O Exército Brasileiro vai gastar R$ 78 mil em impulsionamento digital. O Boletim do Exército revela que a força terrestre contratou, por inexigibilidade de licitação, serviços do Google e Facebook para atrair novos recrutas e divulgar a formação militar.
Em dois processos de inexigibilidade de licitação, o Exército autorizou o desembolso de R$ 20.400 para o Google (YouTube e Google Ads) e R$ 57.600 para o Facebook (Instagram e Facebook) em uma estratégia para atrair novos recrutas em meio a uma deserção digital sem precedentes. A justificativa oficial foi: “Atrair público-alvo para recrutamento e divulgação da formação militar”.
“Deserção digital” e nova estratégia no WhatsApp
O investimento em publicidade paga nas redes sociais surge em um momento delicado para a presença online do Exército. Conforme dados da Revista Sociedade Militar, a força terrestre tem enfrentado uma “deserção digital em massa”, com uma perda média de 2.600 seguidores por dia desde novembro de 2022. A conta oficial do Exército no Instagram já perdeu cerca de 2,1 milhões de seguidores nesse período, caindo de 8,3 milhões para 6,2 milhões em pouco mais de dois anos.

Diante desse cenário de declínio no engajamento, o Exército tem buscado novas estratégias para se reconectar com a sociedade. Uma das iniciativas é o lançamento de um canal oficial no WhatsApp, programado para 24 de março de 2025. A ideia é divulgar informações institucionais diretamente ao público, “driblando o filtro da grande mídia” e protegendo a imagem da instituição.
Campanha contra golpes digitais e desconfiança no ambiente online
Paralelamente à busca por novos seguidores e à tentativa de reter o público existente, o Exército tem intensificado os alertas sobre golpes digitais que têm como alvo militares veteranos e pensionistas. A campanha “A escalada dos golpes digitais: proteja-se no mundo conectado” visa conscientizar sobre os riscos de chamadas telefônicas suspeitas, mensagens SMS e arquivos desconhecidos enviados pela internet.
Em um comunicado oficial, a força terrestre orienta: “Desconfie de chamadas telefônicas, mensagens SMS ou de outros aplicativos de mensagens instantâneas, como o WhatsApp, vindas de supostos militares ou demais servidores públicos, tratando de imposto de renda, contracheque, Fundo de Saúde”. O Exército enfatiza que “NÃO DEVE ser feito nenhum pagamento por PIX ou transferência bancária para pessoas que se apresentam como militares das Forças Armadas”.
A instituição também recomenda que militares desconfiados procurem rapidamente uma seção de veteranos e pensionistas para verificar a veracidade de informações e reforça: “Não forneça dados pessoais, como senhas, números de documentos ou informações bancárias por telefone ou mensagem”.
Repercussão e justificativas
A decisão de impulsionar conteúdo pago ocorre enquanto o Exército enfrenta um desgaste considerável em sua imagem. A instituição tem sido alvo de críticas e perdeu grande parte de sua base de seguidores após o período eleitoral de 2022, quando registrou um crescimento expressivo em meio a tensões políticas.
A autorização para os pagamentos ressalta que “a presente autorização está restrita à análise da viabilidade de pagamento antecipado, não abrangendo os atos administrativos relativos às fases interna e externa do processo licitatório”, reforçando que a execução do serviço deverá ser fiscalizada pelas instâncias competentes.