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Brasileira na guerra contra piratas e Houthis: Capitã de Corveta faz história como primeira mulher no Estado-Maior da CTF-151

Luciana Mendes segue os passos da contra-almirante Dalva Mendes e integra coalizão global contra piratas no Golfo de Áden.

por Sérvulo Pimentel
18/03/2025
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Em um cenário dominado por tensões e ameaças marítimas internacionais, a capitão de corveta Luciana Carvalho Mendes tornou-se a primeira mulher brasileira a integrar uma coalizão global contra piratas na costa da Somália.

Sua missão? Garantir a legalidade das operações militares em uma das regiões mais perigosas do mundo, palco de ataques de piratas somalis e rebeldes Houthis a navios mercantes. “Era uma oportunidade de aplicar meus conhecimentos em um contexto internacional, num ambiente que exigia interoperabilidade e liderança”, explica Luciana, em entrevista à Agência Marinha de Notícias (AgMN).

Seguindo os passos da mãe, a contra-almirante Dalva Mendes – primeira mulher a alcançar o generalato nas Forças Armadas brasileiras – Luciana quebrou barreiras ao atuar como Consultora Jurídica na missão internacional no Golfo de Áden, assessorando o Contra-Almirante Antonio Braz de Souza na Combined Task Force 151 (CTF-151).

A Capitão de Corveta (T) Luciana Mendes seguiu os passos da mãe, a Contra-Almirante (Md) Dalva Maria Carvalho Mendes. (Imagem: Arquivo pessoal)

De mãe para filha: o pioneirismo como herança

O talento para abrir caminhos parece ser uma característica familiar. Luciana cresceu observando a dedicação da mãe, que fez parte da primeira turma do Corpo Auxiliar Feminino da Reserva da Marinha e tornou-se a primeira mulher brasileira a alcançar o posto de contra-almirante em 2012.

“O que sempre me inspirou na minha mãe foi a paixão pelo trabalho, todo seu esforço e dedicação. E esse foi o exemplo que ela nos passou dentro de casa, que certamente influenciou nas minhas escolhas profissionais”, revelou Luciana à Agência Marinha de Notícias em uma entrevista no ano passado.

Só na terceira vez 

A persistência também marca sua trajetória. Luciana tentou três vezes participar da missão internacional antes de ser selecionada em 2024. “Na primeira seleção, eu não estava preparada, nem era o momento certo para mim. Na segunda vez, participei do processo, mas não fui selecionada. E não desisti”, contou à Agência Marinha de Notícias.

Formada em Direito pela PUC-Rio, a militar ingressou na Marinha em 2011, após ficar em segundo lugar no concurso para o quadro técnico. Sua carreira deu uma guinada quando foi transferida para o Comando de Operações Navais.

Um divisor de águas na carreira

“O ComOpNav foi um verdadeiro divisor de águas, que me impulsionou a descobrir novos horizontes e me fez pensar em desafios que, definitivamente, me tiraram da zona de conforto”, afirmou Luciana.

Durante oito meses, ela trabalhou no Comando de Operações Marítimas e Proteção da Amazônia Azul, onde aprofundou seus conhecimentos em Direito Operacional, área fundamental para sua futura missão internacional.

“As diferenças são agregadoras”: como a presença de Luciana Mendes em zona de conflito representa avanço nas Forças Armadas. (Crédito: Arquivo pessoal)

Enfrentando piratas e barreiras culturais

A missão no Golfo de Áden, região historicamente afetada por ataques piratas a embarcações comerciais, trouxe desafios profissionais e culturais. Durante sua estadia no Bahrein, país de maioria muçulmana, Luciana precisou adaptar-se a códigos de vestimenta mais restritivos, especialmente durante o Ramadã.

“Especificamente aqui, quando a gente pensa em Oriente Médio, muitas vezes ainda há receio das mulheres em se voluntariarem – pela forma como poderiam ser tratadas, ou em relação a possíveis restrições culturais”, explicou.

Assessoria jurídica em zona de conflito

Como Consultora Jurídica da CTF-151, Luciana assessorava decisões que envolviam os Direitos Internacionais do Mar e Marítimo. Segundo o Correio Braziliense, sua principal função era garantir a legalidade das operações de segurança marítima.

“A pirataria é um crime de jurisdição universal, isso significa que o país que intercepta e captura os piratas pode fazer a persecução penal”, explicou Luciana. “A Somália, por exemplo, não tem um sistema de justiça estruturado, então um dos grandes desafios era encontrar países parceiros na região que pudessem fazer o julgamento dos criminosos”, relatou ao jornal.

Primeira brasileira na CTF-151, Luciana quebra barreiras e leva a experiência da missão internacional para proteger a Amazônia Azul. Recentemente, ela participou da organização de um workshop no Quênia, na África Oriental, para capacitar marinhas e guardas costeiras de países africanos
(Foto: Arquivo Pessoal)

Além da repressão: capacitação internacional

A oficial não apenas assessorou operações militares, mas também participou da organização de seminários para capacitar marinhas e guardas costeiras de países africanos. Integrou ainda um congresso promovido pela ONU no Quênia, que discutiu soluções para fortalecer o combate à pirataria na região.

“É nossa contribuição para o preparo, a parte legal de outros países que estão fortalecendo as suas marinhas e as suas guardas costeiras”, defendeu ao Correio Braziliense.

O retorno: lições para a Amazônia Azul

A experiência internacional trouxe conhecimentos valiosos para a proteção das águas territoriais brasileiras. “Trazer essa experiência para cá, para o nosso cenário, enriquece muito para a gente”, afirmou Luciana.

A missão, que ocorreu entre janeiro e julho de 2023, agregou conhecimento estratégico e jurídico que agora é aplicado na defesa da Amazônia Azul – extensa área marítima sob jurisdição brasileira que enfrenta desafios como pesca predatória, contrabando e tráfico de drogas.

Mulheres nas Forças Armadas: avanços e desafios

A trajetória de Luciana ilustra os avanços da participação feminina nas Forças Armadas brasileiras. Segundo a Agência Marinha de Notícias, a Marinha tornou-se em 2023 a primeira Força a permitir mulheres em todos os Corpos e Quadros, após o concurso para Soldado Fuzileiro Naval.

“Na Marinha, homens e mulheres têm as suas peculiaridades, mas essas diferenças são agregadoras. Para mim, as mulheres são mais observadoras, minuciosas, cautelosas – e isso é agregador”, avaliou Luciana.

Luciana com militares que fizeram parte do Estado-Maior brasileiro
(Foto: Arquivo pessoal)

Uma mensagem inspiradora

Completando 14 anos na Marinha em março de 2024, Luciana deixa um conselho para as mulheres que desejam seguir carreira militar: “Quando você sai da zona de conforto, você consegue vencer a barreira do medo de não ser capaz e alcança mais coisas. Então, desafie seus limites, acredite em seu potencial e busque aquilo que você entende como o que te move, algo que te faz querer mais.”

Para a militar, trabalhar nas Forças Armadas “é uma experiência singular, em que podemos explorar um universo de possibilidades, trabalhar com pessoas de diversas formações e culturas, e em diversas localidades, construir amizades verdadeiras, o que nos permite desafiar nossos limites, crescer substancialmente e revelar todo nosso potencial.”

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