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A mensagem é clara: Se Venezuela insistir nas ameaças sobre o território do Equador do Essequibo, vai ter que lidar não só com a Guiana, mas também com o Brasil, os Estados Unidos e aliados

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar da boa relação diplomática que tentou construir com Maduro, foi claro: “o presidente da Venezuela precisa sossegar o facho”.

por Flavia Marinho Publicado em 04/06/2025
A mensagem é clara: Se Venezuela insistir nas ameaças sobre o território do Equador do Essequibo, vai ter que lidar não só com a Guiana, mas também com o Brasil, os Estados Unidos e aliados

Uma operação conjunta com sete países foi colocada em prática na Guiana, bem ali do lado da nossa fronteira com a Venezuela. O que parecia ser só mais um exercício de emergência, na verdade, carrega um recado direto: se Nicolás Maduro insistir nas ameaças sobre o território do Equador do Essequibo, ele vai ter que lidar não só com a Guiana, mas também com o Brasil, os Estados Unidos e aliados. A tensão geopolítica está no auge e o Brasil, mesmo tentando manter o tom pacífico, já mostrou que está de olho e que não vai deixar o conflito crescer sem reagir.

O que está rolando na fronteira da Guiana com a Venezuela?

O foco da tensão é uma região chamada Essequibo, um território rico em petróleo que representa quase 70% do território da Guiana. A disputa vem desde o século XIX, mas ganhou força de novo em dezembro de 2023, quando o governo da Venezuela, comandado por Nicolás Maduro, aprovou um referendo interno que “criou” o estado da Guiana Essequiba. Na prática, foi um movimento simbólico, mas perigoso, já que Maduro chegou a ameaçar a anexação da área, movimentou tropas na fronteira e declarou que “ninguém vai impedir a unificação histórica”.

De acordo com o jornal El País, o governo da Venezuela chegou até a realizar eleições para nomear representantes políticos da região recém-criada — mesmo sem ter controle de fato sobre o território.

Exército brasileiro em ação: o que o Brasil está fazendo lá?

Logo após esses eventos, tropas do Brasil, dos Estados Unidos, Colômbia, México, Espanha, Canadá, Suriname e Barbados desembarcaram em Georgetown, capital da Guiana, para participar do exercício militar Mercodex — oficialmente voltado à resposta a desastres naturais. Mas ninguém está se enganando: o momento, o local e a escolha dos países participantes deixam claro que a iniciativa tem um caráter estratégico e político.

O Brasil enviou unidades da Marinha e da Defesa Civil, aproveitando a recente experiência com as enchentes no Rio Grande do Sul para simular ações humanitárias. Mas, ao mesmo tempo, reforçou sua presença militar numa área sensível, bem próxima à fronteira norte do país.

Segundo o G1, esse tipo de movimentação serve como uma forma de “dissuasão”, ou seja, mostrar força sem necessariamente disparar um tiro. Uma guerra entre Venezuela e Guiana seria um pesadelo para o Brasil: risco de refugiados, mísseis perdidos cruzando a fronteira e a possível chegada de forças da OTAN muito perto da Amazônia.

Um aviso do Brasil direto a Maduro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar da boa relação diplomática que tentou construir com Maduro, foi claro: “o presidente da Venezuela precisa sossegar o facho”. O governo brasileiro declarou publicamente sua preocupação com a escalada de tensão e, de forma discreta, posicionou o país como uma espécie de árbitro, mas pronto para defender a estabilidade regional.

A Guiana, por outro lado, tem laços históricos com os Estados Unidos, que rapidamente condenaram a manobra venezuelana e reafirmaram o apoio à integridade territorial guianense. Para os analistas internacionais, o recado está dado: se a Venezuela tentar alguma ação militar direta no Essequibo, terá que enfrentar uma coalizão internacional.

Infiltrados na fronteira? Relatos de ataques

Recentemente, o governo da Guiana denunciou que homens armados, sem uniforme, atacaram postos de defesa em áreas remotas da fronteira. Caracas negou envolvimento, mas o padrão lembra operações de forças especiais — usadas justamente para testar a reação do inimigo sem declarar guerra oficialmente.

Esse tipo de provocação pode servir como “teste” da capacidade defensiva da Guiana e também como manobra para desestabilizar a região, o que aumenta o risco de conflitos localizados.

Mercodex: salvando vidas ou ensaiando guerra? Apesar do nome técnico , Mecanismo de Cooperação em Desastres (Mercodex), o exercício militar tem implicações maiores. Os cenários simulados envolvem enchentes e terremotos, mas o que está em jogo é muito mais do que socorro humanitário: trata-se de mostrar mobilização rápida, força coletiva e vontade política de intervir se necessário.

A presença brasileira também gerou discussões. Parte dos especialistas acredita que o país estaria se afastando da sua posição tradicional de neutralidade. Já outros apontam que o Brasil está, na verdade, exercendo seu papel de liderança regional, protegendo os próprios interesses estratégicos e buscando garantir paz na América do Sul.

Como explicou o especialista em geopolítica internacional, Guilherme Casarões, em entrevista à BBC Brasil:

“A atuação do Brasil é equilibrada. Não se trata de apoiar a Guiana ou hostilizar a Venezuela, mas sim de garantir que o conflito não escale a ponto de comprometer a estabilidade da região.”

Por que esse pedacinho de território virou alvo?

O Essequibo é uma área com reservas gigantes de petróleo e gás, descoberta nos últimos anos. Além disso, é rica em biodiversidade e água doce — ou seja, altamente estratégica. Para a Venezuela, a posse da região resolveria uma série de problemas econômicos. Para a Guiana, perder esse território significaria um colapso em sua política energética e econômica.

Não é à toa que os olhos do mundo estão voltados para ali. A disputa ganhou até espaço em debates na ONU e na OEA, com tentativas de mediação internacional.

E agora, Brasil? O Brasil optou por se posicionar com firmeza, mas sem hostilidade. Está presente no jogo, mas não quer ser o protagonista. O objetivo é claro: impedir que um conflito armado exploda bem na nossa fronteira. Se houver guerra, os impactos diretos serão nossos.

Enquanto isso, os bastidores diplomáticos seguem a mil por hora. E o papel do Brasil pode ser crucial para evitar uma tragédia anunciada.

E você, o que acha da postura do Brasil nessa situação? Deixe seu comentário aqui embaixo e compartilhe este artigo com quem se interessa por segurança, política internacional e geopolítica. Vamos debater esse tema que afeta diretamente o futuro da América do Sul.

 

Flavia Marinho

Flavia Marinho

Flavia Marinho é Engenheira pós-graduada. Nos últimos anos, tem se dedicado a escrever artigos para sites de notícias nas áreas militar, segurança, indústria, petróleo e gás, energia, construção naval, geopolítica, empregos e cursos. Entre em contato com flaviacamil@gmail.com para sugestão de pauta ou proposta de publicidade no portal. Não enviar currículo!