O Equador, um dos países mais afetados pelo tráfico de drogas na América Latina, vive um momento crítico.
A crescente onda de violência e o avanço do crime organizado têm gerado um clamor por intervenção externa.
O presidente Daniel Noboa, em uma tentativa de controlar a crise, agora apela por uma ajuda internacional de peso: forças militares dos Estados Unidos, Brasil e Europa.
A proposta de apoio militar internacional
De acordo com o portal “UOL”, o Equador está em uma luta desesperada contra facções criminosas que dominam o território e espalham a violência.
Em busca de uma solução mais efetiva, o presidente Daniel Noboa anunciou publicamente que deseja incorporar forças especiais de países aliados, como os Estados Unidos, Brasil e diversas nações da Europa, para apoiar as ações militares e policiais no país.
A notícia foi revelada em uma entrevista à BBC, divulgada na última quarta-feira (19), e levantou uma série de questões sobre os limites dessa cooperação internacional.
Noboa não deixou claro quais países específicos seriam chamados para essa missão, mas destacou a necessidade de reforçar as operações no combate ao tráfico de drogas e à violência crescente.
O que começou como uma simples sugestão de apoio militar pode se transformar em uma mudança estrutural significativa nas políticas de segurança do país.
A crescente violência e a crise interna
O Equador se tornou um ponto estratégico para o tráfico de drogas, especialmente por sua proximidade com rotas internacionais de narcotráfico, o que tem alimentado a violência interna.
Noboa, que assumiu a presidência em novembro de 2023, se depara com uma taxa alarmante de homicídios.
De acordo com dados de 2024, o país fechou o ano com 38 homicídios a cada 100 mil habitantes, um número extremamente elevado para os padrões da América Latina.
O narcotráfico é o principal motor da violência no país, com facções criminosas disputando o controle de territórios e rotas de tráfico de drogas.
Essas facções, como Los Lobos, Los Choneros e Tiguerones, têm se fortalecido ao longo dos anos, tornando-se cada vez mais violentas e poderosas.
As gangues operam com extrema violência, frequentemente realizando ataques em áreas urbanas e rurais.
Em sua entrevista, Noboa destacou que a crise de segurança no país exige uma resposta mais robusta, e é por isso que ele busca apoio internacional para enfrentar um inimigo cada vez mais difícil de combater.
A controvérsia da aliança com Erik Prince
A proposta de Noboa vai além de um simples apoio internacional.
Ele também está contando com a ajuda de Erik Prince, o fundador da Blackwater, uma empresa privada de segurança que tem um histórico controverso, especialmente em áreas de conflito.
Prince é conhecido por sua experiência em operações militares em zonas de guerra e, segundo Noboa, ele estaria ajudando o governo equatoriano a traçar uma estratégia “não convencional” de combate à violência.
O envolvimento de Prince, um nome polêmico, gerou preocupação em vários setores da sociedade.
Blackwater, a empresa fundada por Prince, esteve envolvida em várias controvérsias durante sua atuação no Oriente Médio, especialmente por sua atuação no Iraque.
A contratação de Prince levanta questões sobre a ética e a eficácia de usar empresas privadas em conflitos internos, principalmente em um país que já enfrenta críticas por abusos de direitos humanos.
O pedido para que gangues sejam reconhecidas como terroristas
Além da ajuda militar, Noboa também fez um apelo internacional para que as gangues criminosas equatorianas sejam reconhecidas como “narcoterroristas”.
Ele solicitou ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que categorizasse facções como Los Lobos, Los Choneros e Tiguerones como grupos terroristas, assim como Trump fez com alguns cartéis de drogas do México e da América Central.
Noboa acredita que essa classificação poderia abrir portas para uma maior colaboração internacional no combate ao narcotráfico e à violência no país.
O reconhecimento dessas facções como grupos terroristas daria ao governo equatoriano maior poder de ação, permitindo o uso de forças militares estrangeiras e a imposição de sanções mais severas contra essas organizações.
O estado de emergência e a atuação das forças armadas
Para enfrentar a violência crescente, Noboa já tomou medidas drásticas.
Em 2024, ele declarou o país em “conflito armado interno”, permitindo que as forças armadas operem nas ruas, uma medida que tem sido vista como essencial para garantir a segurança da população e combater o avanço das facções criminosas.
No entanto, essa decisão não foi isenta de críticas, especialmente de organizações de direitos humanos, que acusam as forças armadas de cometer abusos, como assassinatos e desaparecimentos forçados.
Um dos episódios mais polêmicos ocorreu em dezembro de 2024, quando quatro crianças foram detidas por uma patrulha militar e, dias depois, seus corpos foram encontrados carbonizados perto de uma base da Força Aérea.
Esse caso gerou protestos tanto dentro quanto fora do país, com acusações de que as forças armadas estariam agindo de maneira desproporcional.
Apesar das críticas, Noboa defende que as forças armadas estão agindo de maneira proporcional, considerando que os grupos narcoterroristas são muito maiores em número do que os militares no país.
Segundo ele, os militares no Equador somam cerca de 35 mil homens, enquanto os grupos criminosos totalizam cerca de 40 mil, tornando a situação ainda mais complexa e desafiadora.