As batidas binaurais estão no centro de uma busca por tratamentos mais acessíveis e eficazes para doenças neurodegenerativas. Esses males são desafio crescente na área da saúde no país. No Brasil, estudos indicam que 8,5% da população acima de 60 anos sofre de demência, sendo o Alzheimer responsável por cerca de 70% dos casos. Esse cenário gera um impacto enorme tanto para os pacientes e familiares quanto para o Sistema Único de Saúde (SUS), devido aos altos custos dos tratamentos tradicionais.
Pensando nisso, o Projeto MeMO (Melhorando a Memória por Ondas), concebido por alunas do Colégio Militar de Manaus, surge como uma alternativa promissora e inovadora ao utilizar ondas sonoras – batidas binaurais – para estimular a atividade neural e oferecer novas possibilidades terapêuticas.
Melhorando a Memória por Ondas (MeMO)
O projeto de Ada Jamile, do Colégio Militar de Manaus (CMM), e Isabela Rogério, ex-aluna do CMM e estudante de Engenharia Elétrica na Universidade do Estado do Amazonas (UEA), foi desenvolvido dentro da área de Biofísica, em 2023.
O MeMO investiga o uso das chamadas batidas binaurais, um fenômeno que ocorre quando duas frequências sonoras distintas são processadas pelo cérebro, gerando uma terceira frequência que promove a sincronização neural.
Esse efeito pode modular a atividade elétrica cerebral e influenciar processos fisiológicos, abrindo caminho para uma abordagem terapêutica não invasiva e de baixo custo.
Bioensaios e batidas binaurais
Para validar essa hipótese, os pesquisadores realizaram bioensaios expondo células H4 a uma batida binaural de 12 Hz e avaliaram a expressão de genes associados às demências, como APP, MAPT e BACE.
Os resultados foram promissores, indicando uma redução significativa na expressão desses genes após a exposição ao estímulo sonoro.
Isso sugere que a técnica pode modular processos biológicos ligados às doenças neurodegenerativas, reforçando a viabilidade de seu uso como terapia complementar.
Impacto social aliado à inteligência artificial
O impacto social desse projeto é notável. Caso futuras pesquisas confirmem a eficácia das batidas binaurais no tratamento de doenças como Alzheimer e Parkinson, essa tecnologia pode se tornar uma solução acessível para milhões de pessoas, reduzindo custos com medicamentos e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
Além disso, o projeto também abre portas para o uso da Inteligência Artificial (IA) na análise de dados, permitindo um acompanhamento mais preciso e personalizado dos efeitos do tratamento.
Colégio Militar na Universidade de São Paulo (USP)
As próximas etapas incluem novas análises com eletroencefalogramas de pacientes submetidos ao tratamento e bioensaios para verificar os efeitos das batidas binaurais no nível proteico.
Com mais estudos, a expectativa é consolidar essa abordagem como uma alternativa eficaz, segura e acessível para o combate às doenças neurodegenerativas.
Conforme noticiado no site do Exército, o trabalho científico das alunas será apresentado ao público na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE), entre os dias 24 e 28 de março, na Universidade de São Paulo (USP).
Além do MeMO, o Sistema Colégio Militar do Brasil tem, ainda, oito projetos que serão expostos na Feira.