximos anos.